Ouvidoria da SEPPIR pede apuração e providência à Polícia Federal para caso de racismo com médicos de Cuba

SEPPIR – A Ouvidoria da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República (SEPPIR/PR) solicitou formalmente à Diretoria Geral da Polícia Federal, em Brasília, que fizesse o devido levantamento acerca dos fatos envolvendo a pessoa de Micheline Borges, identificada na rede social Facebook como sendo jornalista, natural do Rio Grande do Norte, que publicou declaração dizendo que “as médicas cubanas têm cara de empregada doméstica”.

Por ter causado constrangimento e ofendido cidadãs e cidadãos de todo o país, além de ter sido alvo de muitas críticas e de denúncias feitas à própria Ouvidoria, anexadas ao ofício, o ouvidor da SEPPIR, Carlos Alberto Junior, solicitou ainda que a PF tome as providências necessárias e que as comunique à Ouvidoria. A solicitação de apuração do fato também foi encaminhada para o Ministério Público Federal.

A agressão na rede social foi um dos diversos episódios de preconceito contra os 400 profissionais cubanos recém-chegados ao Brasil para participar do programa Mais Médicos. Na opinião do ouvidor da SEPPIR, “trata-se de caso de racismo explícito contra a população negra cubana e, neste caso específico da ‘jornalista’, contra toda a população negra brasileira”.  (mais…)

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Vigília lembra os 20 anos da Chacina de Vigário Geral

Paulo Virgilio* – Agência Brasil

Brasília – Os 20 anos da Chacina de Vigário Geral foram lembrados ontem (29) com uma vigília na própria comunidade. Na praia do Leme, zona sul do Rio, em mais uma iniciativa do movimento Rio de Paz, um “cemitério simbólico” foi montado na areia, com 21 cruzes simbolizando cada uma das vítimas da chacina, além de um caixão.

Mensagens afixadas nas cruzes mencionam a profissão de cada uma das vítimas e chamam a atenção para a continuidade da violência policial no Rio, com a frase “A cidade continua partida. Cadê o Amarildo?”. A pergunta é uma referência ao caso do ajudante de pedreiro Amarildo de Souza, desaparecido desde o dia 14 de julho, na comunidade da Rocinha, após ter sido levado por policiais à sede da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da comunidade.

A chacina foi na madrugada de 29 de agosto de 1993, quando cerca de 50 homens encapuzados, armados com metralhadoras, escopetas, pistolas e granadas invadiram a favela de Vigário Geral, na zona norte do Rio, arrombaram casas e atiraram de forma indiscriminada nos moradores. Vinte e uma pessoas foram executadas – todas com endereço fixo, profissão definida e sem antecedentes criminais. (mais…)

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Exposição mostra lacunas nas famílias vítimas da ditadura militar

ABr290813PZB_6337Marcelo Brandão* – Agência Brasil

Brasília – A exposição Ausências, aberta ontem (29), no Museu da República, em Brasília, faz um convite à reflexão sobre a repressão dos regimes ditatoriais. Criada pelo fotógrafo argentino Gustavo Germano, Ausências mostra a violência dos tempos da ditadura militar no Brasil. Fotos antigas de famílias de vítimas são remontadas trazendo-as para os dias de hoje. São as mesmas pessoas e paisagens, mostrando quanto os entes queridos fazem falta.

Germano conhece a dor de perto, o irmão desapareceu na ditadura militar argentina. Essa foi a motivação que o levou, anos depois, a fotografar os parentes dos desaparecidos. Uma amostra apenas com famílias argentinas foi o ponto de partida para retratar o drama de milhares de brasileiros. “Esta exposição tem uma gênese que atravessa toda a minha vida. Sou um instrumento para mostrar o que as famílias da América Latina querem falar, que é a presença da ausência”.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, participou do evento e criticou a falta de respostas do país sobre o passado do seu povo. “Esta exposição revela o limite que a democracia ainda tem no Brasil, o quanto temos que avançar, dar respostas diante do que a ditadura fez. Essas famílias merecem a verdade, saber o que ocorreu com as pessoas que eram jovens, idealistas e que acreditavam no Brasil”.

A exposição fica no Museu Nacional da República até o dia 30 de setembro.

*Edição: Aécio Amado

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I Encontro Brasil Indígena, em Araraquara/SP, entre 24 e 26 de setembro

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Organização do I Encontro Brasil Indígena

Estão abertas as inscrições para o I Encontro Brasil Indígena, que discutirá a temática indígena nas escolas e acontecerá em Araraquara/SP nos dias 24, 25 e 26 de setembro.

O envio de resumos de trabalho deve ser feito até 05 de setembro e a inscrição de ouvintes e nos minicursos e oficinas deve ser feita até 24 de setembro pelo e-mail encontrobrasilindigena@gmail.com com a ficha de inscrição preenchida.

Para mais informações sobre a inscrição e a programação do encontro clique aqui e acesse o blog da Fundação Araporã/Grupo de Estudos Arqueológicos.

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Médicos cubanos: avança a integração da América Latina!

colunista_beto_almeida_0A campanha conservadora contra a integração latino-americana sofrerá um revés tremendo quando o programa Mais Médicos começar a apresentar seus efeitos concretos

Beto Almeida* – Brasil de Fato

O que brilha com luz própria , ninguém pode apagar

Seu brilho pode alcançar a escuridão de outras costas

Que pagará este pesar do tempo que se perdeu….

Das vidas que nos custou e das que nos podem custar..

O pagará a unidade dos povos em questão….

E a quem negar esta razão, a história condenará…”

Canción por La Unidad Latinoamericana

Pablo Milanez

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Plano Diretor de São Paulo: adensamento para quê? para quem?

Mapas-PDE

Raquel Rolnik* – Uma das propostas mais importantes apresentadas na minuta do novo plano diretor de São Paulo – e que já provoca polêmicas – é a ideia de aumentar o potencial construtivo em torno de uma faixa de 200m ao longo dos corredores de transporte coletivo de massa, limitando ali as vagas de garagem e o tamanho máximo dos apartamentos, a fim de atrair uma população moradora mais numerosa e promovendo uma diversidade de usos dos imóveis. Essa é também uma das propostas centrais para a chamada macroárea de estruturação metropolitana, que inclui os antigos eixos ferroviários da cidade, as várzeas dos rios Tietê e Pinheiros, além do Tamanduateí, e as avenidas Cupecê e Jacu-Pêssego, que também deverão atrair moradores e gerar novos empregos. (Vejam os mapas acima). A estratégia de diminuir a necessidade de deslocamento na cidade é, a meu ver, muito acertada e positiva. Se isso der certo, irá diminuir a pressão da expansão horizontal da cidade sobre áreas frágeis, como é o caso das áreas de proteção de mananciais, ou da Serra da Cantareira, na Zona Norte, que vêm crescendo sem nenhuma qualidade e urbanidade. (mais…)

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“Quando a xenofobia veste branco”

negro cubano vaiado“Se ser ‘Ceará Moleque’ é vaiar médicos estrangeiros, afasto-me por inteiro de sua valia como modo de expressão, porque isto me cheira a fascismo

Por Rosemberg Cariry, em Outras Palavras

(Este texto é dedicado ao Dr. Luiz Teixeira Neto e
à memória do Dr. Caetano Ximenes de Aragão,
dois médicos-poetas e humanistas,
que muito me ensinaram da vida e da solidariedade).

Um choque profundo, uma sensação de mal-estar, uma vontade de vomitar… Algo me atingiu em cheio, acho que não no corpo, mas no espírito. Não posso precisar o que senti naquele momento, em que vi, pela TV, o constrangimento que alguns médicos cearenses infligiram aos aqui aportados médicos estrangeiros, em franca ação de hostilidade. Esses senhores, vestidos de branco, em nome dos seus interesses corporativos e econômicos  fizeram um espécie de “corredor polonês”, por onde os médicos estrangeiros, que vieram para trabalhar pela saúde da população, nos mais distantes e miseráveis rincões do país, foram obrigados a passar, entre vaias e xingamentos. Talvez o melhor termo para traduzir o que senti seja a palavra VERGONHA. Acreditem, fui acometido de uma profunda vergonha, ao ver um ato de tamanha hostilização e incivilidade acontecer na minha terra, sob a tutela do Sindicato dos Médicos do Ceará. Pensei comigo: chegamos ao fundo do poço! (mais…)

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“Blog da Cidadania entrevista o líder do grupo que vaiou médicos cubanos”, ex-vereador José Maria Pontes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará

pontesBlog da Cidadania – O presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará (SimeC) é o médico e ex-vereador José Maria Pontes. Ele liderou o protesto contra médicos cubanos ocorrido na terça-feira (27) em Fortaleza. Cobrado pela violência do ato, vem dizendo que “Ninguém vaiou médico cubano, mas quem estava com eles”. E que a vaia só ocorreu porque “Não dava para não misturar se estava todo mundo junto”.

O sindicalista ainda garantiu à imprensa que “A vaia, na verdade, foi para aquelas pessoas que tiveram a ideia absurda de trazer esses médicos para cá, inclusive com trabalho escravo sem nenhum compromisso a não ser com o compromisso ideológico do Partido dos Trabalhadores”.

A declaração de Pontes se deu no âmbito de críticas aos médicos, militantes políticos e sindicalistas cearenses que vaiaram os médicos cubanos, críticas que foram feitas por entidades médicas e sindicais do próprio Ceará, pela imprensa e pelas redes sociais.

Diante de fato como esse, o Blog decidiu entrevistar o presidente do SimeC. Este blogueiro encontrou Pontes em seu celular, em Brasília, preparando-se para voltar ao Ceará. Confira, abaixo, a conversa (gravada) com a pessoa que liderou a manifestação que xingou médicos cubanos negros de “escravos” e “incompetentes”. (mais…)

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“O ódio ao médico cubano é parte do ódio aos pobres”

solidariedade no nariz“Antes da era da globalização neoliberal, a consciência política dos médicos brasileiros costumava ser muito diferente do que ocorre na atualidade. As organizações de esquerda e a base das ideologias a elas associadas (a valorização do sentimento de solidariedade aos mais humildes) predominavam em quase todos os centros de formação médica do país. Hoje, lamentavelmente, parece que o único valor que se impõe com força nesse meio é o valor do dinheiro. Isto quer dizer que o trabalho ideológico junto a nossos compatriotas médicos (mas não só junto a eles) se faz então mais do que necessário, é impreterível”.

Por Jair de Souza, para Desacato.info

O ódio que vem sendo externado aos profissionais da saúde cubanos que estão chegando a nosso país não é nada mais do que outra manifestação do quase eterno ódio que certos setores sociais têm contra os mais humildes, contra os pobres.

A categoria médica brasileira está composta significativamente por elementos que se enquadram num perfil de classe média fascistoide. São, via de regra, gente que aprendeu a odiar os pobres como forma de reafirmar-se, perante si mesmos e ante o restante da sociedade, como parte das camadas “superiores”. O fato de ser de classe média não implica necessariamente uma absorção automática de sentimentos preconceituosos contra os pobres, mas é inegável que a falta de identidade própria inerente a esses grupos sociais gera um caldo de cultura mais fecundo para seu desenvolvimento. Não é, portanto, nenhuma surpresa notar que, nas manifestações mais furibundas de ódio contra os médicos cubanos, as carinhas mais destacadas sejam as de jovens arrumadinhos/as, bem vestidinhos/as, ou seja, bem tipinho classe média. (mais…)

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