Após proibir grupo de candomblé em igreja, bispo cancela missa em MS

Lavagem da escadaria depois da missa, em 2010 (Foto: Divulgação/ Prefeitura de Corumbá)

Integrantes do candomblé assistiam à missa e lavavam escadarias. Bispo em Corumbá disse que não há coerência religiosa nessa participação

Silvia Frias

O bispo Dom Martinez Alvarez, de Corumbá, cancelou a Santa Missa prevista para o dia 30 de dezembro, na Igreja Matriz da cidade, distante 444 quilômetros de Campo Grande. A decisão veio depois que foi proibida a participação dos integrantes do candomblé e da umbanda na missa, ritual que era realizado há sete anos. O grupo poderia apenas fazer a lavagem da escadaria, mas o templo estaria fechado para eles.

Desde 2004, os integrantes das religiões das matrizes africanas assistem à Santa Missa no dia 30, vestidos com as roupas tradicionais, sentados nos primeiros bancos da igreja. Após a celebração, eles saíam e lavavam a escadaria da igreja. Esta participação dentro do tempo já havia sido vetada, mas o bispo resolveu cancelar as missas dos dias 30 e 31 de dezembro.

O bispo disse que já repassou a decisão para os integrantes do candomblé e da umbanda. “Não foi um cancelamento de um momento para outro, foi uma decisão pensada”, disse Alvarez. O bispo explica que a presença do grupo na missa não tem coerência religiosa, pois nunca houve uma união real entre os cultos. “É uma questão doutrinária”. O pároco da Igreja Matriz, padre Fábio Vieira, disse que concorda com a decisão do bispo e com os motivos do cancelamento.

O presidente da Associação Corumbaense das Religiões de Matrizes Africanas do Pantanal e Região (Acorema) e delegado das religiões de matrizes sul-africanas do Centro Oeste, Clemílson Pereira Medina, nega que tenha sido avisado oficialmente pelo bispo da decisão de cancelar a missa. “Corumbá vai perder com isso, eles [bispo e padre] não estão respeitando nem os fieis da igreja deles; as famílias mais tradicionais da cidade esperam essa missa” (sic! TP.), disse.

Medina disse que vai manter a lavagem da escadaria, no dia 30 de dezembro, mesmo sem a Santa Missa. Antes, no dia 29, está previsto uma caminhada em defesa da liberdade religiosa.

http://g1.globo.com/mato-grosso-do-sul/noticia/2011/12/apos-proibir-grupo-de-canbomble-em-igreja-bispo-cancela-missa-em-ms.html

Comments (1)

  1. Isso não é racismo, aliás, essa onda de taxar td com discriminação, racismo, e homofobia ta impregnada na ignorância social.

    As Religiões possuem seus lugares de culto, devidamente legalizado nos orgãos competentes, e qdo desejam fazer manifestações em lugares públicos, podem sim, desde que haja autorização na prefeitura da cidade. A Escadaria da igreja não é via pública, até porque ela foi feita dentro do terreno da igreja, sendo assim não há amparo legal para tal culto, e mesmo que seja uma tradição, nao significa que era algo correto. Existem tradições que foram abandonadas que ja feriram códigos morais, éticos e religiosos. Então, tradição não é sinônimo de algo legalmente correto.

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