A carta de Maria Clara Migliacio* foi enviada a Combate ao Racismo Ambiental por Alessandra Mello Simões Paiva, a quem agradecemos. Vale lê-la no texto e no contexto. TP.
Prezados colegas, arqueólogos, cidadãos,
Minha saída repentina do Centro Nacional de Arqueologia – CNA, junto com os demais colegas que o dirigiam, motiva esta comunicação, visto que em diversas ocasiões estivemos apresentando, publicamente, ideias, propostas e planos, que estavam sendo por nós idealizados e/ou implementados.
Minha trajetória no Iphan, iniciada em 1989, me fez abraçar o patrimônio arqueológico como objeto a demandar maiores atenções por parte da instituição, já que naquela época apenas seis técnicos da Casa eram responsáveis pela gestão do patrimônio arqueológico de todo o Brasil.
Após alguns anos trabalhando sistematicamente na área de proteção ao patrimônio edificado (sou graduada em Arquitetura e Urbanismo pela Universidade de São Paulo), considerei que o Iphan tinha mais necessidade de arqueólogos do que de arquitetos já que, desde aquele tempo, a maioria dos técnicos de que a Casa dispunha constituía-se desses últimos.
De fato, minha atuação em Mato Grosso, comprometida com a defesa do patrimônio cultural, do meio-ambiente e dos povos indígenas, me forneceu uma visão mais ampla de patrimônio, que sempre vislumbrou para além da “pedra-e-cal” e, mais ainda, para além daquela “pedra-e-cal” remanescente da colonização europeia. Em termos de patrimônio, considero que o Brasil tem muito mais do que isto. (mais…)