Do Poço da Draga vem o apelo: a casa da dona Alzira está afundando. As paredes começaram a rachar pelo desnível do solo e os móveis estão tortos. Ela não ocupa mais todos os cômodos da casa – se restringe, agora, à sala e ao primeiro quarto, mais distantes que estão da cozinha e do banheiro, onde o piso cedeu. A pia da pequena área de serviço não se sustenta mais na parede. Caiu no chão. Por solidariedade dos moradores, um buraco dentro da cozinha “que cabia um homem todinho de braço pra cima”, foi fechado com areia. Mas não dá conta do problema – a casa foi construída em cima de um córrego.
Moradora do Poço da Draga desde anos que não consegue contar, dona Alzira Rodrigues da Silva foi transferida do barraco da Ponte Metálica, em que pescava seu próprio alimento, para a casa dentro da comunidade de 106 anos. Antes, porém, morou na antiga sede da Associação dos Moradores do Poço, quando a situação chegou ao limite e sensibilizou o poder municipal: a sede começou a ser demolida com ela dentro. Coberta de poeira. Dona Alzira foi transferida para a atual casa há dois anos. Aposentou-se pelo INSS. Um ano depois, o chão começou a ceder.A Prefeitura de Fortaleza já está a par da situação: um homem identificado como Delano levou engenheiros para avaliar o quadro. Estes, por sua vez, levaram um pedreiro para uma segunda vistoria. Eles relataram que era necessário subir a casa, fazer piso novo. Tirar a fossa do lado da cozinha. A Defesa Civil também visitou o lugar, há cerca de quatro meses. A moradora continua sem receber respostas.
Dona Alzira descreve as noites barulhentas pelos ratos e gatos que passam por ali. Com problemas de saúde e de locomoção, a aposentada recebeu ajuda dos vizinhos para remanejar todos os pertences que estavam ao fundo para a frente da casa. Continua usando o banheiro porque outro jeito não há. “Agora ainda dá pra ficar aqui. E quando chegar o inverno? Como é que eu vou viver?”, pergunta.
Resposta da Prefeitura
A Habitafor, através da Regional II, disse que “a dona Alzira está incluída no próximo grupo de famílias que será encaminhado para o aluguel social pelo órgão. A transferência dela será feita até o final do ano” e que “ela é uma prioridade para receber casa, pelo Minha Casa, minha Vida, no primeiro residencial a ser entregue pela próxima gestão.”Dona Alzira, no entanto, não recebeu nenhuma dessas notificações. Para ela, o caso é urgente – e não comporta o ritmo do poder público. Por isso pedimos ajuda: compartilhe!
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Enviado por Janete Melo
Vc tem alguma notícia da dona Alzira se ela conseguiu sua casa ou se ainda está no mesmo lugar.