O grito dos povos indígenas pela terra e pela vida

Oziel Gabriel
Oziel Gabriel

“Um povo não pode cantar e dançar quando lhe estão roubando as terras, matando e obrigando milhares de nossos patrícios a trabalhar em condições de escravos”

Por Resistência do Povo Terena

Os dirigentes políticos brasileiros, no afã do ‘desenvolvimento’, promovem os interesses econômicos de grupos internacionais e de uma minoria de brasileiros a eles integrada. Só podem fazer e de fato só fazem uma política economista, sobre­pondo o produto aos produtores, a renda nacional à capacidade aquisitiva da população, o lucro ao trabalho, a afirmação da grandeza nacional à vida dos brasileiros, a pretensão à hegemonia sobre a América Latina ao crescimento harmônico do Continente.

Já está mais do que provado, e disto nossas autoridades não fazem segredo, que foi aceito o caminho do ‘capitalismo integrado e dependente’ para o nosso ‘progresso’. Mais provado ainda está que o ‘modelo brasileiro’ visa a um ‘desenvolvimento’ que é só enriquecimento econômico de uma pequena minoria. Este enriquecimento da minoria será fruto da concentração planejada da riqueza nacional que, em termos mais simples, é o roubo do resultado do trabalho e do sofrimento da quase totalidade da população que progressivamente se irá empobrecendo.

Essa opção equivocadamente desenvolvimentista tem como consequência a crescente marginalização do povo brasileiro, seja operário, suboperário, seja pequeno proprietário da cidade ou do campo, seja arrendatário, posseiro, meeiro, peão, subempregado ou desempregado. Mais grave ainda é que se aprofunda a dependência do país em relação a outros países mais fortes e ricos, impedindo uma experiência de desenvolvimento nacional, definido e assumido pelos próprios brasileiros.

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Entrevista do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após o encontro com os representantes dos Povos Indígenas

Entrevista do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, após o encontro do governo com os representantes dos Povos Indígenas, em 10 de julho. Segundo ele, a reunião foi produtiva e culminou com o estabelecimento de uma mesa de negociações para discutir os pedidos dos indígenas e aprofundar a solução das questões. O grupo iniciará os trabalhos em agosto deste ano.

Compartilhada por Ricardo Verdum.

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O Papa, o Pai-Nosso e a Fada Tupi

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Por José Ribamar Bessa Freire em Taqui Pra Ti

Na próxima semana, no Rio, o papa rezará o pai-nosso traduzido em 26 idiomas, o que confere prestígio a todos eles. Na lista não consta nenhuma das mais de 180 línguas indígenas faladas hoje no Brasil. Acontece que a Jornada Mundial da Juventude (JMJ) adotou como oficiais somente línguas indo-europeias – inglês, francês, alemão, espanhol, português, italiano e polonês, que serão usados na catequese juntamente com outros 19 idiomas “paroquiais”, entre os quais o coreano, o russo, o croata, o letão, o árabe e até o turco. Das línguas daqui nem sequer o guarani, que é falado em três municípios do Rio de Janeiro, fará parte do evento.

Se o papa não reza em guarani não é por falta de ave-maria. Basta que ele desça ao Arquivo Secreto do Vaticano – um bunker de concreto no subsolo perto da Capela Sistina com milhões de documentos em 43 quilômetros de prateleiras. Lá ele encontrará versões do pai-nosso em diversas línguas ameríndias, incluindo a Língua Geral de base tupi, que já foi a língua da catequese, além de catecismos, sermões, hinos e orações em guarani, idioma falado hoje em dez estados do Brasil, no Paraguai, na Argentina, na Bolívia e até mesmo no Uruguai, onde o Estado finge que não existe. (mais…)

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Assange: a América Latina na era das cyberguerras

Imagem: Diego Rivera, Niños Héroes
Imagem: Diego Rivera, Niños Héroes

Espionagem global é ponta de gigantesco iceberg. Controle dos fluxos de comunicação é nova arma dos Impérios. Alternativa pode estar no Sul

Por Julian Assange (Tradução: Vila Vudu), em Outras Palavras

O que começou como meio para preservar a liberdade individual pode agora ser usado por Estados menores, para frustrar as ambições dos maiores.

O cypherpunks[1] originais eram, na maioria, californianos libertaristas.[2] Eu vim de tradição diferente, onde todos nós buscávamos proteger a liberdade individual contra a tirania do Estado. Nossa arma secreta era a criptografia. Já se esqueceu o quanto isso foi subversivo. A criptografia, então, era propriedade exclusiva dos Estados, para uso em suas muitas guerras. Ao escrever nossos próprios programas e distribuí-los o mais amplamente possível, liberamos a criptografia, a democratizamos e a espalhamos pelas fronteiras da nova internet.

A reação contra, sob várias leis “de tráfico de armas”, falhou. A criptografia se difundiu nos browsers da rede e em outros programas que, hoje, as pessoas usam diariamente. Criptografia forte é ferramenta vital na luta contra a opressão pelo Estado. Essa é a mensagem do meu livro Cypherpunks. Mas o movimento para disponibilizar universalmente uma criptografia forte tem de trabalhar para obter mais do que isso. Nosso futuro não está apenas na liberdade para os indivíduos. (mais…)

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Boaventura: “Desculpe, Presidente Evo” [Contundente e, para nós, catártico. Viva Boaventura!]

Para a Europa, um Presidente índio é sempre mais índio do que Presidente e, por isso, irremediavelmente suspeito

O presidente da Bolívia, Evo Morales, acena nesta quarta-feira (3) pouco antes de deixar Viena no avião presidencial. Foto: AFP
O presidente da Bolívia, Evo Morales, acena na quarta-feira (3 de julho) pouco antes de deixar Viena no avião presidencial. Foto: AFP

Por Boaventura de Sousa Santos, em Outras Palavras

Esperei uma semana que o Governo do meu país lhe pedisse formalmente desculpas pelo ato de pirataria aérea e de terrorismo de Estado que cometeu, juntamente com a Espanha, a França e a Itália, ao não autorizar a escala técnica do seu avião no regresso à Bolí­via depois de uma reunião em Moscou, ofendendo a dignidade e a soberania do seu país e pondo em risco a sua própria vida. Não esperava que o fizesse, pois conheço e sofro o colapso diário da legalidade nacional e internacional em curso no meu país e nos pa­íses vizinhos, a mediocridade moral e política das elites que nos governam, e o refúgio precário da dignidade e da esperança nas consciências, nas ruas e nas praças, depois de há muito terem sido expulsas das instituições. Não pediu desculpa. Peço eu, cidadão comum, envergonhado por pertencer a um país e a um continente que são capazes de cometer esta afronta e de o fazer de modo impune, já que nenhuma instância internacional se atreve a enfrentar os autores e os mandantes deste crime internacional.

O meu pedido de desculpas não tem qualquer valor diplomático mas tem um valor talvez ainda superior, na medida em que, longe de ser um ato individual, é a expressão de um sentimento coletivo, muito mais vasto do que pode imaginar, por parte de cidadãos indignados que todos os dias juntam mais razões para não se sentirem representados pelos seus representantes. O crime cometido contra si foi mais uma dessas razões. Alegramo-nos com seu regresso em segurança a casa e vibramos com a calorosa acolhida que lhe deu o seu povo ao aterrar em El Alto. Creia, senhor Presidente, que, a muitos quilômetros de distância, muitos de nós estávamos lá, embebidos no ar mágico dos Andes. (mais…)

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Semana dos Povos Indígenas será realizada no Maranhão [com patrocínio da Vale]

CARTAZ SEMANA PRONTINHO - 45x65 VETOR 222222OK OK OKEste ano, a homenageada será a liderança indígena Sônia Guajajara

A Semana dos Povos Indígenas no Maranhão acontecerá no período de 17 a 19 de julho de 2013, no Centro de Criatividade Odylo Costa, filho, bairro Praia Grande, Centro Histórico de São Luís. Este ano a homenageada será a liderança indígena Sônia Guajajara.

O Maranhão apresenta-se com uma rica diversidade étnico-cultural confirmada pela presença, além de outras populações tradicionais, dos povos indígenas como: Guajajara-Tenetehara; Urubu – Ka’apor; Awá – Guajá; Krikati; Gavião; Canela; Timbira e Kreniê. Nesse sentido, a Semana dos Povos Indígenas, tornou-se um dos eventos que evidenciam essa característica multicultural do nosso Estado.

A realização deste evento, nos últimos anos criou uma expectativa bastante positiva tanto na sociedade em geral como para os diversos povos indígenas no Maranhão, contribuindo para proporcionar uma visão positiva da sociedade maranhense em relação a estes povos. Esta quinta edição da Semana objetiva ser um evento cultural, no qual os indígenas serão os principais protagonistas. Estes irão expor sobre suas práticas sócio-culturais, demonstrando sua cosmovisão; mitologias; rituais; cerimônias e suas formas de conviver com o mundo natural e espiritual. (mais…)

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Vitória! Justiça Federal determina conclusão de demarcação da terra indígena Ponciano, em Autazes

Decisão liminar atende a pedido feito em ação civil pública movida pelo MPF/AM em abril deste ano; processo de demarcação já dura mais de cinco anos

MPF/AM – A Justiça Federal atendeu ao pedido do Ministério Público Federal no Amazonas (MPF/AM) em ação civil pública e determinou, em decisão liminar, que a União e a Fundação Nacional do Índio (Funai) concluam o processo de demarcação da Terra Indígena Ponciano, localizada no município de Autazes (a 108 quilômetros de Manaus) e habitada tradicionalmente pelo povo indígena Mura.

De acordo com a decisão, a Funai deve analisar possíveis contestações ao relatório de identificação das terras no prazo máximo de 45 dias e encaminhar, se não houver ressalvas, o procedimento ao Ministério da Justiça para homologação. A liminar também obriga a União a observar os prazos estabelecidos para a etapa seguinte do processo de demarcação.

“Há que se ressaltar que a morosidade na adoção de providências necessárias à demarcação implica em enorme prejuízo para a comunidade do local, porque o passar do tempo, aliado à omissão do poder público, permite o ingresso de mais ocupantes, culminando com a descaracterização do local e a iminência de sérios conflitos envolvendo a área”, afirma um trecho da decisão, assinada pelo juiz federal Ricardo Augusto de Sales. (mais…)

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Às vésperas de encontro, Foro de SP é alvo de ameaças de grupos direitistas

Página inicial da página contra o Foro São Paulo
Página inicial da página contra o Foro São Paulo

Páginas e eventos na web foram criados contra evento, que reúne partidos e movimentos da esquerda latino-americana

Por  Dodô Calixto, em Opera Mundi

página “manifestação contra o Foro São Paulo” foi criada no Facebook em junho de 2013, na esteira dos protestos pela redução das tarifas de ônibus no Brasil. O objetivo, segundo a descrição oficial, é “organizar ações contra o Foro de São Paulo, visando investigar e divulgar as intenções dessa cúpula socialista latina. AUDITORIA JÁ no Foro SP!”

Assim como esta, diversas outras páginas e eventos foram criados nas últimas semanas na rede social contra o grupo, que reúne partidos políticos e organizações da esquerda latino-americana. Criado em 1990, os encontros anuais servem para discutir e promover a integração econômica, política e cultural da região. Nesse ano, o Foro acontece em São Paulo, de 31 de julho a 4 de agosto.

Detalhe curioso é que a foto de exibição da comunidade é do ex-presidente Lula, trajado nas roupas e com o aspecto sombrio de Don Vito Corleone, “o poderoso chefão”, clássico personagem fictício do romance de Mario Puzzo – adaptado ao cinema por Ford Coppola. São mais de dois mil “curtir” à página. (mais…)

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A violência contra os indígenas no Brasil

relatorio2012Por Elaine Tavares, em Palavras Insurgentes

Quem passa pelas ruas do centro de Florianópolis já naturalizou a cena de famílias indígenas sentadas nas esquinas principais, com seus cestos, bichinhos de madeira e crianças. Poucos são os que percebem a presença humana. Alguns, ao notar, fazem aquela cara típica de quem está incomodado. Aquelas caras morenas, aqueles pés descalços e aquelas crianças ranhentas significam exatamente isso: um incômodo. No máximo, conseguem alguma comiseração. Nada mais que isso.

Os índios Guarani, que vivem nas proximidades de Florianópolis, seja em Biguaçu ou no Morro dos Cavalos, vivem a mesma triste realidade dos irmãos de outras etnias no Brasil. Sem terras boas, perdidos de sua cultura num mundo que nem os integra nem os aceita, precisam sair das aldeias para trocar as belezas que fabricam por dinheiro. Muita vezes, são esses minguados trocados garantidos pelas mulheres que permitem a sobrevivência. Tutelados pelo estado, mas sem uma assistência digna, as mais de 240 etnias brasileiras vivem em constante combate com o poder público bem como com o agronegócio, disposto a roubar tudo o que resta de terra indígena para o monopólio da soja, da cana ou do gado. E, nessa batalha, o índio acaba sendo sempre a parte mais fraca. Roubado, assassinado, destruído, apagado da história.

O relatório da violência contra os povos indígenas no Brasil produzido pelo Conselho Indigenista Missionário (CIMI) é a prova mais concreta dessa realidade. O trabalho levanta todos os enfrentamentos e retrocessos vividos pelos indígenas no ano de 2012, espaço de tempo em que se percebe uma brutal intensificação da violência, seja ela física ou institucional. (mais…)

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