Especialistas apontam prejuízo irreparável para a fauna. Muitos animais podem chegar às cidades para escapar do fogo, principalmente pássaros, que têm mais capacidade de fuga
Flávia Ayer
A casa foi engolida pelas chamas, o alimento se transformou em cinzas e, diante das labaredas descontroladas, tudo que lhes restou foi a tentativa de salvar a própria vida, numa corrida desenfreada pela sobrevivência. Ainda não se sabe quantos foram bem-sucedidos nessa empreitada, mas já se fala de prejuízo inestimável para a fauna causado pelo fogo que consumiu os parques das serras do Curral e do Rola Moça. No caminho da fuga, a expectativa é de que muitos refugiados saiam das áreas de vegetação queimada e aportem em meio ao concreto da cidade grande.
Um tapeti, espécie de coelho de hábitos noturnos, comum na Serra do Curral, foi avistado no meio do Parque das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de BH, em plena luz do dia esta semana, e pode ser o primeiro sobrevivente identificado. Mas a espera maior é pelos pássaros, que têm maior poder de fuga. Gaviões-peneira, falcões-de-coleira, periquitos-rei, sanhaçus-de-encontro-amarelo, bandoletas, campanhias-azuis, espécies típicas de campos rupestres, vegetação característica das áreas queimadas, podem estar a caminho de BH, dispostos a disputar espaço e alimentos com bem-te-vis, sabiás e almas-de-gato. (mais…)