Quando se premia aos que geram fome

20130705_agrofotoEsther Vivas* – Adital

Vivemos em um mundo ao contrário, no qual se premia as multinacionais da agricultura transgênica enquanto acabam com a agricultura e a agrodiversidade. O Prêmio Mundial da Alimentação 2013, o que alguns chamam de Nobel da Agricultura, foi concedido este ano para os representantes da indústria transgênica: Robert Fraley, da Monsanto e Mary-Dell Chilton, da Syngenta. O terceiro premiado foi Marc Van Montagu, da Universidade de Gante (Bélgica). Todos eles distinguidos por suas investigações a favor de uma agricultura biotecnológica.

E me pergunto: Como pode ser que se conceda um prêmio que, teoricamente, reconhece “as pessoas que têm feito avançar (…) a qualidade, a quantidade e o acesso aos alimentos” aos que promovem um modelo agrícola que gera fome, pobreza e desigualdade. Os mesmos argumentos, imagino, que levam a conceder o Prêmio Nobel da Paz aos que fomentam a guerra. Como diz o escrito Eduardo Galeano, em seu livro “Patas arriba” (1998), “se premia ao contrário: se despreza a honestidade, se castiga o trabalho, se recompensa a falta de escrúpulos e se alimenta o canibalismo”. (mais…)

Ler Mais

MA – O eclipse indígena

Povos indígenas ameaçados no Maranhão
Povos indígenas ameaçados no Maranhão

Maranhão da Gente – Cerca de 200 indígenas das etnias Guajajaras, Kre-Yê e Canelas e Guajajaras ocuparam a sede maranhense da  sede da Fundação Nacional de Saúde, em São Luís, no último dia 24 de junho.

Na pauta de reivindicações que gerou a ocupação, os indígenas denunciaram as péssimas condições  do Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI). Segundo representantes da etnia Guajajara, cerca de 60 índios morreram nos últimos meses por absoluta falta de atendimento médico. (mais…)

Ler Mais

Poluição causa doenças em Barcarena no Pará

Foto: Antônio Cícero
Foto: Antônio Cícero

Diário do Pará – 1620 famílias que convivem com os impactos ambientais provocados pelo polo industrial que se instalou na cidade nas últimas três décadas

Desde a entrada em Barcarena, nordeste do Pará, a mudança no clima deixa o nariz e a garganta irritados instantaneamente e indicam que há algo muito errado com o ar da cidade. Na última quarta-feira, 3, a equipe de reportagem do DIÁRIO passou lá uma tarde reunida com o Grupo de Trabalho formado há três anos que tenta, junto ao Governo do Estado, Ministério Público e outras frentes, indenizar e remanejar cerca de 1620 famílias que convivem, bem de perto, com os impactos ambientais provocados pelo polo industrial que se instalou na cidade nas últimas três décadas. E amanhã deve ser o dia D para essa negociação: pela manhã acontece a última audiência pública para tratar do assunto, quando o GT deverá informar ao Estado um prazo para atender as reivindicações, sob a promessa de reagir de forma rígida caso não seja atendido.

A situação de quem vive na comunidade Dom Manoel, uma das 12 existentes em Barcarena que estão num raio de três quilômetros de influência da fumaça gerada por mineradoras como Albras, Alunorte e Alubar, por exemplo, tem suas especificidades, mas não difere muito da de quem vive em qualquer uma das outras onze. Segundo o principal representante do GT, Petronilo Alves, entre 40 e 50 famílias construíram suas casas ali, mas a maioria foi forçada a abandoná-las por conta de uma queda abrupta de qualidade de vida que se transformou em risco de morte com o passar dos anos. A escassez das frutas e a queda da qualidade no solo para o plantio antecederam a chegada dos muitos problemas de saúde que até hoje amedrontam os moradores. (mais…)

Ler Mais

A classe médica brasileira tem medo de quê?

médicos em BSBEm artigo, médico colombiano escreve sobre as dificuldades para atuar no Brasil e critica a postura reativa da categoria à vinda de profissionais cubanos

por Ricardo Palacios, em Carta Capital

A exploração por parte do capital é uma novidade para o grêmio médico no Brasil. Recentemente um dos setores mais conservadores da sociedade viu sua condição de profissão liberal ser extinta pelos operadores dos planos de saúde que exploram a mais-valia obtida através da prestação dos serviços. Assim, aqueles que foram selecionados através de provas excludentes nas escolas de medicina e que sonham algum dia virar burgueses estão hoje na rua para lutar por reivindicações trabalhistas. Sim, os médicos agora fazem parte da classe trabalhadora, mesmo que não tenham consciência dessa nova relação com os meios sociais da produção.

No site dos Conselhos Regionais e do Conselho Federal de Medicina aparecem destacados apelos mais apropriados para sindicatos que para órgãos fiscalizadores de uma profissão, hipertrofiando sua função secundária de zelar “pela valorização do profissional médico”.

Mobilizações para exigir aumento dos honorários pagos pelos planos de saúde e campanhas para promover carreira de Estado são pautas frequentes nesses órgãos durante os últimos meses. Isso demonstra que os temas trabalhistas ganharam uma notoriedade insuspeita dentre os médicos. (mais…)

Ler Mais