Por Frei Gilvander Luís Moreira, para Combate Racismo Ambiental
Para tratar do tema “Seguir Jesus, desafio que exige compromisso”, nos apoiaremos na 1ª parte da Viagem Lucana: Lc 9,51-13,21, que está inserida na coluna mestra do Evangelho de Lucas: Lc 9,51–19,27, onde estão os relatos da viagem de Jesus – e do seu Movimento (discípulos e discípulas) – para Jerusalém. Ao longo de quase dez capítulos, o autor da obra lucana relata, em uma típica apresentação, o “êxodo” (= saída, subida) de Jesus como uma grande viagem da Galileia a Jerusalém. Bem mais ampliado do que nos evangelhos de Marcos e Mateus, o relato ocupa a parte central do evangelho de Lucas. O trecho de Lc 9,51–18,14 é próprio de Lucas, o restante (Lc 18,15–19,27) provém do evangelho de Marcos e é semelhante à narrativa do evangelho de Mateus.
O autor do Evangelho de Lucas interpreta a vida, ações e ensinamentos de Jesus ao longo de uma grande caminhada da Galileia até Jerusalém, ou seja, da periferia geográfica e social ao centro econômico, político, cultural e religioso da Palestina. A Palavra, em Lucas, é a palavra de um leigo, de um camponês galileu, “alguém de Nazaré”, pessoa simples, pequena, alguém que vem da grande tribulação. Não é palavra de sumo sacerdote, nem do poder.
Nessa grande viagem, subida para Jerusalém, Jesus prioriza a formação dos discípulos e discípulas. Ele percebe que não tem mais aquela adesão incondicional da primeira hora. Jesus descobriu que para consolar os aflitos era necessário também incomodar os acomodados e denunciar pessoas e estruturas injustas e corruptas. Assim, o homem de Nazaré começou a perder apoio popular. Era necessário caprichar na formação de um grupo menor que pudesse garantir os enfrentamentos que se avolumavam. Jesus sabia muito bem que em Jerusalém estava o centro dos poderes religioso, econômico, político e judiciário. Lá travaria o maior embate.
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