Atividade da empresa Georadar, a serviço da Agência Nacional de Petróleo (ANP), foi suspensa após protesto de indígenas
Por Elaíze Farias – Vale do Javari, Atalaia do Norte
No final do ano passado, um protesto do povo marubo e de organizações aliadas levou a Funai a pedir a suspensão do licenciamento da empresa Georadar para realizar pesquisas sísmicas em uma área do sul do Vale do Javari. O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) havia concedido a licença e a empresa, segundo a Funai, iniciou os trabalhos sem aguardar a manifestação do órgão. (mais…)
Lideranças indígenas afirmam que não querem evangelização em suas aldeias
Por Elaíze Farias – Vale do Javari, Atalaia do Norte
Junto com o precário serviço de saúde, atividade escolar quase inexistente, o desmatamento para criação de boi e a extração de madeira (embora em menor escala) são algumas das principais ameaças contra a sobrevivência dos povos indígenas do Vale do Javari.
Uma pressão razoavelmente recente, contudo, vem preocupando os indigenistas e os próprios indígenas: o avanço da entrada de missionários evangélicos nas aldeias.
Segundo o coordenador regional da Fundação Nacional do Índio em Atalaia do Norte, Bruno Pereira, nos últimos anos o Vale do Javari tem sido o novo alvo de misssionários, mas a maioria das lideranças se recusa a aceitá-los. Ele próprio diz ser procurado pelos missionários, que oferecem ajuda aos indígenas. (mais…)
Indígenas da etnia mayoruna, que vivem na TI Vale do Javari, denunciam impactos que atividade de empresa canadense pode causar em suas terras
Por Elaíze Farias – Vale do Javari, Atalaia do Norte
A atividade petrolífera iniciada há seis anos na fronteira do Peru com o Brasil pode impactar comunidades de índios mayoruna na Terra Indígena Vale do Javari, no Amazonas, comprometer recursos naturais, contaminar nascentes de rios, provocar morte de peixes e fuga da fauna e ameaçar a sobrevivência de povos isolados. O Vale do Javari fica no Município de Atalaia do Norte (a 1.138 quilômetros de Manaus).
Os mayoruna, que se autodenominam matsés, são um povo que foi dividido pela fronteira dos dois países. No Brasil são mais de mil pessoas, a segunda maior população do Vale do Javari, atrás dos marubo. No Peru, eles são mais de dois mil. Na bacia do rio Jaquirana, que divide a fronteira dos dois países e onde estão localizadas as aldeias mayoruna, há fortes evidências, inclusive com avistamentos por indígenas contatados e da população regional, de povos isolados. (mais…)
Os parques Uhuru e Central explodem nas ruas de cimento de Nairóbi, quebrando o ritmo do cenário urbano e criando uma faixa verde que abre caminho entre os arranha-céus da capital. São mais de 100 hectares de área arborizada aberta ao público em uma região acessível a todos os moradores. Também não faltam árvores nos bairros que rodeiam o centro e nem nos que beiram os confins da cidade. Estar em Nairóbi é ter a sorte de acessar os desfrutes que um centro urbano oferece e ao mesmo tempo poder continuar em contato constante com a natureza. O mesmo se aplica a muitas outras cidades do Quênia. Mas alcançar esse nível de arborização não foi fácil. Tudo foi fruto da luta de uma mulher que vai ficar para sempre na história do país: Wangari Maathai.
Vencedora do Nobel da Paz em 2004 e consagrada como a primeira mulher africana a receber o prêmio, Maathai foi responsável pelo plantio de mais de 51 milhões de árvores no Quênia. À frente de seu tempo, ela desenvolveu modelos de projetos que hoje são considerados exemplares no mundo do desenvolvimento sustentável. É difícil achar conterrâneos que não tenham se inspirado no seu trabalho, que através da preservação ambiental também abraçava as causas sociais e políticas do país. Maathai faleceu em 2011, mas deixou toda uma escola de pensamento traduzida na inovadora organização fundada por ela, o Movimento do Cinturão Verde (MCV). (mais…)
Para sociólogo português, identificação com governante popular pode mobilizar e conscientizar. Problema é que termina com a morte
Por Boaventura de Sousa Santos, no site de Ladislau Dowbor
Morreu o líder político democrático mais carismático das últimas décadas. Quando acontece em democracia, o carisma cria uma relação política entre governantes e governados particularmente mobilizadora, porque junta à legitimidade democrática uma identidade de pertença e uma partilha de objetivos que está muito para além da representação política. As classes populares, habituadas a serem golpeadas por um poder distante e opressor (as democracias de baixa intensidade alimentam esse poder) vivem momentos em que a distância entre representantes e representados quase se desvanece. Os opositores falarão de populismo e de autoritarismo, mas raramente convencem os eleitores. É que, em democracia, o carisma permite níveis de educação cívica democrática dificilmente atingíveis noutras condições. A difícil química entre carisma e democracia aprofunda ambos, sobretudo quando se traduz em medidas de redistribuição social da riqueza. O problema do carisma é que termina com o líder. Para continuar sem ele, a democracia precisa de ser reforçada por dois ingredientes cuja química é igualmente difícil, sobretudo num imediato período pós-carismático: a institucionalidade e a participação popular.
Ao gritar nas ruas de Caracas “Todos somos Chávez!” o povo está lucidamente consciente de que Chávez houve um só e que a revolução bolivariana vai ter inimigos internos e externos suficientemente fortes para pôr em causa a intensa vivência democrática que ele lhes proporcionou durante catorze anos. O Presidente Lula do Brasil também foi um líder carismático. Depois dele, a Presidenta Dilma aproveitou a forte institucionalidade do Estado e da democracia brasileiras, mas tem tido dificuldade em complementá-la com a participação popular. Na Venezuela, a força das instituições é muito menor, ao passo que o impulso da participação é muito maior. É neste contexto que devemos analisar o legado de Chávez e os desafios no horizonte. (mais…)
Logo que o PSC confirmou a indicação de Feliciano para a presidência da CDHM, Maria do Rosário havia dito, em seu perfil no Twitter, que não poderia se manifestar sobre a decisão, pois um posicionamento seu poderia ser interpretado como uma interferência do Executivo no Legislativo.
Da Redação de Sul 21
A ministra da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, Maria do Rosário (PT), evitou na sexta-feira (15) promover uma crítica frontal ao deputado e pastor Marco Feliciano (PSC-SP), mas pediu diálogo para que a Comissão de Direitos Humanos e de Minorias da Câmara possa retomar o rumo.
“A Comissão de Direitos Humanos foi criada para a paz, a tolerância e o respeito. Por isso, se é possível dizermos algo, que tenhamos um espírito de desprendimento e que possamos dialogar para que a comissão, numa decisão legítima da Câmara, retome seu caminho de estar a serviço da paz, da tolerância, do diálogo, que é o que ela deve promover no Brasil”, afirmou durante conversa com jornalistas em São Paulo, antes de participar de evento da Caravana da Anistia, do Ministério da Justiça – a família do jornalista Vladimir Herzog, morto em 1975, recebeu novo atestado de óbito, e o estudante Alexandre Vannuchi, assassinado em 1973, foi declarado anistiado político.
Nas últimas semanas, a CDH da Câmara despertou a atenção da sociedade depois que a distribuição de vagas para os próximos dois anos na Casa deu ao PSC o direito de presidi-la. O partido optou pela indicação de Feliciano, conhecido pelas declarações contra o casamento homoafetivo e o aborto. (mais…)
Conhecida pela disposição em debater a profissão, a prostituta Monique Prada acredita que a regulamentação das casas de prostituição está gerando discussões na sociedade e tirando as garotas de programa da invisibilidade. “A regulamentação nos tira debaixo do tapete. Há alguns anos, jamais imaginaria que isso seria possível”, afirma.
Nesta entrevista ao Sul21, Monique Prada fala sobre a profissão e defende uma maior organização entre as garotas de programa. Mas reconhece que há um longo caminho a ser percorrido e denuncia as perseguições que as prostitutas sofrem quando começam a tentar politizar a profissão. “É uma profissão onde, quanto menos tu falas, melhor”, critica.
Monique também rebate os posicionamentos de feministas contra a prostituição e entende que, para além da crítica, é preciso fornecer alternativas concretas a quem deseja deixar a profissão. (mais…)
Por Reynaldo Turollo Jr., enviado especial a Vitória – Folha/UOL
Na capital com maior taxa de homicídios femininos do Brasil, os principais órgãos responsáveis pelo combate à violência não se entendem sobre as causas do problema. Vitória (ES) registra uma taxa de 13,2 homicídios por 100 mil mulheres, índice que fica em 4,6 no país e 5,3 no conjunto das capitais.
Enquanto o governo capixaba atribui o número alarmante ao tráfico de drogas, o Judiciário aponta como causa a violência doméstica e de gênero. O resultado dessa “bateção de cabeça” são medidas distintas de enfrentamento e um problema social ainda longe de uma solução.
Daiane, Ana e Maria foram mortas no centro de Vitória no início do ano passado. Segundo a polícia, as três eram prostitutas. De início, sinalizou-se para mais um caso de violência de gênero.
Mas, após apuração, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher concluiu que elas foram vítimas de traficantes, pois vendiam crack em área “que era deles”.
O caso resume a conclusão geral da polícia, após dois anos e meio de trabalho dessa delegacia, a primeira do país especializada em homicídios de mulheres.
“Achamos que iríamos prender maridos e namorados frustrados, e, no final, estamos prendendo traficantes”, diz o chefe da unidade, Paulo Antônio Patrocínio.
Do alto de 243 inquéritos abertos desde 2010 para apurar mortes de mulheres na Grande Vitória, o delegado crava: 50% dos casos são ligados ao tráfico e apenas 18,6% a crimes passionais – os demais seriam episódios como balas perdidas e brigas entre vizinhos. (mais…)
Mas sigilo será mantido por ora, diz atual coordenador da Comissão da Verdade
Vannildo Mendes – O Estado de S. Paulo
BRASÍLIA – Instalada em maio de 2012 para investigar as violações de direitos humanos no Brasil entre 1946 e 1988, a Comissão Nacional da Verdade fechou um calendário de 250 depoimentos a serem colhidos nos próximos três meses, dois dos quais sob comando do sociólogo e pesquisador Paulo Sérgio Pinheiro.
Estão na lista vítimas, testemunhas e autores de assassinatos e torturas durante o regime militar (1964-1985). Nesta entrevista ao Estado, o coordenador da comissão – cujo mandato vai até 16 de maio – diz que o trabalho não se limitará a apurar a autoria material dos crimes. “Vamos levantar toda a cadeia de comando, desde o general presidente ao torturador que utilizava o pau de arara.”
Pinheiro afirma, porém, que não pretende dar, no momento, publicidade a eventuais descobertas. “Isso é perturbar o trabalho dos investigadores”, diz ele, numa clara contraposição a seu antecessor na comissão, o ex-procurador-geral da República Cláudio Fonteles. “Não podemos fazer teatrinho, fazer de conta que estamos colocando os acusados no banco dos réus”, diz Pinheiro, segundo quem as informações a partir de agora só serão tornadas públicas após a entrega do relatório final da comissão à presidente Dilma Rousseff, em maio de 2014. (mais…)