Cientistas anunciam rio subterrâneo de 6 mil km embaixo do Rio Amazonas

Pesquisadores do Observatório Nacional (ON) encontraram evidências de um rio subterrâneo de 6 mil quilômetros de extensão que corre embaixo do Rio Amazonas a uma profundidade de 4 mil metros. Os dois cursos d”água têm o mesmo sentido de fluxo – de oeste para leste -, mas se comportam de forma diferente. A reportagem é de Alexandre Gonçalves e publicada pelo jornal O Estado de S.Paulo, 25-08-2011.

A descoberta foi possível graças aos dados de temperatura de 241 poços profundos perfurados pela Petrobrás nas décadas de 1970 e 1980, na região amazônica. A estatal procurava petróleo.

Fluidos que se movimentam por meios porosos – como a água que corre por dentro dos sedimentos sob a Bacia Amazônica – costumam produzir sutis variações de temperatura.

Com a informação térmica fornecida pela Petrobrás, os cientistas Valiya Hamza, da Coordenação de Geofísica do Observatório Nacional, e a professora Elizabeth Tavares Pimentel, da Universidade Federal do Amazonas, identificaram a movimentação de águas subterrâneas em profundidades de até 4 mil metros. (mais…)

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Tratamento especial para agricultura familiar é consenso em debate sobre Código Florestal

Por Iara Guimarães Altafin, da Agência Senado

A definição, no novo Código Florestal, de normas especiais para agricultura familiar foi apoiada pelos ex-ministros do Meio Ambiente que participaram de debate nesta quarta-feira (24) no Senado. Marina Silva, Carlos Minc, Sarney Filho e José Carlos Carvalho concordaram que os agricultores familiares devem ser considerados de forma diferente no texto do novo Código Florestal. Esse ponto de vista também é consensual entre os senadores que se manifestaram na audiência pública.

O texto aprovado na Câmara (PLC 30/2011) foi criticado por prever vantagens para todas as propriedades com até quatro módulos fiscais. Para ser classificada como familiar, uma propriedade deve ter no máximo quatro módulos fiscais, mas nem toda propriedade desse tamanho é familiar. Além de área máxima, um estabelecimento familiar deve utilizar predominantemente mão de obra própria, ser administrado pela família e ser a exploração da área sua principal fonte de renda. Entenda aqui os conceitos de agricultura familiar. (mais…)

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Indígenas lançam manifesto contra os riscos dos “negócios verdes”

Mais organizados e articulados, indígenas lutam para serem ouvidos
Mais organizados e articulados, indígenas lutam para serem ouvidos

Numa mobilização inédita, indígenas de nove países na América do Sul lançam manifesto e alertam para o risco de ações criminosas na Amazônia. Comunidades também denunciam assédio de empresas que buscam lucro ilícito.

Como não têm formação acadêmica e não pertencem a um think tank de renome internacional, indígenas esbarram sempre na dificuldade de serem ouvidos. “A maioria das autoridades ignora o nosso conhecimento tradicional, que vem dos ancestrais, acha que é bobagem. Mas queremos mostrar que entendemos sobre tudo isso que está acontecendo. Queremos colaborar com todo o processo de discussão sobre a crise climática e temos muito a contribuir”, garante Sônia Guajajara, da COIAB (Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira).

Com o objetivo de chacoalhar a opinião internacional, uma mobilização inédita reuniu povos indígenas da Amazônia e organizações nacionais de nove Estados na América do Sul com o objetivo de chamar a atenção para problemas já conhecidos por todos os governos: “A crise climática e ambiental é gravíssima, em pouco tempo será irreversível, os poderes globais e nacionais não podem nem querem detê-la, e pior, pretendem aproveitá-la com mais ‘negócios verdes’ mesmo que ponham em perigo todas as formas de vida.” (mais…)

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Área equivalente à cidade de Natal pode ser desmatada por Belo Monte

Hidrelétrica no Pará será a segunda maior do país em geração de energia. Até 175 km² de florestas serão suprimidos; empreendedor promete replantio.

Árvores derrubadas para alargamento de estrada que dá acesso aos acampamentos e à Transamazônica (Foto: Mariana Oliveira / G1)
Árvores derrubadas para alargamento de estrada que dá acesso aos acampamentos dos trabalhadores da usina e à Transamazônica (Foto: Mariana Oliveira / G1)

 

Mariana Oliveira, do G1, em Altamira

A construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará, pode ser responsável pelo desmatamento de até 175 km² de florestas da Amazônia, uma área equivalente ao tamanho da cidade de Natal, capital do Rio Grande do Norte, que tem 167 km² de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

A obra da hidrelétrica de Belo Monte é a maior em andamento no Brasil. A usina será a segunda do país em capacidade de geração de energia, atrás apenas da binacional Itaipu. O governo diz que Belo Monte é essencial para suprir a demanda energética do país em razão do crescimento econômico e, por isso, persiste na construção da usina apesar de todos os questionamentos dos impactos socioambientais. (mais…)

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Greve nacional reforça protestos estudantis no Chile

Líderes sindicais no Chile iniciaram ontem uma greve nacional de dois dias em apoio às exigências dos estudantes por educação gratuita e outras reformas, aprofundando o pior conflito social que o país já viveu desde o retorno à democracia, em 1990. A reportagem é de Jude Webber e publicada pelo jornal Valor, 25-08-2011.

O Chile – amplamente considerado um modelo de estabilidade política e progresso econômico numa região imprevisível -, vive há três meses a agitação resultante de protestos estudantis que fizeram a taxa de aprovação de Sebastián Piñera, o mais impopular presidente do país, cair para apenas 26%.

A prisão de centenas de manifestantes durante os confrontos violentos e, na quarta-feira, o uso de gás lacrimogêneo e canhões de água pela polícia de choque para dispersar bloqueios expuseram o descontentamento no coração do milagre econômico no maior produtor de cobre no mundo.

O governo disse que a greve está produzindo poucos efeitos e que os serviços de metrô e ônibus na capital, Santiago, funcionavam normalmente. Mas Rodrigo Ubilla, subsecretário do Ministério do Interior, disse que a polícia está preparada para enfrentar tentativas de “alguns grupos violentos” de bloquear estradas, e que tem ordens para desobstruí-las. (mais…)

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Mulher ou militante, por Maria Rita Kehl

Na trajetória de Dilma, pesa menos a questão de gênero, tanto que ela recusou o estereótipo maternal que faria par ao paternal Lula. Por Maria Rita Kehl. Foto: AP

Que diferença representa para o Brasil a eleição, pela primeira vez na nossa história, de uma presidente mulher? No plano simbólico, é evidente que a escolha de Dilma Rousseff para presidente ou presidenta do Brasil revela a ausência, ou pelo menos a irrelevância dos preconceitos sexistas na determinação do voto de grande parte dos brasileiros. Também não houve, em público, manifestações machistas em reação aos primeiros problemas enfrentados pela presidenta. Passados quase oito meses desde a posse, os recentes escândalos em alguns ministérios, os primeiros sinais de inflação e o risco de desaceleração econômica provocaram uma queda de 8 pontos na aprovação da presidenta, que ainda -assim continua mais alta do que a de todos os seus antecessores em início de governo-, desde a volta das eleições diretas.

Grosso modo, a escolha de Dilma parece ter sido mais pautada por razões políticas e interesses de classe do que pelo imaginário de gênero. Se assim foi, o mérito é todo dela. Durante os oito anos de seus dois governos, o presidente Lula perdeu grandes oportunidades de politizar os eleitores ao definir a relação necessariamente conflituosa entre a sociedade e seus governantes a partir de metáforas ligadas à vida familiar. Fiel ao seu estilo de “homem cordial”, na acepção de Ribeiro Couto e Sérgio Buarque de Hollanda, Lula desde o início se apresentou como pai dos brasileiros. Antes da campanha de 2010, já apresentava sua futura candidata como a “mãe do PAC”. Dilma comprou o rótulo por conveniência, mas teve o mérito de não encarnar o estereótipo maternal que faria par com o estilo carismático e paternalista de Lula. (mais…)

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