Proposta foi apresentada durante o 1º Encontro de Lideranças dos Povos Indígenas do Rio Negro, realizado em São Gabriel da Cachoeira
Indígenas da região do Alto Rio Negro vão elaborar um sistema de sustentabilidade socioeconômico e cultural que explore uma série de potenciais característicos da região. O objetivo é fazer o gerenciamento dos recursos para potencializar, entre outras propostas, as produções indígenas nas áreas da biotecnologia, agrobiodiversidade, agroflorestal, do ecoturismo, mineração (com exceção da Terra Indígena Yanomami), cosméticos, artesanatos, plantas medicinais, na criação de animais de pequeno porte (piscicultura, aves, suínos e outros), no pagamento de serviços ambientais e contribuição dos profissionais indígenas.
O processo de implementação, execução e viabilização do sistema deverá ser feito pela Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn). A entidade deverá iniciar uma ampla campanha de mobilização e esclarecimento junto às organizações e associações de base para que, em conjunto, todas possam entender e atender às demandas das comunidades.
A proposta foi apresentada durante o 1º Encontro de Lideranças dos Povos Indígenas do Rio Negro, realizado no início deste mês em São Gabriel da Cachoeira (a 858 quilômetros de Manaus). Na ocasião, as lideranças discutiram a trajetória, a história e as perspectivas futuras para o movimento indígena do rio Negro, agregando conhecimento técnico e científico ao desenvolvimento econômico e geração de renda para mais de 700 comunidades.
O evento teve a participação do titular da Secretaria de Estado para os Povos Indígenas (Seind), Bonifácio José Baniwa, e representantes de 23 povos indígenas do Alto Rio Negro.
Economia
Como resultado do trabalho de três dias de análise e avaliação, ficou constatado que os povos indígenas não têm mais como viver da economia de subsistência. A partir do encontro, tanto a Foirn quanto as organizações e suas lideranças irão trabalhar a economia de mercado, com base no uso e extração dos recursos naturais existentes nas terras indígenas.
Para viabilizar a criação do “Sistema de Sustentabilidade do Rio Negro”, os indígenas concluíram que será necessária a formação de cooperativas indígenas de abastecimento, empresas e fábricas indígenas, um fundo para a captação de recursos e a criação de uma política específica.
Proteção
Outra proposta apresentada pelos indígenas é a necessidade de se elaborar um termo de ajustamento de conduta e normatização das atividades, com vistas à proteção do conhecimento tradicional, ao combate à biopirataria e proteção do conhecimento material e imaterial, associados a recursos genéticos dos povos indígenas do Rio Negro, de interesse econômico e propriedade intelectual.
O modelo de trabalho nas comunidades dos povos indígenas do Rio Negro deverá seguir a metodologia baseada no modelo familiar de produção das comunidades indígenas, respeitando-se os clãs e grupos de parentesco em suas demandas e expectativas.
Todo o sistema deverá considerar as perspectivas e demandas indígenas, inclusive com a formulação de um sistema monetário específico e local, garantindo assim a autonomia e autodeterminação dos povos indígenas do Rio Negro.
As informações são da assessoria de comunicação da Seind.
http://acritica.uol.com.br/amazonia/Amazonia-Amazonas-Manaus-Indios-Alto-Rio-Negro-sustentabilidade_0_646135490.html