Brasil é criticado por liderar negociação de texto ‘frouxo’

O país anfitrião da Rio+20 foi alvo, pela primeira vez, de duras críticas de diplomatas de outras nações e ativistas de organizações não governamentais (ONGs). O motivo é a pressão do Brasil para fechar o documento da Rio+20 antes da reunião de chefes de Estado, que começa amanhã – o que teria resultado numa proposta de texto fraca demais, ameaçando comprometer o objetivo da conferência. A União Europeia, por exemplo, ressente-se principalmente da falta de metas em áreas como energia, água e eficiência no uso dos recursos. A UE defende manter o texto em aberto para ser debatido pelos chefes de Estado durante a reunião de cúpula.

A informação é publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 19-06-2012.

Como um consenso sobre o texto da declaração final não foi obtido nas rodadas anteriores, organizadas pela ONU, o país anfitrião assumiu o comando das negociações. Numa tentativa de conciliar posições e acelerar o processo, a delegação brasileira acabou retirando ou reduzindo a ambição de vários pontos de conflito que eram considerados essenciais para um resultado forte da conferência, especialmente em questões relacionadas ao comprometimento econômico e político dos países ricos com o desenvolvimento sustentável. (mais…)

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I Congresso Nacional Africanidades e Brasilidades, de 26 a 29 de junho, na Universidade Federal do Espírito Santo

O Congresso reúne pesquisadores da Ufes e de outras Instituições no Brasil e na África de Língua Portuguesa. É uma promoção dos Departamentos de Línguas e Letras (DLL), de Ciências Sociais (DCSO), do Centro de Educação (CE) e dos Programas de Pós-Graduação em Letras (PPGL) e em Ciências Sociais (PGCS).

Com o objetivo de atender a lei 10.639/03 de 2003, pretende mostrar os avanços e os desafios de um efetivo progresso dos estudos africanos no Brasil e de um maior desenvolvimento da cultura afro-brasileira nas escolas e Universidades brasileiras.

O evento promoverá, assim, debates sobre o ensino da história, sociedade, cultura e literatura africanas e afro-brasileiras, buscando pensar estratégias e metodologias que auxiliem em sua consolidação. Divulgará, também, escritores africanos de língua portuguesa, apresentando ainda a crítica literária atualmente produzida.

Somam-se a isto as pesquisas em sociologia e antropologia que problematizam, a partir da globalização, os novos tipos de deslocamentos Brasil-África, a proximidade política entre os hemisférios e as exigências de uma revisão epistemológica no seio mesmo das ciências sociais.

Enviada por Juliana Kaoro Mori.

http://www.icnab.com.br/site/

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Respeitem meus cabelos crespos

Fabiana Mascarenhas*

Quando criança, tinha vergonha do meu cabelo. Sonhava em ter o penteado igual ao das amiguinhas de sala, sempre liso e brilhante. A televisão, a mídia, a indústria de brinquedos, a própria sociedade, tudo me levava a achar que era feia por ter cabelo crespo. Não à toa, fui uma das inúmeras crianças que teve apelidos por conta da cor da pele. Nascida de um pai negro e uma mãe branca, no seio familiar, meus  pais me faziam entender que era linda do que jeito que nasci. Nunca houve discurso em defesa dos negros, assim como nunca tiveram o costume de arrumar o meu cabelo no estilo “afro”, com o objetivo de reafirmar a minha negritude.

Talvez, por isso, um episódio ocorrido na última semana tenha me deixado tão sensibilizada. Uma criança negra, com cabelo escovado, entrou com a mãe em um elevador lotado de um centro comercial de Salvador. A criança – que imagino ter entre sete e oito anos – olhou para mim e, depois de muito examinar, perguntou por que o meu cabelo “é para cima”. Explico que ele não é para cima, que penteio assim porque gosto e acho bonito. Em seguida, ela diz: “Ele é duro, né?”. Neste momento, todos no elevador riem. Respondo que ele é crespo, não duro. “Não existe cabelo duro ou mole, mas liso, cacheado, crespo. E o seu, você acha que é como?”, pergunto. (mais…)

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Fortaleza: no olho do furacão da Copa

Raquel Rolnik*

Semana passada, nos dias 15 e 16, estive em Fortaleza a convite de associações de moradores, entidades de defesa de direitos humanos e ativistas pelo direito à moradia para visitar comunidades que estão sendo afetadas por obras relacionadas à Copa do Mundo de 2014. Nos dois dias de visita, tive a oportunidade de conversar com moradores de nove comunidades e ver de perto a situação em que se encontram. Na sexta-feira, visitei quatro comunidades ameaçadas de remoção por conta das obras do VLT (o veículo leve sobre trilhos, apelidado em Fortaleza de “vai levando tudo”). No sábado, visitei ainda a comunidade do Poço da Draga e o bairro do Serviluz, que serão afetados por projetos de urbanização da orla – o Acquário do Ceará e a Aldeia da Praia, respectivamente; e também as comunidades Jangadeiro e João XXIII e a Trilha do Senhor. Além das visitas, participei de uma audiência pública na Câmara Municipal de Fortaleza e de um debate no auditório da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará.

É importante lembrar que Fortaleza tem mais de 600 comunidades que surgiram a partir de ocupações de baixa renda. Os moradores destas comunidades, sem garantia da segurança da posse, constantemente veem ameaçado o seu direito de permanecer onde estão. Quando se trata de comunidades localizadas em áreas muito bem servidas de infraestrutura, perto do centro e de áreas de maior renda, a situação é de uma vulnerabilidade ainda maior. Ou seja, a combinação da insegurança da posse com o fato de serem comunidades de baixa renda localizadas em frentes de expansão imobiliária tem feito dessas comunidades focos preferenciais para a passagem de obras como a do VLT ou mesmo de projetos de urbanização que retiram a população desses lugares. (mais…)

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Comissão da Verdade, Justiça e “Revanchismo”

Por fim, solicitamos expressamente aos integrantes dessa Comissão Nacional da Verdade que não mais usem o termo revanchismo quando se referirem à nossa busca por Justiça. Justiça não significa vazar olhos; estuprar; dilacerar crânios; decepar cabeças; esquartejar, incinerar corpos; ocultar os assassinatos cometidos pelo Estado. Justiça não é anistia para os dois lados. (trecho da “Carta Aberta à Comissão Nacional da Verdade”, assinada por 49 familiares de mortos e desaparecidos políticos)

Angela Mendes de Almeida*

A primeira reunião da Comissão Nacional da Verdade com cerca de 80 familiares de mortos e desaparecidos políticos, realizada dia 11 de junho passado, foi alentadora, tendo em vista tudo que havia acontecido antes e tudo o que havíamos ouvido. É preciso frisar que ela foi alentadora em vista de nossas expectativas, dada a trajetória da montagem dessa Comissão.

A proposta de criação de uma comissão, em dezembro de 2008, partiu dos militantes que lutam por esta causa há décadas e foi apresentada e votada na 11ª Conferência Nacional de Direitos Humanos, sob a forma de uma “Comissão de Verdade e Justiça”. (mais…)

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