MA – Seminário em Buriticupu mostra alternativas a modelo imposto pela Vale

No dia 10 de dezembro, data em que se comemora o dia Internacional dos Direitos Humanos, aconteceu o I Seminário de Resistência e Propostas das Comunidades do Município de Buriticupu (MA), que se encontram ao longo dos trilhos da Estrada de Ferro Carajás – EFC.

Realizado na comunidade do Centro dos Farias, contou com mais de 60 pessoas presentes, entre moradores de nove comunidades atingidas pela Vale.

Participaram também representantes do poder legislativo do município de Buriticupu, como a presidenta da Câmara Maria José, do Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu, de membros da rede Justiça nos Trilhos e da assessora de agroecologia, professora Marilena.

Durante uma parte do dia, moradores expuseram as principais dificuldades de viverem às margens dos trilhos da Vale: “a chegada da empresa em nossas terras ameaça de ‘comer’ espaço nos quintais das famílias daqui do Centro dos Farias para duplicação dos trilhos”, aponta João Filho.

Raimundo Leite, da Vila Pindaré, locutor da Rádio Cidade, relata a destruição provocada pela mineradora: “morrem por atropelamento dezenas de animais, além de 4 pessoas nos últimos tempos ao longo dos trilhos. Há 6 poços destruídos pelas vibrações do trem, roças prejudicadas e cortadas pelos trilhos, além de  idosos sofrendo pelo barulho noite e dia do trem passando, com sua buzina”.

Há pessoas que sofreram represálias por parte da Vale e que preferem não se identificar: “fui  intimidado pelos funcionários para não falar mal da empresa, mas não vão conseguir me calar”.

Para Francisco das Chagas, da Vila Labote, é difícil entender: “ainda nos falta escola e energia, apesar de estar passando ao nosso lado a maior companhia mineradora do mundo”.

*Propostas*

Diante de um projeto que exclui as populações que moram ao longo da EFC, em Buriticupu foram debatidas formas de resistência a partir das capacidades da população local.

A rede Justiça nos Trilhos está tentando organizar junto aos moradores um curso de agroecologia e outro de economia solidária, além da formação popular continuada que a rede vem realizando em parceria com o Fórum de Políticas Públicas de Buriticupu nas comunidades.

A professora Marilena, especialista em agroecologia há vinte anos assessorando dezenas de municípios no Maranhão, apresentou o curso à população: “Será um curso prático, ‘aprender fazendo juntos’. O curso será também ocasião para compartilhar experiências e dialogar entre pessoas de diferentes comunidades”, informa.

Ainda, conforme a professora, o curso “ajudará a preparar hortas orgânicas, cultivar plantas medicinais, compreender as regras da natureza e do controle biológico, respeitar a natureza, aproveitar do lixo e não desperdiçá-lo”.

O curso terá 45 participantes. Será dividido em seis módulos ao longo do ano inteiro e exige implementação do que foi aprendido nas propriedades de cada participante.

Enviada por Vania Regina Carvalho.

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