UFPA adia decisão sobre calendário do vestibular, mas aprova duas cotas para quilombolas por curso

O Consepe aprovou a reserva de duas vagas para quilombolas em todos os cursos no processo seletivo da UFPA. Até então, apenas estudantes de escolas públicas, indígenas e negros em geral tinham direito a cotas

O Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (Consepe) da UFPA decidiu não aprovar na manhã de ontem, 27, o calendário do vestibular 2013 da instituição. Os conselheiros deliberaram pelo adiamento da discussão sobre o processo seletivo por duas semanas, a fim de acompanhar o desenrolar do movimento grevista e a tentativa de negociação proposta pelos professores.

A decisão dos conselheiros contrariou a manifestação do reitor Carlos Maneschy que defendia a realização da prova do vestibular da UFPA no dia 9 de dezembro. A postura da administração superior ignorava a greve dos docentes – que já dura mais de 100 dias – e prejudicava, principalmente, os estudantes da Escola de Aplicação, que estão com grande parte do conteúdo programático da prova em atraso.

Durante o Consepe, professores em greve e alunos da Escola de Aplicação protestaram. Com nariz de palhaço e cartazes, docentes e estudantes defendiam o adiamento da decisão sobre o vestibular até o final da greve. “Manter a data do processo seletivo significa continuar fazendo com que o vestibular seja um funil bem estreito onde a minoria consegue entrar e a maioria é empurrada para o ensino privado por meio dos ‘Prouni’ da vida”, argumentou o professor de História e membro do Comando Local de Greve, José Alves.

Conselheira representando o Iced, a professora Vera Jacob estranhou a pressa em realizar o vestibular, embora o ingresso dos novos estudantes ainda não tenha data definida, por conta da greve. “A manutenção da data do vestibular interessa a quem? À sociedade ou aos interesses das escolas privadas?” questionou. “A interpretação que faço das falas dos representantes da administração superior é que a reitoria é contra o adiamento para não fortalecer o movimento grevista”, afirmou Vera.

O adiamento da data do vestibular também foi defendido pela diretora da Escola de Aplicação, Lilian Brito. Segundo ela, apesar da greve, apenas nove estudantes pediram transferência da instituição, sendo somente quatro do 3º ano. “Temos que defender o adiamento para evitar mais prejuízos para os alunos das escolas públicas e para os estudantes que ainda acreditam em nossa Escola de Aplicação”, defendeu.

Enquanto o Consepe acontecia, um ato cultural no hall do prédio da reitoria marcava os mais de 100 dias de greve dos docentes da UFPA. Com balões pretos, faixas, feijoada e música ao vivo, os professores comemoraram a vitória no Consepe e celebraram a disposição de luta da categoria, que permanece firme na greve apesar das pressões e da intransigência do governo Dilma.

Cotas – Antes da decisão sobre o adiamento da data do vestibular, o Consepe aprovou, também, a reserva de duas vagas para quilombolas em todos os cursos no processo seletivo da UFPA. Até então, apenas estudantes de escolas públicas, indígenas e negros em geral tinham direito a cotas

Enviada por Jeronimo Treccani.

http://www.adufpa.org.br/detalha_noticia.php?id=1695

Deixe um comentário

O comentário deve ter seu nome e sobrenome. O e-mail é necessário, mas não será publicado.