Hoje, sábado de carnaval, não é dia de ler artigos de jornal. O impulso de alegria leva as pessoas, saudavelmente, para as ruas. No entanto, em nome desse mesmo espírito “rueiro”, é importante não deixar passar sem o mínimo de atenção as recentes medidas que visam desocupar praças e ruas em nome da preservação do patrimônio público de Belo Horizonte.
Mais uma vez, o espírito de classe (ou de casta) traduziu a inépcia pública em ordenar os espaços em proibição geral. Em vez de consertar o erro, eterniza-se o equívoco maior. Há uma operação higienista em movimento na cidade, que atende sempre a interesses particulares em detrimento da circulação pública nas ruas e praças. São Paulo criminaliza usuários de crack, BH vai além: tacha os foliões como desordeiros em potencial. (mais…)
Já não são tão habituais quanto num passado recente as denúncias de pessoas negras barradas em blocos do Carnaval de Salvador, cuja maioria da população descende de africanos. Porém, ainda proliferam acusações de racismo na folia. Ataques de machismo também são registrados anualmente. Por isso, atos de discriminação continuam na mira do Observatório da Discriminação Racial, da Violência contra a Mulher e Combate à Homofobia, que realiza sua sétima edição em 2012. Ligado à Secretaria Municipal da Reparação (Semur), o observatório enumera centenas de agressões gratuitas a gays, assédio violento às mulheres e casos de segregação racial verbal ou institucionalizada.
– Quem é racista o ano todo também é racista no Carnaval; a diferença é que usa fantasia – avalia o secretário municipal da Reparação, Ailton Ferreira, que, em entrevista a Terra Magazine, detalha exemplos das ocorrências de anos anteriores.
Ele critica as músicas pejorativas às mulheres e os “machões” que invadem redutos gays para humilhar as vítimas. Entretanto, não há como esquecer que 58% dos 350 relatos do observatório em 2011 foram caracterizados como racismo.
– Ainda temos uma cultura racista e uma marca de racismo que precisa ser apagada – conclui Ferreira. (mais…)
Servindi, 18/02/2012.- “C’est le Pérou: El agua y el oro” es el audiovisual francés que aborda desde una perspectiva histórica el actual conflicto generado en Cajamarca por el proyecto minero Conga de Yanacocha. Partiendo de la captura y ejecución del inca Atahualpa en Cajamarca, el documental abarca brevemente los inicios del Perú como exportador de metales a Europa, luego recapitula los antecedentes de la minera Yanacocha en Cajamarca, para finalmente centrarse en el actual conflicto de Conga. El video editado en francés y subtitulado en español, fue elaborado por Rubén Romero con la voz en off de Pablo Paredes y la traducción de Alice Frémont para el magazine cultural televisivo Europa Latina. (http://servindi.org/actualidad/59604?)
Esta história que vos conto dá enredo de escola de samba. Do grupo de acesso D. Conheci o bisneto do presidente dos Estados Unidos, Theodore Roosevelt, há exatamente vinte anos, no dia 19 de fevereiro de 1992. Nós dois – um pelo lado americano e o outro pelo brasileiro – éramos os historiadores da equipe que ia refazer uma viagem exploratória realizada em 1914, quando o bisavô dele e o então coronel Cândido Mariano Rondon desceram um rio encachoeirado que nasce em território dos índios Cinta-Larga, na Chapada dos Parecis, e que, naquela época, nem constava no mapa. (mais…)
O geógrafo britânico David Harvey acaba de confirmar visita ao Brasil, a convite da Boitempo Editorial, para realizar as conferências de lançamento do livro O enigma do capital e as crises do capitalismo. Serão três dias de eventos em universidades de São Paulo e do Rio de Janeiro: na segunda-feira, dia 27/02, a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) recebe Harvey no Teatro TUCA; na terça-feira, dia 28/02, é a vez da Universidade de São Paulo (FAU-USP); e na quarta-feira, dia 29/02, o autor marxista se apresenta na Universidade Federal do Rio de Janeiro (IFCS-UFRJ). Todos os eventos são gratuitos e sem necessidade de inscrição prévia. Confira a página oficial de David Harvey no Brasil. Abaixo, a Programação completa e dados sobre a obra.
Programação completa
27/02 | Segunda-feira | 19h30 – São Paulo (SP)
Teatro TUCA da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
Rua Monte Alegre, 1024 – CEP 05014-001, Perdizes – Tel. (11) 3670-8458
Com a presença de Leda Paulani (FEA/USP) e João Ildebrando Bocchi (FEA, PUC-SP)
Realização: APROPUC, Núcleo de Estudo de História: Trabalho, Ideologia e Poder (NEHTIPO), Departamento de História da PUC-SP, Faculdade de Ciências Sociais da PUC-SP e Boitempo Editorial
Apoio: PUC-SP e Teatro TUCA
28/02 | Terça-feira | 18h30 – São Paulo (SP)
Auditório da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (FAU/USP)
Rua do Lago, 876 – CEP 05508-900, Cidade Universitária – Tel. (11) 3091-4801
Com a presença de Ermínia Maricato (FAU/USP) e Mariana Fix (LabHab)
Realização: FAU/USP, Laboratório de Habitação e Assentamentos Humanos da FAU (LabHab), Pós-Graduação FAU/USP e Boitempo Editorial
29/02 | Quarta-feira | 18h – Rio de Janeiro (RJ)
Salão Nobre do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ (IFCS/UFRJ)
Largo de São Francisco, 01 – 2º Andar – CEP 20051-070 – Centro
Com a presença de Marco Aurelio Santana (PPGSA-IFCS-UFRJ)
Realização: Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Antropologia (PPGSA-IFCS/UFRJ), Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS-UFRJ), Núcleo de Estudos Trabalho e Sociedade (NETS-IFCS/UFRJ) e Boitempo Editorial
O enigma do capital e as crises do capitalismo
David Harvey
Em seu novo livro, O enigma do capital e as crises do capitalismo, David Harvey, o geógrafo acadêmico mais citado do mundo, desnuda as razões para o fracasso da sociedade de “livre mercado”, jogando por terra o argumento de que a crise financeira mundial, que começou em 2008 e está longe de acabar, não tenha precedentes. “Tento restaurar algum entendimento sobre o que o fluxo do capital representa. Se conseguirmos alcançar uma compreensão melhor das perturbações e da destruição a que agora estamos todos expostos, poderemos começar a saber o que fazer”, afirma o autor. Para tanto, Harvey estuda as condições necessárias para a acumulação do capital e utiliza rigoroso arsenal teórico ao expor o papel fundamental que as crises têm na reprodução do capitalismo e os riscos sistêmicos de longo prazo que o capital representa para a vida no planeta.
Riscos sistêmicos estes, inerentes ao capitalismo de livre mercado, que os economistas não foram capazes de compreender quando a crise estourou e até hoje parecem não ter ideia do que são ou do que fazer com eles. Nem sempre, porém, houve essa cegueira generalizada entre os economistas. Segundo Harvey, nos primeiros anos do capitalismo, economistas políticos de todos os matizes se esforçaram para entender os fluxos do capital, mas nos últimos tempos se afastaram do exercício de compreensão crítica para construir modelos matemáticos sofisticados, investigar planilhas e analisar dados sem fim. Qualquer concepção do caráter sistêmico desses fluxos foi perdida sob um monte de papéis, relatórios e previsões.
Com uma capacidade analítica singular, Harvey dirige-se de forma didática e acessível ao leitor pouco familiarizado com o jargão econômico ou marxista, sem ser simplista. Por meio da construção detalhada de cada conceito, torna a leitura gradativamente mais complexa na medida em que uma maior articulação é necessária para explicar a dinâmica do fluxo do capital, seus caminhos sinuosos e sua estranha lógica de comportamento, tarefa fundamental para explicar as condições em que vivemos atualmente.
Sobre o autor
David Harvey é um dos marxistas mais influentes da atualidade, reconhecido internacionalmente por seu trabalho de vanguarda na análise geográfica das dinâmicas do capital. É professor de antropologia da pós-graduação da Universidade da Cidade de Nova York (The City University of New York – Cuny) na qual leciona desde 2001. Foi também professor de geografia nas universidades Johns Hopkins e Oxford. Seu livro Condição pós-moderna (Loyola, 1992) foi apontado pelo Independent como um dos 50 trabalhos mais importantes de não ficção publicados desde a Segunda Guerra Mundial. Seus livros mais recentes, além de O enigma do capital (Boitempo), são: A Companion to Marx’s Capital (Boitempo, no prelo) e O novo imperialismo (São Paulo, Loyola, 2004).
Ficha técnica
Título: O enigma do capital e as crises do capitalismo
Título original: The enigma of capital and the crises of capitalism
Autor: David Harvey
Tradutor: João Alexandre Peschanski
Páginas: 240
Ano de publicação: 2011
ISBN: 978-85-7559-184-0
Preço: R$ 39,00 | Preço ebook: R$ 28,00 (disponível aqui e aqui)
Editora: Boitempo
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Vandana Shiva é uma mulher multifacetada: física, filósofa, pacifista e feminista. É uma das pioneiras do movimento ecofeminista e diretora da Fundação para a Pesquisa em Ciência, Tecnologia e Ecologia (Research Foundation for Science, Technology and Ecology, em inglês) em Nova Déli. Em 1993, recebeu o Prêmio Nobel Alternativo. É uma das vozes mais críticas contra a globalização e os alimentos manipulados geneticamente. A reportagem é de Mercé Rivas Torres, publicada no sítio Periodismo Humano, 17-02-2012. A tradução é do Cepat.
Para Vandana, “o ecofeminismo é colocar a vida no centro da organização social, política e econômica. As mulheres já a fazem porque é deixada para elas a tarefa do cuidado e da manutenção da vida.”. “O ecofeminismo, como seu nome indica, é a convergência da ecologia e do feminismo, explica didaticamente Vandana Shiva, que ficou famosa, nos anos 1970, ao impedir em seu país o corte indiscriminado das florestas, abraçando as árvores como milhares de mulheres, criando o movimento chipko.
Detentora de uma grande força vital e intelectual, Vandana explica a importância da ecologia e do feminismo para garantir a sobrevivência e a igualdade entre homens e mulheres que formam parte da mesma espécie. Essa mulher otimista foi capaz de mobilizar cinco milhões de camponeses da Índia contra a União Geral de Tarifas do Comércio e de colocar-se na liderança da grande mobilização contra a globalização na cúpula realizada pela Organização Mundial do Comércio (OMC), em Seattle, no final de 1999. (mais…)
“Não me consolo de constatar todo dia que o Brasil não deu certo. Ainda não deu certo. Não por culpa da terra, que é boa, nem do povo, que é ótimo. Mas das nossas classes dirigentes, tão tenazmente tacanhas que só sabem gastar gente a fim de lucrar e enricar. Para isso, sujigaram e mataram milhões de índios, estancando sua alegria de viver e corrompendo sua admirável adaptação ecológica à nossa terra. Para isso, caçaram em África, transladaram para cá e aqui consumiram, queimados no trabalho escravo, dezenas de milhões de negros.
O duplo produto desse espantoso desfazimento de povos pelo genocídio e pelo etnocídio é nossa elite infecunda, construída, de um lado, pelos descendentes de senhores de escravos, calejados na alma pelo exercício da opressão sobre o povo trabalhador, e de outro, pelos agentes e testas-de-ferro dos interesses estrangeiros que nos sangram. Todos eles bonitos, todos educados, todos formados, mas todos mancomunados para que o Brasil continue tal e qual. O outro produto – o principal, ainda que desde sempre desprezado – somos nós: um povão mestiço na carne e na alma em busca de seu destino”. (Darcy Ribeiro)
Nota de Paulo Gurgel Carlos da Silva – Em 17 de fevereiro de 1997 (há 15 anos) morria Darcy Ribeiro, antropólogo, escritor, cassado em 1964 e inventor da visão dos brasileiros como um “povo novo”.
http://blogln.ning.com/profiles/blogs/lembrando-darcy. Enviada por José Carlos.