“Descaso com a educação indígena e a greve de um homem só”, por Tiago Miotto

Natanael Claudino, o professor em greve. Foto: Tiago Miotto

Por  Tiago Miotto, em O Viés

Descaso com a educação indígena: greve de um, luta de todos

É difícil conceber que uma greve, instrumento histórico de luta, defesa e reivindicação de maiorias trabalhadoras contra os abusos de uma minoria patronal – e, portanto, um recurso essencialmente coletivo – possa ser realizada por uma só pessoa. Desde o dia 27 de fevereiro, entretanto, é esta a realidade de Natanael Claudino, cacique da comunidade kaingang Kentyjug Tegtu (Três Soitas), de Santa Maria, e professor contratado pelo estado para dar aulas na escola da comunidade.

Em função da falta de estrutura adequada para a realização das aulas, resultante do descaso de diferentes esferas do poder público, Natanael anunciou a greve no último dia do mês de fevereiro, pouco antes do prazo marcado para o início do período letivo. (mais…)

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Idade das Trevas: Madalena deve ser apedrejada? Homossexualidade é doença? MF se vinga redistribuindo projetos na CDHM: contra Lei Gabriela Leite e a favor da “cura dos homossexuais”

Tania Pacheco – Combate ao Racismo Ambiental

Segundo informações repassadas por amigos de Brasília, além da demissão de todos os funcionários da Comissão de Direitos Humanos e Minorias, MF promete outra “estratégia de revide”, essa dirigida contra os deputados que continuam lutando contra sua indicação.

A primeira já aconteceu, tendo como alvo Jean Wyllys (PSOL-RJ): seu projeto que regulamenta a prostituição como profissão, conhecido como Lei Gabriela Leite, já foi entregue ao “Pastor Eurico”, do PSB, que vem se mostrando o maior aliado de MF na CDHM. É claro que, se o alvo é Wyllys, as pessoas atingidas seriam muito mais numerosas.

Mas vingança e fundamentalismo pelo visto andam juntos: por outro lado, o projeto da bancada evangélica que pretende restabelecer o tratamento psicológico e a “cura para homossexuais”, contra a resolução do Conselho Federal de Psicologia, foi por ele entregue ao também evangélico Anderson Ferreira, do PR, outro defensor do combate à “doença”.

Curiosamente, os dois “aliados” escolhidos até o momento para a “campanha de retaliação” são de Pernambuco. Mas isso não é motivo para preocupação: há outros projetos na CDHM igualmente “diabólicos”, para MF distribuir para seus asseclas de outros estados.

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A República e as transnacionais, por Mauro Santayana

Cortesias a banqueiro espanhol de reputação duvidosa precisam suscitar debate essencial: como encerrar submissão do Estado brasileiro às corporações globais?

Por Mauro Santayana*, em seu blog/ Outras Palavras

O governo brasileiro tem tratado com deferência o Sr. Emilio Botin, dono do Grupo Santander, já investigado pela justiça espanhola, entre outras coisas, por remessas ilegais de dinheiro para o exterior e duvidosas contas na Suiça, pertencentes à sua família desde os tempos do franquismo. Ele comanda um grupo que teve que pegar, direta e indiretamente, no ano passado – em dinheiro e títulos colocados no mercado – mais de 50 bilhões de euros emprestados; demitiu dois mil empregados no Brasil no mesmo período, e teve uma queda de 49% em seu lucro global nos últimos 12 meses, devido, entre outras razões, a provisões para atender a ativos imobiliários “podres” no mercado espanhol.

A mera leitura dos comentários dos internautas espanhóis sobre o Sr. Botin daria, a quem estivesse interessado, idéia aproximada de como ele é visto em seu próprio país, e de como há quem preveja, com base em argumentos financeiros, que a bicicleta do Santander pode parar de rodar nos próximos meses, com a quebra do grupo ou, pelo menos, de seu braço controlador, ainda em 2013. (mais…)

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Militares da reserva chamam Comissão da Verdade de ‘totalitária’

Folha/Uol

Grupos que representam militares da reserva criticaram em nota os membros da Comissão da Verdade. Criada pelo governo, a comissão, formada por sete integrantes, apura violações de direitos humanos ocorridas entre 1946 e 1988, em especial na ditadura militar (1964-1985).

A nota é assinada pelo presidente do Clube Militar, general de exército Renato Cesar Tibau da Costa; pelo presidente do Clube Naval, vice-almirante Ricardo Antonio da Veiga Cabral; e pelo tenente-brigadeiro-do-ar Ivan Moacyr da Frota.

O texto foi divulgado por causa do aniversário de 49 anos do golpe que instaurou a ditadura no dia 31 de março de 1964.

“Que não venham, agora, os democratas arrivistas, arautos da mentira, pretender dar lições de democracia. Disfarçados de democratas, continuam a ser os totalitários de sempre”, afirmam os militares. (mais…)

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Até onde…? MF manda afastar todos os 17 servidores da Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados

Por Ricardo Noblat

Presente de Páscoa reservado pelo deputado e pastor Marco Feliciano (PSC) para os 17 funcionários da Comissão de Direitos Humanos da Câmara presidida por ele: a demissão de todos.

São 17 funcionários, 12 deles concursados e cinco que ocupam cargos de confiança. O pastor desconfia que está sendo sabotado por eles. Não tem provas disso.

Os funcionários cuidam do apoio administrativo ao funcionamento da comissão. Seus substitutos passarão pelo crivo do pastor.

Haverá lugar para gays e negros? A conferir mais tarde.

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PA – Agricultor é morto no assentamento onde Dorothy foi assassinada

Aguirre Talento – Folha/Uol

Um agricultor foi morto na quarta-feira (27) em Anapu (772 km de Belém), no mesmo assentamento onde em 2005 foi assassinada a missionária norte-americana Dorothy Stang, o PDS (Projeto de Desenvolvimento Sustentável) Esperança.

A Polícia Civil investiga se o crime foi motivado por questões agrárias. Há também outras hipóteses, como a de vingança de desafetos.

Enival Soares, 41, costumava fazer denúncias ao Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) sobre desmatamento ilegal e outros problemas nos lotes do PDS Esperança, segundo investigação da polícia.

O agricultor estava em uma moto em uma estrada vicinal do assentamento quando dois homens em outra moto o abordaram e efetuaram tiros, que atingiram a cabeça da vítima.

Soares levava na moto uma criança de 12 anos, que deverá ser ouvida pela polícia como a principal testemunha do caso. (mais…)

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Nicolás Maduro, o condutor

Nicolás Maduro, com Hugo-Chávez ao fundo

Quem é este homem robusto de 1,90m, com um bigode negro e espesso, que conduziu em Caracas um ônibus durante mais de sete anos, foi chanceler outros seis anos e agora é candidato à presidência e presidente em exercício da Venezuela?

Luis Hernández Navarro* – La Jornada/Revista Fórum

Nicolás Maduro é um homem robusto de 1,90m, com um bigode negro e espesso, que conduziu em Caracas um ônibus durante mais de sete anos, foi chanceler outros seis anos e agora é candidato à presidência e presidente em exercício da Venezuela. Faz parte da nova geração de lideres latino-americanos que, como o metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva ou como o sindicalista cocaleiro Evo Morales, entrou para a política a partir das trincheiras das lutas sociais de oposição.

Maduro é um revolucionário socialista que modificou sua formação ortodoxa original para se unir ao heterodoxo furacão da revolução bolivariana. É um homem de esquerda que chegou ao poder sem abandonar seus princípios. Um colaborador fiel de Hugo Chávez, e que hoje está liderando um dos processos de transformação mais profundos da América Latina.

A política vem no sangue, e ele a respirou desde os seus primeiros dias. Nasceu em 1962, em Caracas, no seio de uma família muito comprometida com a ação pública coletiva. Seu pai foi fundador do partido socialdemocrata “Acción Democrática” (AD) e organizador de uma fracassada greve petroleira contra a ditadura em 1952, que o obrigou a fugir e se esconder. (mais…)

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O holocausto negro no Congo, por Israel Junior Silva

COLONIALISMO EUROPEU – OS MONSTROS DA HISTÓRIA

Por Israel Junior Silva, em Rede Democrática

Quando se fala em atrocidade, um nome, inevitavelmente, vem à cabeça: Hitler! Mas agora, outro nome se juntará à galeria dos monstros da história da humanidade: o do rei Leopoldo II, da Bélgica. E isso graças ao escritor polonês, naturalizado britânico, Adam Hochschild, que no livro “O Fantasma do Rei Leopoldo”, relata uma das maiores chacinas já cometidas em nome do poder, a mando do rei belga, quando colonizou o Congo (atual Zaire), no continente africano. As piores atrocidades aconteceram entre 1890 e 1910, tudo isso sem que o rei colocasse os pés na África e com o aval dos líderes mundiais, que fizeram “vista grossa”, enquanto milhares de congoleses sucumbiam ante a tirania do “filantrópico e humanitário” rei, que aos olhos do mundo “apenas libertava aquele povo medieval de uma ignorância crônica, levando até eles as benesses da civilização”.

Congo Belga, como ficou conhecido na época, foi uma das grandes fontes de riqueza para a minúscula Bélgica, que se enriqueceu com a venda de marfins, que eram extraídos em detrimento da morte de centenas de milhares de elefantes africanos, hoje ameaçados de extinção. Outra fonte de riqueza foi a extração da borracha, responsável pelo desaparecimento de muitas espécies de árvores nativas daquela região.

Mas foi em outro aspecto que a tirania do rei Leopoldo mais se acentuou: na instituição do trabalho escravo. A ordem era lucrar muito com pouco investimento, e isso, logicamente, significava não se preocupar com a folha de pagamento. Muitos oficiais belgas foram enviados ao Congo, após previamente estudarem um “Manual”, onde se ensinavam as “técnicas” de como subjugar o povo. No dizer do próprio autor, “poucas vezes a história nos oferece uma chance como essa de ver instruções detalhadas de como executar um regime de terror”. (mais…)

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Longo martírio vivido pelos Guarani-Kaiowá: e a Páscoa, quando virá?

O pequeno Gabriel

Roberto Antonio Liebgott e Iara Tatiana Bonin, no CIMI

Na tarde de sexta-feira, dia 22 de março, uma criança de quatro anos passeava de mãos dadas com a avó, como fazem as crianças amparadas e protegidas por firmes laços familiares, no acostamento da BR-463, Km 06, em Dourados-MS, a cerca de 500 metros de sua casa. Tudo estava calmo, o dia transcorria rotineiro quando, de repente, a vida daquela pequena criança foi brutalmente interrompida. Um motorista, transitando em alta velocidade, atropelou e arremessou o corpo de Gabriel Cário de Souza a uma distância de 39 metros, fugindo em seguida sem prestar socorro à vítima.

Este foi o sexto assassinato praticado – de forma deliberada ou não – contra os membros da comunidade Apika’y. Cerca de um mês antes, outro indígena foi atropelado por um motociclista enquanto transitava de bicicleta no acostamento da rodovia e, felizmente, neste caso a vítima sobreviveu.

A rotina de atropelamentos começou para esta comunidade em 2009, quando as famílias Guarani-Kaiowá foram expulsas da área de uma fazenda que haviam reocupado e que, tendo julgado a ação de reintegração de posse, a Justiça decidiu em favor do fazendeiro. De lá para cá, seis pessoas foram barbaramente assassinadas. Além do pequeno Gabriel Cário de Souza, de apenas quatro anos, foram atropelados e mortos Aguinaldo Cario de Souza, de 17 anos; Vagner Freitas dos Santos, de 37 anos; Sidnei Cario de Souza, de 28 anos e Elario Cario de Souza, de 50 anos. (mais…)

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Mulheres, jovens e Primavera Árabe marcam discussões do Fórum Social Mundial na Tunísia

Diversidade dos assuntos debatidos no evento passa pelos direitos das mulheres, causas ambientais, anti-capitalistas, sindicais, Palestina e dignidade humana

Por Opera Mundi

A largada do Fórum Social Mundial 2013 já foi dada, com a presença de milhares de organizações, movimentos sociais,e sindicatos de diferentes partes do globo. A diversidade dos assuntos que serão debatidos até o próximo sábado (30/03) passa por direitos das mulheres, causas ambientais, anti-capitalistas, sindicais, pró-Palestina e de dignidade humana.

A variedade dos presentes marcou a marcha de abertura do evento no centro de Túnis, capital da Tunísia, na terça-feira (26/03), quando milhares de pessoas, em sua maioria jovens, entoaram reivindicações como “solidariedade com as mulheres do mundo”, “abaixo a ditadura, abaixo o capital”, “liberdade para a Palestina”.

As discussões foram inauguradas com a Assembleia de Mulheres, que contou com a participação de representantes de lutas contra o sexismo e a opressão às mulheres. Após os discursos de abertura, o músico e ex-ministro de Cultura Gilberto Gil subiu ao palco. Cerca de 1500 atividades são esperadas para os próximos dias, das quais participarão mais de quatro mil organizações de 125 países dos cinco continentes. (mais…)

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