Comunidades ribeirinhas do AM estão assustadas com a violência

Violência sai da área urbana e chega até as então pacatas comunidades ribeirinhas. Moradores reclamam da fraca resposta da Polícia Militar aos casos registrados

Acostumados com a calmaria que as comunidades instaladas às margens do Rio Negro ofereciam, ribeirinhos vizinhos à capital Manaus estão assustados com o avanço da criminalidade para esses locais.

Na Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Negro, as comunidades Santa Maria e Jaraqui registraram desde a semana passada casos graves de violência cometidos por homens fortemente armados e preparados para atacar os moradores.

A situação mais recente aconteceu na tarde dessa segunda-feira (10) quando três homens assaltaram uma balsa pertencente à empresa Brita Amazonas que estava atracada entre as comunidades Dourado e Jaraqui.

O agente de endemias Márcio Teixeira Ferreira, 34, disse que também foi alvo dos bandidos quando se aproximou da balsa, em uma voadeira, sem saber que o lugar estava sendo assaltado.

“Me aproximei da balsa por que fui chamado pelos homens que pensei serem trabalhadores da empresa. Quando subi a bordo eles anunciaram que se tratava de um assalto. Eles me amarraram e me levaram para um dos camarotes onde já estavam presos os tripulantes da embarcação, quatro homens e uma mulher. Roubaram nossos pertences e objetos como rádio amador”, lembrou.

Os assaltantes teriam fugido em direção ao município de Novo Airão na voadeira de Márcio e em outra lancha que os esperava no local. O agente de endemias registrou o caso na manhã desta terça-feira (11) no 19º Distrito Integrado de Polícia (Dip).

“Não temos apoio da Polícia Militar que, quando não aparece, demora muito a chegar. Eles foram avisados do assalto às 5h e só chegaram à balsa às 21h porque o Batalhão Ambiental não tinha lancha para vir até aqui. Pelo que fiquei sabendo eles tiveram que emprestar um bote para atender a ocorrência”, ressaltou.

Espancamento
Na última quarta-feira (5) o pescador e comunitário, Cláudio Góes Costa, 63, foi abordado por homens que se identificaram como “policiais” e espancado até perder a consciência.

O pescador disse que familiares denunciaram a ocorrência para o Batalhão Fluvial da Polícia Militar, que é responsável pela segurança da área, mas, só às 21h da quinta-feira (6) um grupo de policiais foi ao local.

Cláudio explicou que foi abordado por quatro homens e uma voadeira de cor azul por volta das 20h quando retornava de mais um dia de trabalho. Ele afirmou que ao chegar à margem do rio avistou outro comunitário sendo espancado e amarrado dentro de uma canoa, no momento em que tentou socorrer o conhecido também foi agredido.

“Eles estavam batendo no rapaz. Fui ajudar e também acabei sendo espancado. Há todo o momento eles diziam que eram policiais e que estavam à procura de maconha e dinheiro. Como não tínhamos nada eles foram embora”, ressaltou.

Para o trabalhador, a falta de um policiamento frequente pelas comunidades ribeirinhas é o que tem motivado as ações de violência.

Atendimento 

De acordo com o major Ronaldo Brito, responsável pelo Batalhão Ambiental, a ‘prioridade é a orla de Manaus, onde há a maior concentração de embarcações’. Ele informou ao Portal acritica.com que na área fluvial atuam 15 policiais em regime de escala, onde três trabalham diariamente. “Tentamos atender a população da melhor maneira possível. Estamos estudando uma ‘manobra’ para sair durante o dia e voltar pela noite”, declarou.

http://www.ejornais.com.br/jornal_a_critica.html

Enviada por José Carlos para Combate ao Racismo Ambiental.

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.