Homenagem a um jovem retireiro sem nome

Segunda-feira passada Ricardo Álvares compartilhou a foto ao lado, que havia tirado cedinho, antes do dia acabar de raiar. Viajava pelas Gerais e tinha ido com a mulher ver a ordenha. Não conversou com o rapaz para não agitar as vacas. Sequer perguntou seu nome.

Ontem, quarta-feira, soube que o vaqueiro/retireiro havia morrido pela manhã, num acidente de trabalho. Ele tirara o leite como fazia todos os dias, mas não o havia levado. Segundo Ricardo, “o proprietário da fazenda e um irmão ficaram preocupados. Andando pela fazenda, o irmão o encontrou morto. Ao que parece ele foi atravessar um córrego para buscar um animal e foi eletrocutado pelo fio de uma bomba d’água de uma propriedade vizinha. Quando fui embora ainda estavam aguardando a perícia. A cidade toda ficou chocada. Apenas 24 anos…”.

Ricardo comentou ainda: “Como disse Guimarães, pela voz de Riobaldo, ‘viver é negócio muito perigoso'”. E eu acrescentaria: principalmente para essas pessoas para nós anônimas que, Brasil afora, nos campos, nas margens dos rios, nas florestas, na zona costeira, nos quilombos e aldeias, semeiam, colhem, pescam, catam mariscos, tiram o leite, pastoreiam,  buscando plantar e manter, de formas variadas, o território. A todas elas, a homenagem deste Blog, através da foto desse moço que se foi tão cedo, cujo nome não sabemos e cujo rosto sequer conheceremos. TP.

Comments (1)

  1. Ei Tania, só hoje acessei esta homenagem que fez ao “retireiro anônimo” e por extensão aos povos tradicionais deste nosso Brasil. Belíssima homenagem, por sinal. Tenho muito orgulho de ser seu amigo. Obrigado!
    Abraço,
    Ricardo

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