Rodolfo Salm
Recentemente, o colunista do Correio da Cidadania Wladimir Pomar publicou dois artigos que me chamaram especialmente a atenção: “Perguntas de um ignorante ambiental” e “Belo Monte”, nos quais ele defende a construção de hidrelétricas como estratégias de desenvolvimento para o país, e este barramento, em especial, no rio Xingu. Como colaborador frequente deste jornal em questões ligadas ao meio ambiente, ecólogo e, acima de tudo, atingido direto por Belo Monte, pois resido na cidade de Altamira-PA, onde esta obra está sendo desenvolvida, sinto-me na obrigação de respondê-lo enfática e prontamente.
Antes de tudo, é curioso que o colunista, que no primeiro artigo diz que “se vê um perfeito ignorante ambiental”, afirma categoricamente que o aquecimento global é um “dogma” (suposta verdade, inquestionável por seus defensores), ao invés de um fato científico mensurável, apesar da infinidade de cientistas sérios que estudam o assunto há algumas décadas. Mais adiante, supostamente na posição de “ignorante ambiental” ele se pergunta: “por que os que defendem o abandono da construção de hidrelétricas, desconsiderando os avanços técnicos e sociais que permitem mitigar em muito os danos ambientais e sociais, não assinam uma declaração pública comprometendo-se a não se manifestarem quando os apagões elétricos começarem, por falta do aumento da geração elétrica?”. Eu realmente gostaria de saber que avanços técnicos e sociais são estes, pois não são nada visíveis aqui ao lado do canteiro de obras da maior hidrelétrica em construção do Brasil. Lamentavelmente, sua defesa cega de Belo Monte revela que sua “ignorância” vai além do aspecto ambiental, mas que também é econômica, política e social, como fica mais claro no seu artigo mais recente. (mais…)