Professor Paulo Kageyama afirma que há um domínio das empresas para a aprovação dos transgênicos, sendo que os processos não respeitam o mínimo do critério de rigor científico, estatísticas, das coisas formais de pesquisa.
Por Articulação Nacional de Agroecologia, em EcoAgência
Após trabalhar quatro anos na Comissão Técnica Nacional de Biotessegurança (CTNBio), o professor Paulo Kageyama, ex-diretor de biodiversidade do Ministério do Meio Ambiente, afirma que a aprovação dos transgênicos no órgão é totalmente viciada em benefício das grandes empresas. Segundo ele, que é engenheiro agrônomo, doutor em agronomia (genética e melhoramento de plantas) pela USP, o sistema de maioria simples para votação dos projetos faz a biotecnologia prevalecer quase automaticamente nas avaliações.
Como é o procedimento interno da CTNBio em relação às aprovações dos transgênicos?
O grande problema é que há um domínio na CTNBio pelas empresas. A maioria das pessoas lá é sabidamente pró biotecnologia, os transgênicos. Eles acham que o que é feito pela biotecnologia é uma tecnologia boa, então esse é o princípio. Não se preocupam muito com o conteúdo, então os processos não respeitam o mínimo do critério de rigor científico, estatísticas, das coisas formais de pesquisa. Quem vê os processos não acredita que seja para aprovar uma coisa tão importante como um transgênico. A gente via todos os erros estatísticos, processos, tudo sem nenhum rigor. Fazíamos todo um trabalho, gastava um tempo enorme, e como éramos minoria eles esperavam a gente ler o parecer e ao término já queriam votar porque sabem que têm maioria no voto. (mais…)