“A Presidência da Fiocruz, ao tomar conhecimento da interpelação judicial impetrada pelo Instituto Brasileiro de Crisotila, entidade que reúne a indústria do amianto, ao pesquisador e médico Hermano Albuquerque de Castro, que é servidor da Fundação, repudia a judicialização de um debate que está baseado em evidências técnico-científicas. Estudos da Organização Mundial de Saúde (OMS) e da Agência Internacional para Pesquisa em Câncer (Iarc, na sigla em inglês) atestam que o amianto é uma fibra cancerígena, assim como a Resolução 348 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), que considera ser o amianto um resíduo perigoso e cancerígeno para aqueles que o manipulam.
O amianto é utilizado em telhas e caixas d´água. De acordo com dados do Iarc, a exposição ao amianto está relacionada à ocorrência de diversas patologias. O mesmo órgão inclui o amianto no grupo 1 – o dos reconhecidamente cancerígenos para os seres humanos, pois não foram identificados níveis seguros para a exposição às suas fibras. O uso do amianto já está proibido em 52 países.
No momento, a Fundação prepara um documento oficial que servirá de referência e fundamentação científica, comprovando o caráter cancerígeno do amianto. Após o Carnaval, em 24 de fevereiro, uma teleconferência promovida pela Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde e que reunirá médicos do trabalho, pneumologistas e outros profissionais de saúde que lidam com o tema, também produzirá um documento com um posicionamento claro e inequívoco sobre os problemas causados pela manipulação do amianto em trabalhadores desse setor industrial.
O pesquisador Hermano Albuquerque de Castro, que tem 30 dias para responder à interpelação judicial, goza da confiança e do respeito da Presidência e da comunidade da Fiocruz pela sua competência técnico-científica, postura ética e compromisso social, tendo ocupado posições de direção e de representação institucional que o qualificam como profissional de referência na saúde pública e, especificamente, no campo da saúde do trabalhador e da pneumologia.
A Fundação presta solidariedade a Hermano Albuquerque de Castro e lamenta a tentativa de intimidação e de se criar barreiras à liberdade de expressão e de pesquisa científica”.
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Enviada por Emilia Wien.