A Vitória da Resistência!

A resistência dos Agricultores da Colônia Marajoara, município de Rio Maria, no Sul do Pará, obrigou a mineradora “Mineração Floresta do Araguaia” a respeitar as leis sociais e ambientais e a indenizá-los pelos danos causados

Foram sessenta e quatro (64) dias de ocupação da vicinal Babaçu, no sul do Pará, por famílias da Colônia Marajoara, que protestaram contra os gravíssimos problemas ambientais e sociais causados pela empresa.

As famílias dos lavradores se queixavam dos gravíssimos danos causados pelos 80 bi-trens (caminhões de grande porte) de 80 toneladas cada um, da “Mineração Floresta do Araguaia”, transitando em alta velocidade na vicinal Babaçu, dia e noite, provocando ruídos e poeira, insônias e doenças das famílias, principalmente das crianças, acidentes e até mortes de pessoas atropeladas pelos bi-trens. Todas as tentativas de chegar a uma solução amistosa com a empresa tendo fracassado,  as 45 famílias decidiram bloquear a vicinal Babaçu, obrigando os bi-trens a passar pela estrada do Bambu, aumentando consideravelmente o percurso deles até a BR 155 que dá acesso à siderúrgica de Marabá,  portanto diminuindo o lucro da empresa.

A ocupação da estrada vicinal teve inicio em 22 de setembro de 2011, e foi suspensa em O7 de dezembro de 2011, envolvendo 80% das famílias da Colônia, com participação efetiva nas atividades que foram desenvolvidas durante todo o processo, com a manutenção de um barraco na estrada e momentos de ações culturais.

Com o acompanhamento da CPT e do CEPASP as famílias conseguiram uma liminar do juiz de Rio Maria proibindo o trânsito dos bi-trens na vicinal. Diante dessa liminar e da determinação das famílias, a empresa “Mineração Floresta do Araguaia” assinou um Termo de Ajuste de Conduta-TAC, no qual se comprometeu a limitar a velocidade, colocar quebra-molas, suspender o transito dos bi-trens das 22h até 05 hs, alargar a estrada  nos trechos perigosos e manter a estrada molhada para acabar com a poeira.

Além disso, a empresa se comprometeu a indenizar as famílias pelo prejuízo sofrido durante esses anos, através da doação de um trator e de vários materiais para ajudar a desenvolver suas atividades agrícolas.

Desde o inicio desse ano 2012, a vida voltou na comunidade da Marajoara: a poeira já baixou muito, o trânsito melhorou, as famílias retomaram suas atividades, as crianças voltaram na escola, e dormem à noite, as pastagens são verdes, os animais recomeçaram a engordar, as vacas produzem leite, e as galinhas ovos.

A luta das famílias da Colônia Marajoara foi exemplar como resistência pacífica, corajosa e vitoriosa.

É a primeira vez que o povo do sul do Pará enfrenta uma dessas mineradoras poderosas para defender seus direitos sócios ambientais e á uma vida digna, sossegada e saudável.

As famílias sabem que a luta só começou porque os problemas ambientais causados pela empresa “Reinarda Mineração Ltda” com a exploração do ouro, permanecem. Essa exploração fez um ataque silencioso com a poluição de águas subterrâneas e superficiais, principalmente pelo cianeto que é um produto altamente tóxico, que causa a morte a longo prazo, ou de imediato, sobretudo de peixes e seres humanos.

Xinguara-Pará, 09 de fevereiro de 2012

CPT- Comissao Pastoral da Terra – Xinguara- Pará
CEPASP – Centro de Educação, Pesquisa e Assessoria Sindical e Popular
Associação dos Mini e Pequenos Produtores Rurais Vitória da Conquista

Enviada por Rodrigo de Medeiros Silva.

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