Por André Borges, de Brasília, em Valor Econômico
Um dos projetos de mineração mais polêmicos do país conseguiu avançar em seu processo de licenciamento ambiental. A companhia canadense Belo Sun, que pretende extrair milhares de toneladas de ouro aos pés da barragem da hidrelétrica de Belo Monte, que está em construção no rio Xingu, obteve avaliação positiva de viabilidade ambiental do projeto. A análise técnica foi realizada pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema) do Pará. Uma minuta da licença prévia ambiental para o chamado “Projeto Volta Grande” já está pronta e uma lista de compensações que terá de ser executada para tocar o empreendimento também foi elaborada pela secretaria. A informação foi confirmada pela gerente de mineração da Sema no Pará, Mariana Queiroz. “O setor técnico concluiu que existe viabilidade ambiental do projeto, com base em algumas condicionantes”, disse ao Valor. Ela não detalhou que condicionantes são essas, nem qual o valor da compensação pelo impacto do empreendimento.
Com o aval dos analistas ambientais, o projeto aguarda avaliação jurídica. A reportagem tentou conversar com o responsável por essa área na Sema, mas não teve retorno. Uma vez aprovado no departamento jurídico, bastará apenas que o Conselho Estadual de Meio Ambiente (Coema) sacramente o licenciamento.
As intenções dos canadenses com o Xingu não são modestas. A Belo Sun, que pertence ao grupo Forbes&Manhattan, um banco de capital fechado que desenvolve projetos de mineração, quer investir US$ 1,1 bilhão na extração e beneficiamento de ouro nas margens do rio. A produção prevista, segundo o relatório de impacto ambiental da empresa, é de 4.684 quilos de ouro por ano, o que significa um faturamento anual superior a R$ 500 milhões. O maior problema é que todo esse ouro deverá ser retirado a apenas 17 km de distância na barragem de Belo Monte. (mais…)