A morte na vigência do amor

João Paulo

Um dos maiores pensadores contemporâneos, aos 90 anos Edgar Morin é um homem do mundo. Na verdade, um homem que acredita que o mundo é possível, mesmo afundado em crises. Crítico do pensamento científico, militante de causas libertárias, defensor de um método de interrogação da realidade que não admite fronteiras de saber, Morin construiu uma obra que vai da sociologia à filosofia, passando pela antropologia, história e política. A palavra que melhor define o pensamento de Morin é complexidade, uma provocação que inspira sua obra mais significativa, O método, em seis volumes, que o ocupou por 27 anos, de 1977 a 2004.

Dono de um patrimônio corajoso de conhecimento em várias áreas do saber, Morin foi sempre um ser de risco, que desafiou certezas e lugares acadêmicos em nome do diálogo e do inacabamento. Sem se ligar a paradigmas, fez do pensamento do presente e da crise contemporânea o fulcro de seu pensamento, que deu a ele o papel de porta-voz privilegiado do chamado pensamento do Sul, incluído aí o Brasil, país que frequenta assiduamente. Inspirado por um humanismo questionador, em Morin não se separam vida e obra.

Em sua vasta bibliografia estão presentes alguns volumes em que fala de si e de sua família, da relação com o pai, da perda da mãe, da militância política, do encontro com a poesia, das experiências em vários países e contextos culturais. O mais pessoal de seus livros acaba de ser lançado no Brasil, Edwige, a inseparável, uma longa meditação sobre a perda de seu maior amor, a mulher Edwige, vítima de câncer. Reunindo reflexões, memórias, diários e depoimentos, o livro é um acerto de contas com a vida e uma corajosa aproximação com a experiência da morte. (mais…)

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Sonho haitiano chega a Minas

Myonel Zamor quer "aprender de tudo", como outros 27 companheiros do Haiti, que desembarcaram neste mês em BH, na expectativa de melhorar de vida

Empresas da construção civil da Grande BH e da Zona da Mata contratam trabalhadores que deixaram Porto Príncipe, no Caribe, oferecem treinamento e já planejam mais vagas

Paula Takahashi

O francês e o dialeto crioulo africano se revezam na condição de nova língua oficial de um canteiro de obras localizado na região Nordeste de Belo Horizonte. Ainda sem muita habilidade com as ferramentas, nove haitianos aprendem a manuseá-las, assim como a pronunciar os próprios nomes de batismo no português apoiados por uma cartilha ilustrativa. Nela aparecem, como na didática usada na alfabetização de crianças, as palavras separadas em sílabas acompanhadas pela respectiva ilustração.~

Dominado por um misto de desconfiança e receio, sentimentos típicos de um estrangeiro recém-chegado, Jeune Saintanier, de 25 anos, não fala muito, apenas revela o objetivo de melhorar a qualidade de vida que tinha em seu país, uma das nações mais pobres do mundo. Para isso, está disposto, assim como seus companheiros, a “aprender de tudo”, como reforça Mynoel Zamor. Sem dar muitos detalhes de como chegaram no Brasil, eles contam que levaram sete dias entre Porto Príncipe, capital do Haiti, e Brasiléia, no Acre, onde se refugiaram por dois meses. (mais…)

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Brejo dos Crioulos – Operação tenta proteger quilombo

Alice Maciel

polícia federal cumpriu ontem oito mandados de busca e apreensão em São João da Ponte, Varzelândia e Verdelândia, no Norte de Minas, durante a operação Brejo dos Crioulos, realizada em parceria com a polícia Militar do estado na comunidade quilombola de mesmo nome. Foram apreendidos um revólver, duas espingardas e 40 munições em fazendas da região, ninguém foi preso. As suspeitas, conforme informou o delegado-chefe da polícia federal de Montes Claros, Marcelo Freitas, são de que pistoleiros estariam agindo na região a mando de latifundiários.

O delegado ressaltou que, desde setembro de 2011, quando o decreto da presidente Dilma Rousseff (PT) reconheceu o quilombo, acentuaram-se os conflitos entre fazendeiros e os descendentes de escravos. O decreto prevê a desapropriação das 74 fazendas, com um total de 17 mil hectares. “As investigações continuam para identificar quem são os donos das armas”, observou Marcelo Freitas. Os responsáveis vão responder pelos crimes de porte e posse ilegal de arma de fogo, além de formação de quadrilha. Se condenados, poderão ficar presos por até sete anos. Os mandados foram expedidos pela 1ª Vara federal de Montes Claros.

A comunidade Brejo dos Crioulos já foi alvo de outras operações da PF, em 2007 e 2009. O quilombo é formado por 12 povoados e pequenos terrenos isolados, onde vivem 500 famílias da comunidade. Segundo Marcelo Freitas as famílias vivem em áreas diminutas, onde mantêm pequenos quintais com criações e alguns roçados e que a maior parte do território é dominada por latifundiários e médios proprietários. (mais…)

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Ao comentar assassinato de jornalistas brasileiros, ministra cobra federalização de crimes de extermínio

Alex Rodrigues*, Repórter Agência Brasil

Brasília – A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, se referiu às mortes de dois jornalistas brasileiros, em menos de uma semana, como crimes de extermínio e cobrou do Congresso Nacional a aprovação da proposta que transfere à esfera federal a investigação e o julgamento dos crimes cometidos por milícias ou grupos de extermínio.

A federalização da apuração destes crimes é objeto da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 107/11 e do Projeto de Lei 370/07, que tramitam no Congresso Nacional. A primeira, de autoria da deputada Manuela D’Ávila (PCdoB-RS), inclui os crimes de extermínio entre os de responsabilidade federal

Já o projeto de lei do deputado Luiz Couto (PT-PB), além de tipificar o crime de extermínio e estabelecer que esses delitos sejam investigados e julgados pelas autoridades federais, aumenta as penas de homicídio (simples e qualificado) se o crime for praticado por milícia privada, sob o pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por grupo de extermínio. Também prevê pena de reclusão de quatro anos a oito anos para quem participar de milícia privada. (mais…)

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Ministra diz que maior preocupação neste carnaval é com abuso de crianças e homofobia

Alex Rodrigues, Repórter Agência Brasil

Brasília – A ministra Maria do Rosário, da Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República, visitou hoje (18), em Brasília (DF), a central de atendimento do Disque Direitos Humanos – Disque 100. A visita, segundo a própria ministra, faz parte das atividades da Campanha Nacional de Combate à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, lançada na última quinta-feira (16), em Salvador.

Em função do carnaval, o atendimento foi reforçado, com o reescalonamento dos plantões dos 450 atendentes, analistas, supervisores e monitores de atendimento. A maior preocupação deste período é com as crianças e adolescentes, que ficam mais vulneráveis esta época do ano.

“É muito importante que os conselhos tutelares e a base da rede de proteção estejam funcionando devidamente para que possamos atender às denúncias aqui na central e fazer que a pessoa seja atendida e protegida na cidade de onde partiu a denúncia”, disse a ministra, acrescentando que o objetivo do serviço é “garantir que a violência cesse”. (mais…)

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Bertold Brecht: “Perguntas de um trabalhador que lê”

Quem construiu a Tebas de sete portas?
Nos livros estão nomes de reis. Arrastaram eles os blocos de pedra?
E a Babilônia várias vezes destruída, quem a reconstruiu tanta vezes?

Em que casas da Lima dourada moravam os construtores?
Para onde foram os pedreiros, na noite em que a Muralha da China ficou pronta?
A grande Roma esta cheia de arcos do triunfo. Quem os ergueu?

Sobre quem triunfaram os Cesares?
A decantada Bizâncio tinha somente palácios para os seus habitantes?
Mesmo na lendária Atlântida
Os que se afogavam gritaram por seus escravos na noite em que o mar a tragou.
O jovem Alexandre conquistou a Índia. Sozinho?
César bateu os gauleses. Não levava sequer um cozinheiro?
Filipe da Espanha chorou, quando sua Armada naufragou. Ninguém mais chorou?
Frederico II venceu a Guerra dos Sete Anos. Quem venceu além dele?

Cada pagina uma vitória. Quem cozinhava o banquete?
A cada dez anos um Grande Homem. Quem pagava a conta?

Tantas histórias. Tantas questões.

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Incra pede suspensão do funcionamento de usina em MT

Pedido será analisado pela Sema, diante de irregularidades consideradas graves

Rafael Costa/ Midia News

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) solicitou à CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das Usinas Hidrelétricas que seja solicitado, junto à Sema (Secretaria de Estado de Meio Ambiente), a suspensão da licença ambiental que autoriza o funcionamento da PCH (Pequena Central Hidrelétrica) Bocaíuva, no município de Brasnorte (579 km a Noroeste de Cuiabá).

A drástica medida se deve à resistência da Cravari Energia S/A, administradora do empreendimento, em corrigir irregularidades danosas ao meio ambiente.

No dia 26 de janeiro passado, o supervisor regional substituto do Incra, Salvador Sotério de Almeida, encaminhou ofício a diretoria da empresa, solicitando manifestação por escrito para ser firmado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) até o dia 10 de fevereiro. (mais…)

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Justiça mantém suspensão de licença ambiental à Planet Sea em Vila Velha

Flavia Bernardes

A empresa Planet Sea Operadora Portuária e Logística Ltda., acusada de poluir com carvão mineral quatro bairros de Vila Velha, teve o pedido de liminar em mandado de segurança negado pelo juízo da Vara da Fazenda Pública Municipal do município. Com a decisão, fica mantida a suspensão do licenciamento ambiental e a determinação de encerramento imediato de suas atividades pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, no Ato Administrativo n° 03/2012.

Denunciada a Século Diário em setembro de 2011, por moradores dos bairros Novo México, Jardim Colorado, Jardim Asteca, Vila Nova e Santos Dumont, a empresa é acusada de cobrir as ruas e as casas com pó preto, resultado dos processos de recebimento, estocagem e distribuição do poluente, conhecido como coque verde de petróleo, o carvão mineral.  A empresa pode ser vista por quem passa na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. Na ocasião das denúncias, moradores declararam que além da sujeira nas casas, o aumento da incidência de doenças respiratórias entre crianças e idosos foi sentido em apenas um mês de operação da Planet Sea.  (mais…)

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MT – Quase 100 crianças indígenas mortas em 1 ano

Além de alarmante, o número de 2011 teve um acréscimo de 40% em relação ao ano anterior, quando 60 outras crianças foram a óbito

Joanice de Deus, da Reportagem

Em 2011, 89 crianças indígenas de até quatro anos morreram, vítimas de desnutrição e falta de condições sanitárias em Mato Grosso. Mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse um melhor acompanhamento do poder público. O entendimento é do deputado Percival Muniz (PPS), que em sessão realizada na última terça-feira (14) sugeriu que a Assembléia Legislativa realize uma audiência pública para apurar responsabilidades e cobrar ações de prevenção e combate à mortalidade infantil nas comunidades indígenas.

“O Estado não pode aceitar, passivamente, que isso continue, pois mancha a imagem do Estado e envergonha a todos”, disse. O número de vítimas faz parte de um relatório da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde (MS).

Conforme o deputado, o documento mostra que os óbitos teriam ocorrido na comunidade Xavantes, próximo ao município de Campinápolis (658 quilômetros ao Oeste de Cuiabá). Em 2010, a falta de assistência teria causado a morte de 60 crianças indígenas. “De um ano para o outro o aumento foi de mais de 40%”. (mais…)

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