Manifesto em solidariedade aos parentes Terena

Oziel Gabriel
Oziel Gabriel

Nós, acadêmicos do curso Licenciatura Intercultural Indígena do Sul da Mata Atlântica, integrantes dos povos Guarani, Kaingang e Xokleng, manifestamos nosso profundo pesar à família de nosso parente Oziel Gabriel, morto em confronto com as polícias militar e federal no dia de ontem, 30 de maio de 2013, em Mato Grosso do Sul, por lutar e defender o direito à terra.

Ao povo Terena, nossa solidariedade e apoio à luta que também é nossa. Nossas comunidades igualmente enfrentam graves situações de violação de direitos e de violência, geradas pelo próprio governo brasileiro que apoia grandes fazendeiros e outros interesses, entravando a Constituição Federal de 1988 quanto ao Capítulo VIII – Dos Índios.

Ao governo brasileiro, em especial à Casa Civil e ao Ministério da Justiça, nosso repúdio e indignação com a forma violenta, intransigente e repressora com que vem tratando os povos indígenas em todo o Brasil. Num estado democrático de direito, opostamente à ditadura militar, são inaceitáveis decisões unilaterais para suspensão de procedimentos demarcatórios em atendimento aos setores da sociedade que historicamente violentam os povos indígenas em detrimento da Constituição Federal.

Entendemos ser urgente uma mudança de postura do governo brasileiro quanto ao processo demarcatório das terras indígenas. É essencial e inadiável colocar a Constituição Federal acima dos interesses eleitorais e de poder.

Que jamais se repitam as violências vivenciadas e testemunhadas há séculos, décadas e atualmente por nossos ancestrais, por nossos mais velhos, por nós mesmos, por nossas crianças. Sentimos imenso orgulho de integrar os originários povos do BRASIL e requeremos que o governo brasileiro efetive os direitos territoriais constitucionais.

Somos, portanto, pela garantia dos direitos constitucionais, pela demarcação de nossas terras e pelo direito de sermos ouvidos.

Florianópolis/SC, 31 de maio de 2013.

Compartilhada por Kriri Sobrinho.

Comments (1)

  1. No Brasil ainda para se ter a terra para morar é preciso morrer para não ver o latifúndio comer o resto do Brasil.

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