Pela Moradia
As obras na zona portuária do Rio de Janeiro têm avançado com velocidade, envolvendo cada vez mais a Ocupação Quilombo das Guerreiras em um campo de obras perigoso e opressor.
Nas últimas semanas uma das novidades foi o corte de 16 grandes árvores, arrancadas da Avenida Francisco Bicalho para dar passagem às obras e serem substituídas por palmeiras futuramente. Eram elas que forneciam conforto ambiental para todas as milhares de pessoas que passam todos os dias pela via em direção às suas casas e seus trabalhos. A maioria dessas plantas estavam exatamente em frente à Ocupação Quilombo das Guerreiras. Em seu lugar, segundo os responsáveis pela obra na rua, serão plantadas palmeiras como parte do projeto paisagístico do chamado “Porto Maravilha”.
Essas palmeiras serão um colírio para os olhos de quem passar pela avenida em seus carros particulares climatizados em direção às futuras “Trump Towers Rio de Janeiro”, ou mesmo para aquelas pessoas que sobrevoarem a via com seus helicópteros buscando os prédios mais luxuosos que vêm sendo erguidos. Mas para todas as outras pessoas, trabalhadores e trabalhadoras que passam a pé pela região, a sombra das grandes árvores arrancadas não vai ser substituída pelas altas palmeiras.
Curioso lembrar que a comoção pela derrubada de árvores é, mais uma vez, bem seletiva. No início do ano houve uma grande comoção pela derrubada de algumas árvores na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema. Na época, notícias como essa circularam e cobraram explicações dos órgãos estatais e privados responsáveis. Longe da orla badalada, porém ao lado de famílias de trabalhadores/as sem-teto, essa preocupação não parece importante. O que dizer da preocupação com sua situação de moradia.
A derrubada das árvores, o avanço das obras, o impedimento do acesso a direitos básicos. O dia a dia das famílias tem sido completamente transtornado pela situação. Mesmo o acesso à ocupação tem se tornado precário, dificultando a saída dos carrinhos que parte das famílias usa em seus trabalhos de camelôs. Tudo isso vem aumentando a pressão sobre as famílias da Ocupação Quilombo das Guerreiras sem que, por outro lado, seja negociada qualquer outra opção de moradia para elas. É preciso que fiquemos atentos/as a cada passo, pois as ameaças já estão no quintal.