Vida e morte nos caminhos Guarani

Egon Dionísio Heck, Assessor do Conselho Indigenista Missionário (CIMI) Mato Grosso do Sul

Foram mais de mil quilômetros andados pelas aldeias e acampamento Kaiowá-Guarani, na fronteira com o Paraguai. Ali a vida anda de vagar, e a morte espreita nas esquinas da estrada.

Em todos os lugares em que chegávamos entregávamos uns papeis muito singelos. Eram os convites para a Aty Guasu no Passo Piraju. Oportunidade ímpar para rever os amigos, sentir o pulsar forte do coração Kaiowá-Guarani em suas diversas circunstâncias. Momento de ouvir palavras sábias do Nhanderu Atanásio, de sentir a alegria do grupo do Ypo’i, para os quais levamos material escolar, pois estavam dando aula “apenas com papel sulfite” como nos confidenciou uma liderança. Para eles também entregamos exemplar da revista Mensageiro que traz na capa foto de duas crianças do Ypo’i. À equipe da revista queremos externar, em nome dos Kaiowá Guarani a gratidão por todo o apoio que deram, e dizer que valeu e muito, a divulgação da realidade desse povo através do vídeo Semente de Sonhos, que foi distribuído em vários países da América do Sul.

A lua nos guiou até Kurusu Ambá. Lá chegamos ao entardecer. A comunidade estava reunida, celebrando a importante vitória que conseguiram na Justiça Federal, 3ª. Região, em São Paulo. Por unanimidade os juízes entenderam que a comunidade poderia ficar no local em que estão desde novembro de 2009, quando retornaram a uma pequena mata, do seu tekohá Kurusu Ambá. Foi maravilhoso poder passar a noite marcada pelo ritual e depois o silêncio total, apenas rompido pelos ruídos de alguns animais e aves. A lua cheia à beira do riacho foi um espetáculo à parte. São esses raros momentos de oásis, na turbulência e violência em que se encontram a maioria das aldeias e acampamentos. Eliseu, liderança que representa a Aty Guasu e movimento Kaiowá-Guarani, na Articulação dos Povos Indígenas do Brasil – APIB construiu, na aldeia, uma casa para receber os visitantes. Passamos aí uma noite maravilhosa. Andar nas trilhas da mata e sentir um pouco do bem viver que procuram aí construir, é um privilégio. (mais…)

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“Não estamos extintos e não somos bichos”

Reduzido, povo Avá-Canoeiro do Araguaia em luta por sua sobrevivência

Renato Santana, de Brasília

Tapwri é uma jovem magra, de longos cabelos negros, lisos, e olhar corajoso. Tapwri é índia Avá-Canoeiro do Araguaia e vive em terras Karajá no sudeste de Tocantins (TO) – o restante de sua família vive em aldeias na Ilha do Bananal, território Javaé, no mesmo estado. Tapwri fala a língua originária, conhece a história e cultura dos Avá e luta por um futuro no território de onde seu povo foi expulso de forma cruel e violenta. Tapwri não está extinta. Os Avá-Canoeiro do Araguaia não estão extintos e em julho quebraram o silêncio que há décadas os mantinham em completo esquecimento para a burocracia dos escritórios de Brasília (DF). “Não estamos extintos e não somos bichos”, disse Tapwri durante a sessão plenária da Comissão Nacional de Política Indigenista (CNPI), em Sobradinho (DF).

Quase um mês depois, no último dia 11 de agosto, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) portaria da Fundação Nacional do Índio (Funai) que constitui Grupo Técnico (GT) “com o objetivo de realizar estudos” para a identificação e delimitação da Terra Indígena Avá-Canoeiro do Araguaia, no município de Formoso do Araguaia (TO). A coordenadora do GT será a antropóloga Patrícia de Mendonça Rodrigues, a principal responsável pelo ressurgimento da questão dos Avá. Por intermédio de um estudo dela é que a Funai definiu a criação do GT. Enquanto estudava os Javaé, com quem conviveu em períodos intercalados durante 20 anos, a antropóloga descobriu os Avá e o interesse deles pela Mata Azul, terra próxima a Ilha do Bananal. (mais…)

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O ódio ao imigrante é um dos produtos de um jornalismo sórdido que alimenta a direita

RACISMPor: Mauro Santayana

O ódio ao imigrante é um dos produtos de um jornalismo sórdido que alimenta a direita, da Alemanha à Inglaterra, dos EUA ao Brasil.

Entre as explicações para a grande tragédia de Oslo – anúncio sangrento de que o nazismo, com outros nomes, está de volta –, uma não mereceu maior atenção dos analistas: a influência dos grandes meios de comunicação, como os controlados por Rupert Murdoch, xenófobos, anti-islâmicos, defensores de uma “Europa limpa e pura”.

Não é difícil associar o processo de homogeneização dos meios de comunicação do mundo inteiro – na defesa de ideias como as de que há uma guerra de civilizações, entre o Islã e o Ocidente Cristão – e o crescimento global de organizações de extrema direita. Melanie Phillips, no Daily Mail, resumiu a situação: “Brejvik talvez seja um psicopata desequilibrado, mas o que emerge agora de seu ato atroz é o delírio de uma cultura ocidental que perdeu sua razão”. (mais…)

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Perú: Colonos invasores asesinan comunero cacataibo por defender territorio comunal

Servindi, 15 de agosto, 2011.- Colonos invasores asesinaron al comunero cacataibo Segundo Reátegui por defender territorios de la comunidad nativa Puerto Nuevo II, en la provincia de Puerto Inca. Durante el ataque, falleció el hijo del indígena de dos años. Debido a las invasiones, en la que están involucradas autoridades, numerosas hectáreas de bosques han sido deforestadas.“El pueblo cacataibo ya no tolera más estas invasiones. Se ha encarcelado dirigentes indígenas injustamente; el 19 de julio asesinaron a ese comunero, cuya esposa ha sido amenazada por colonos, y se está depredando bosques que la comunidad conservaba hace mucho tiempo”, dice Francisco Ruiz, presidente de la Federación Nativa de Comunidades Cacataibo (Fenacoca).

A través de un pronunciamiento, esta organización se solidarizó con la lucha del Pueblo Cacataibo. Pidió a las autoridades competentes que investiguen el homicidio. E instó a la Dirección Regional Agraria de Ucayali y Huánuco a no entregar constancias y certificados de posesiones a los colonos.

“Respaldamos la lucha de nuestros hermanos indígenas, puesto que somos conocedores de la terrible violencia que vienen sufriendo y la consecuente vulneración de sus derechos como seres humanos y pueblo. Sentimos su dolor, rabia e impotencia, porque son los mismos sentimientos que nos invaden al escuchar el terrible crimen que sucedió en nuestro territorio”. (mais…)

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Ministra do Meio Ambiente nega que parques nacionais foram reduzidos para dar lugar à mineração

Thais Leitão, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, negou hoje (16) que a alteração nos limites dos parques nacionais da Amazônia, de Campos Amazônicos e Mapinguari, todos na região amazônica, tenha como objetivo permitir a exploração mineral no entorno dessas áreas.

“Não tem mineração, até onde eu sei”, afirmou a ministra, ao participar, no Rio de Janeiro, da assinatura de um acordo de cooperação ambiental entre os governos brasileiro e norte-americano. Segundo ela, já estava previsto que algumas dessas áreas, que estavam sob administração do estado de Rondônia, fossem “desafetadas”.

“Uma das alterações é um acordo feito com o estado de Rondônia. E, pelo acordo, o parque já estaria desafetado. Então, o governo federal está fazendo isso”, explicou. “Qual é a dificuldade de poder desafetar uma área que já era de desafetação quando estava na esfera estadual? A área estadual veio para a área federal e ainda tivemos outros ganhos em outras áreas que foram incorporadas. Nós ampliamos a área de proteção e estamos desafetando menos de 1% do parque, o que já estava previsto e o governo de Rondônia não fez”, completou a ministra. (mais…)

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Assassinato de juíza expõe corrupção policial e avanço do crime organizado no Rio, diz Anistia Internacional

Vitor Abdala, Repórter da Agência Brasil

Rio de Janeiro – A execução da juíza Patrícia Acioli expõe “os profundos problemas de corrupção policial” e o avanço do “crime organizado” no Rio de Janeiro, segundo nota divulgada hoje (16) pela Anistia Internacional.

A magistrada, que trabalhava na Vara Criminal de São Gonçalo, no Grande Rio, foi morta com 21 tiros na noite de quinta-feira (11), no município de Niterói.

“A morte de uma juíza que estava simplesmente realizando seu trabalho foi um golpe no Estado de Direito e no sistema judicial no Brasil”, diz, por meio da nota, o representante da Anistia Internacional no Brasil, Patrick Wilcken. “As autoridades precisam fazer uma investigação profunda e independente para levar os responsáveis à Justiça.”

De acordo com a Anistia Internacional, não basta julgar os culpados pelo crime. As autoridades federais, estaduais e municipais precisam dar proteção aos envolvidos na investigação e no julgamento de policiais corruptos e quadrilhas. (mais…)

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Parques Nacionais são revistos para instalação de hidrelétricas do Rio Madeira e Tabajara

Para Tabajara poderão ser realizados os estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental

Alexandre Canazio, da Agência CanalEnergia

A presidenta Dilma Rousseff publicou no Diário Oficial da União da última segunda-feira, 15 de agosto, a Medida Provisória 542, que altera os limites dos parques nacionais Amazônia, Campos Amazônicos e Mapinguari. No caso dos dois últimos, as áreas desafetadas serão usadas para a instalação dos reservatórios das usinas do Rio Madeira – Santo Antonio e Jirau – e de Tabajara.

O Parque Nacional dos Campos Amazônicos passa a ter uma área aproximada de 961.320 hectares, que abrange terras nos estados do Amazonas, Rondônia e Mato Grosso. Foram excluídas áreas de alagamento do reservatório da hidrelétrica de Tabajara na cota 80 metros e remansos. Poderão ser realizados ainda estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental do emprendimento, incluindo os estudos de impacto ambeintal, desde que autorizados pelo órgão responsável pela unidade. (mais…)

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RS – Coordenadoria de Igualdade Racial participa de Encontro de Educação

A Coordenadoria Municipal de Políticas Públicas de Promoção da Igualdade Racial – COMPPPIR , participará nesta quarta-feira do I Encontro de Educação Escolar Quilombola evento promovido pelo Departamento de Educação e Desenvolvimento Social da Pró-Reitoria de Extensão da UFRGS, em parceria com a Defensoria Pública da União do Rio Grande do Sul (DPU/RS) que acontece em Porto Alegre, na Estação Experimental Agronômica da UFRGS – Eldorado do Sul.

O evento tem como objetivos: reunir as Comunidades Quilombolas do Rio Grande do Sul, Movimento Social Negro e Movimento Quilombola, Gestores da Educação Pública e Universidades; construir um espaço de discussão coletiva e permanente acerca da educação escolar em quilombos articulada às demais demandas dos territórios: saúde, moradia, regularização fundiária, sustentabilidade e outras. (mais…)

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Convocatoria Encuentro de Jóvenes Afrodescendientes en Quito

En el Año Internacional de los Afrodescendientes, la OIJ co-organiza y convoca a la realización del Diálogo Regional de Juventudes Afrodescendientes sobre Democracia y Ciudadanía, que se realizará el 20 y 21 de octubre, en Quito, y cuyo proceso de inscripción está abierto hasta el 5 de septiembre.

El encuentro tiene como objetivo primordial facilitar la construcción de una agenda de trabajo para la formación de políticas de desarrollo humano de las Juventudes Afrodescendientes de América Latina y el Caribe, promover la ampliación y consolidación de espacios de participación de las juventudes y contribuir a la generación de consenso entre los y las jóvenes en torno a elementos claves para la formulación de políticas públicas que promuevan el ejercicio de su plena ciudadanía. El trabajo en las dos jornadas se dividirá en tres ejes: socio-económico, socio-político y socio-cultural.

La convocatoria se dirige a reunir 60 líderes y lideresas jóvenes afrodescendientes (30 de la región y 30 de Ecuador, el país anfitrión) propuestos por sus organizaciones. Los postulantes deben cumplir con los siguientes requisitos: (mais…)

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Grileiros invadem e ameaçam índios no sul do Amazonas e Funai pede Força de Segurança

Segundo um funcionário do posto da Funai em Humaitá, madeireiros ilegais estão ameaçando indígenas da etnia tenharim

Elaíze Farias

A pressão de invasores e grileiros na Terra Indígena (TI) do povo Tenharim, no sul do Amazonas, vem aumentando nos últimos dois anos e se agravou mais ainda nas últimas semanas.  As ameaças contra a vida dos indígenas também passaram a ser freqüentes e deixaram se ser veladas.

A denúncia é de um servidor do posto da coordenação regional do Madeira da Fundação Nacional do Índio (Funai) localizado no município de Humaitá (a 591 quilômetros de Manaus), que na semana passada também sofreu ameaças de madeireiros residentes no distrito de Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (a 332 quilômetros de Manaus), vizinha de Humaitá.  O servidor está orientado pela Funai a não se identificar por medida de segurança.

Segundo o servidor, a situação está tão crítica e preocupante que a coordenação da Funai em Humaitá vai solicitar da presidência do órgão a presença da Força Nacional para a área.  O pedido será realizado nesta semana pelo coordenador do posto, Valmir Parintintin, que está em Brasília. (mais…)

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