Maior cantora de samba do Brasil, Clara Nunes completaria 70 anos neste domingo

Augusto Gomes, iG São Paulo

Nascida em 12 de agosto de 1942 na pequena Caetanópolis, Clara foi uma das maiores cantoras do país. Morreu em abril de 1983, depois de passar 28 dias em coma na clínica São Vicente, no Rio de Janeiro. O coma foi resultado de uma reação alérgica à anestesia recebida durante uma simples cirurgia para a retirada de varizes das pernas.

Sua morte provocou uma comoção tão grande quanto à de Elis Regina, um ano antes. Clara, afinal, era uma das cantoras mais populares do Brasil. A partir do início dos anos 1970, fez fama cantando sambas. Discos como “Claridade” (1975), “Canto das Três Raças” (1976), “Guerreira” (1978) e “Brasil Mestiço” (1980) ultrapassaram a marca de 1 milhão de cópias vendidas.

Mas, para aderir ao samba, Clara teve que lutar. Nos anos 1960, quando começou sua carreira, ela cantava boleros e sambas-canções com arranjos antiquados. O samba foi entrando em seu repertório aos poucos, mais por insistência da cantora que por vontade de produtores e gravadoras. A teimosia deu resultado: em 1971, ela estourou em todo o Brasil com a música “Ê Baiana”.

Durante o restante da década de 1970, Clara foi a maior sambista do Brasil – sua única rival era Beth Carvalho. Gravou canções de Cartola (“Alvorada no Morro”), Nelson Cavaquinho (“Juízo Final”), Candeia (“Conto de Areia”), Paulinho da Viola (“Coração Leviano”), João Nogueira (“Guerreira”), Dona Ivone Lara (“Alvorecer”) e Chico Buarque (“Morena de Angola”), entre outros.

Em 1975, casou-se com o letrista Paulo César Pinheiro, que passou a fornecer várias músicas para o seu repertório. Entre elas, sucessos como “Portela na Avenida”. A Portela, por sinal, era uma das paixões de Clara. Tanto que seu corpo foi velado na quadra da escola, diante de uma multidão de 50 mil pessoas. Clara também foi tema do enredo em dois carnavais, em 1984 e em 2012.

Sua morte deixou uma lacuna na música brasileira: uma artista que se dedicava a gêneros genuinamente brasileiros (além de sambas, gravou forrós, baiões e choros), sempre com grande sucesso popular, mas sem ceder a apelos fáceis. Além disso, era uma intérprete como poucas: vibrante sem ser exagerada, emotiva sem ser piegas, e com um faro raro para descobrir boas músicas.

Quase 30 anos após sua morte, a artista é lembrada em sua cidade natal. No sábado (11), foi inaugurado em Caetanópolis o Memorial Clara Nunes, com mais de seis mil peças preservadas pela família da cantora. A gravadora EMI também vai relançar, no segundo semestre, a caixa Clara, com nove CDs. O box reúne todos os 16 discos de Clara (dois em cada CD), junto com mais um CD de raridades.

http://ultimosegundo.ig.com.br/cultura/musica/2012-08-12/maior-cantora-de-samba-do-brasil-clara-nunes-completaria-70-anos-neste-domingo.html

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