Rio de Janeiro abrigará museu em homenagem ao Almirante Negro

Por Daiane Souza* – Passados 131 anos do nascimento de João Cândido Felisberto, o Almirante Negro que lutou pelo fim dos castigos corporais no início do século XX e pela melhoria das condições de trabalho na Marinha, terá em sua homenagem um museu na cidade fluminense de São João do Meriti, onde viveu seus últimos anos. O presidente da Fundação Cultural Palmares, Eloi Ferreira de Araujo, reuniu-se dia 12/07 com o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (IBRAM), José do Nascimento Júnior, e o prefeito do município de São João do Meriti, Sandro Matos, no Rio de Janeiro, para acompanhar o andamento do processo de implantação do museu e discutir algumas possibilidades de parcerias internas e externas.

“Este projeto vai aumentar o valor cultural da Baixada Fluminense e elevar a autoestima de sua população. Será o primeiro museu dedicado a este que é um dos maiores heróis da história brasileira”, disse o presidente da Palmares.

Para a Fundação, é importante que a população brasileira reconheça a luta do homem que mudou o rumo da história da Marinha e da população negra brasileira ainda no período pós-escravocrata. Eloi Ferreira reforça que o museu será uma importante ferramenta para que a história deste herói seja sempre lembrada. O acervo será doado pela família do marinheiro, pela Palmares e pela Marinha do Brasil. (mais…)

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Incêndio criminoso, por Telma Monteiro

No intervalo do incêndio quando achamos que o fogo tinha sido controlado

Os criminosos que atearam fogo nas divisas do nosso sítio, onde moramos há quinze anos, sabiam direitinho como nos colocar em risco e como o fogo se fecharia sobre nós vindo de duas frentes. Era sábado, as poucas pessoas da comunidade tinham ido à cidade e estávamos vulneráveis. A divisa oeste tem 1ooo metros para uma estrada secundária de terra e a divisa sul tem 1500 metros para a propriedade vizinha, onde não tem edificações e não mora ninguém. Ao longo das duas divisas foi possível achar os pontos onde estiveram os focos, muito bem planejados, que deram origem ao incêndio. Da parte mais alta do sítio era possível divisar um horizonte de mais de 20 quilômetros de mata, em 360°, sem uma fumacinha sequer. Só ardia o perímetro de nossa propriedade. Estávamos experimentando o horror de sermos alvos de um atentado.

Telma Monteiro

Era para ser um dia glorioso. Às 8 horas da manhã, o céu estava muito azul e a mata resplandecia com o pouco orvalho da madrugada em tempos secos. Muitos passarinhos anunciavam mais um sábado agradável no interior dessa maravilhosa e biodiversa Mata Atlântica do alto Vale do Ribeira, sul do estado de São Paulo.

Nossa rotina foi a mesma. Tomamos nosso café da manhã na varanda de frente para o leste onde a mata sobe uma encosta. No lado sul, onde a varanda faz um L, a mata se debruça sobre nossa casa para onde vêm os jacus, os tucanos, os esquilos e os passarinhos dos mais diversos matizes em busca de comida nas folhas das helicônias vermelhas e amarelas. Bordeando  a casa uma grande cigarreira, agora quase totalmente seca no inverno, se esgalha sobre o telhado deixando cair as últimas folhinhas. (mais…)

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Biólogo é processado por consultoria da OSX em Santa Catarina

Vera Gasparetto, de Florianópolis/SC

Desde março último tramita na Justiça de Santa Catarina um processo da consultoria Caruso Jr. contra o biólogo Paulo Simões Lopes, um dos “protagonistas” da retirada do estaleiro da OSX, que o empresário Eike Batista pretendia instalar em Biguaçu, grande Florianópolis, no meio de três unidades de conservação federal.

Simões Lopes foi contratado pela Caruso Jr. para um parecer sobre o impacto do empreendimento sobre os golfinhos, que foi omitido do Estudo e Resultado de Impacto Ambiental (EIA/Rima) e rechaçado por diretores da OSX. O biólogo Simões Lopes declarou ao Portogente que não irá se posicionar porque a Justiça está fazendo seu trabalho. “O momento requer cautela e com certeza baseada em provas e fatos a Justiça tomará a sua decisão”, disse.

Portogente apurou que no Conselho Regional e Biologia não há nenhuma representação contra Simões Lopes. O vice-presidente do Conselho Comunitário Pontal do Jurerê, João Manoel do Nascimento, avalia que ao processar o professor, a Caruso Jr. está chamando a atenção para o fato de que oculta dados que são desfavoráveis aos seus clientes nos seus estudos de impacto ambiental. Para ele, a empresa induz as autoridades ambientais a cometerem análises erradas de seus empreendimentos. “Nada pode ser ocultado nesta espécie de estudo”. (mais…)

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Educadores da Reforma Agrária se reúnem no Mato Grosso

Da Página do MST

O 4º Encontro Estadual de Educadores da Reforma Agrária do estado de Mato Grosso começou na sexta-feira (15/7), com a participação de 96 pessoas de nove escolas de nove assentamentos.

O encontro, que termina nesta segunda-feira, é um momento de formação, articulação, reflexão e organização do Setor de Educação do MST, buscando formas de articular a luta pela educação coletivamente entre as diversas escolas.

A atividade envolve também professores que ainda não tem vinculo orgânico com a luta das famílias assentadas e da Reforma Agrária. (mais…)

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Governo leva mutirão à região de Belo Monte

Luana Lourenço, Repórter da Agência Brasil

Brasília – O governo começa hoje (18) na região da Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu (PA), uma força-tarefa para tentar reduzir os impactos socioambientais da obra. Onze municípios deverão ser atendidos pelo mutirão, que inclui medidas de regularização ambiental e fundiária e ações de saúde.

De acordo com o Ministério do Meio Ambiente, a operação deve atender a cerca de 300 mil habitantes da região da hidrelétrica, que serão afetados direta ou indiretamente pela construção do empreendimento. A concessão da licença de instalação para o início das obras já começou a atrair novos moradores e, até o fim da construção, pelo menos 100 mil pessoas devem migrar para a região.

Em junho, o governo instalou na região a Casa do Governo Federal, para tentar melhorar o diálogo com as populações locais, que se manifestaram repetidamente contra a obra. A ideia, segundo o ministério, é manter uma instância do governo no local para acompanhar o cumprimento das condicionantes pelo consórcio responsável pelas obras e garantir a implementação do Plano de Desenvolvimento Regional do Xingu (PDRS), criado em outubro do ano passado. (mais…)

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Romaria no Araguaia termina com luta contra violações

Foto: Douglas Mansur

Terras indígenas, reforma agrária, machismo, racismo e barragens unem milhares de pessoas no Mato Grosso para reafirmar a memória de quem dedicou a vida a uma causa. A 5ª Romaria dos Mártires foi realizada nesse fim de semana, 15 e 16 de julho, em Ribeirão Cascalheira (MT).

Por: João Peres, Rede Brasil Atual

Ribeirão Cascalheira (MT) – Uma vela acende a outra, o fogo se multiplica por dois, por quatro, por oito, e logo são milhares as velas acesas nesta cidade do Araguaia. A fé move montanhas, mas velas não andam sozinhas: são muitos os romeiros vindos de outros estados da federação e de países da América do Sul e da Europa.

Na escuridão da noite, reinam as velas, uma imensidão a iluminar o caminho. Crianças, adolescentes, adultos, idosos são atraídos a cada cinco anos a Ribeirão Cascalheira, no Mato Grosso, para celebrar àqueles que entregaram a vida por uma causa. A Romaria dos Mártires da Caminhada não é uma celebração comum. “Não é uma festividade, não é um show. É uma memória martirial”, avisa Dom Pedro Casaldáliga, bispo que tornou famosa a Prelazia de São Félix do Araguaia ao defender ribeirinhos, indígenas, camponesas e todas as vítimas da opressão. (mais…)

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Documento Final da XXXVII Assembleia do Cimi Regional Mato Grosso

Reunidos em sua assembleia anual entre os dias 10 a 15 de julho em São Félix do Araguaia, MT, os missionários e as missionárias do Cimi Regional Mato Grosso refletiram sobre o tema “Testemunhas do Reino” em preparação à Romaria dos Mártires, assessorados pelo Pe. Francisco de Aquino Júnior.

Inspirados nos mártires que tombaram por causa da justiça e em defesa dos marginalizados, lançamos nossos olhares sobre os principais conflitos que atingem os povos indígenas em nosso Estado. Dentro deste contexto, destacamos situações que continuam martirizando os povos originários:

– a problemática dos territórios indígenas invadidos ou ainda por demarcar, dentre os quais a situação da terra dos Xavante de Marãiwatsédé é emblemática. Embora tenham retornado ao seu território tradicional em 2004, após nove meses acampados na beira da BR-158, ainda estão impedidos de tomar posse efetiva de sua terra, uma vez que ela continua invadida por grandes fazendeiros e uns poucos pequenos produtores rurais, o que demonstra um flagrante desrespeito aos direitos assegurados na Constituição Federal, que lhes garantem o usufruto exclusivo de seu território.  (mais…)

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Desmatamento Humano

Desmatamento Humano
RESTOS MORTAIS - Queimada em São Félix do Xingu (PA): cidade é uma das recordistas de incêndios criminosos na Amazônia. Foto: RODRIGO BALEIA/LATINCONTENT/GETTY IMAGES

Por Felipe Milanez

Na Amazônia brasileira, as áreas mais devastadas também são aquelas onde mais inocentes são assassinados

Em 24 de maio, um paradoxo amazônico chocou a opinião pública. Enquanto a Câmara dos Deputados preparava-se para votar uma nova legislação para a agricultura no Brasil – o Código Florestal, bastante criticado por incitar a devastação na Amazônia e conceder anistia aos desmatadores -, um casal de ambientalistas, que vivia da extração de castanhas, era assassinado dentro do assentamento onde vivia, no Pará. Quando a notícia foi lida na Plenária da Câmara, pelo deputado Sarney Filho (PV), a bancada ruralista – que pleiteava a votação imediata do novo código – viu o anúncio da morte como uma afronta. José Cláudio Ribeiro da Silva e a esposa, Maria do Espírito Santo, foram mortos por pistoleiros que chegaram a cortar um pedaço da orelha direita de José Cláudio para provar o serviço, pago, segundo suspeitas, por um fazendeiro e, talvez, em consórcio de madeireiros. Indignados com a denúncia, que consideraram inoportuna, alguns deputados vaiaram Sarney Filho. José Cláudio, por sinal, dizia que era ameaçado de morte por madeireiros. Ele também era contrário ao Código Florestal.

Dias depois, o trabalhador rural Erivelton Pereira dos Santos, que vivia no mesmo assentamento – Praia Alta Piranheira, em Nova Ipixuna – também foi assassinado. No dia seguinte, em Rondônia, no outro extremo da Amazônia, Adelino Ramos, líder camponês que havia sobrevivido ao massacre de Corumbiara, de 1995, foi morto diante da família. Mais dois assassinatos ocorreriam no Pará nas semanas seguintes. (mais…)

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A cartografia insurreccional anti-esclavagista e essencialmente angolana

Simão Souindoula*

Verdadeiro tijolo de 1033 páginas, Tarvísio José Martins acaba de reeditar, no Brasil, a obra “Quilombo do Campo Grande. A História de Minas que se devolve ao povo”, numa versão revista, publicada recentemente pela editora Santa Clara, em Contagem. O estudo do tenaz advogado-historiador, de vénia, meio enciclopédica, se estala numa quinzena de capítulos, nos quais ele sublinha, nomeadamente, com força de detalhes, baseado em fontes de arquivos, mas igualmente bibliográficas, a importância da região depois da descoberta de jazigos de ouro, em 1692, e a grande correria que se seguiu – visão mercantilista obriga! – acompanhada da indispensável colocação de milhares de escravos africanos.

O século XVIII será, portanto, o grande século de Minas Gerais, com um processo de povoamento maioritariamente bantu. Estes constituirão 60 por cento da população da região. Os arquivos da Câmara Vila Rica registaram, entre 1718 e 1720, a chegada de benguelas, congos, angolas, moçambiques e monjolos. Na realidade, donos da Colónia de Angola, os portugueses introduzirão uma mão-de-obra forçada para o Brasil, processo que se intensifica à medida do desenvolvimento da colonização do imenso território. É assim que quase a metade dos 40.000 cativos desembarcados no Rio de Janeiro, entre 1731 e 1735, são angolas. O autor estima, baseando-se em várias fontes, que entre os séculos XVIII e XIX, mais de um milhão de angolas que foram introduzidos no Brasil. Isso terá diversas consequências na sociedade. Os relatórios de campanhas militares indicam a forte implicação dos atu nas sublevações. (mais…)

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Somalis são perseguidos pela miséria enquanto tentam fugir da fome

As pessoas começaram a andar com dificuldade ao amanhecer, mais de mil a cada dia, exaustas, doentes e famintas, se materializando do ar do deserto para ocupar seus lugares nos portões do maior campo de refugiados do mundo, aqui no norte do Quênia. Elas estão fugindo de uma das piores secas na Somália em 60 anos e muitas caminharam por semanas, em meio a uma paisagem anárquica, repleta de bandidos e militantes, mas pouca comida.

Quando chegam aqui, muitas mal conseguem permanecer em pé, conversar ou engolir. Algumas mães até mesmo chegam com os corpos murchos de bebês amarrados em suas costas. A reportagem é de Jeffrey Gettleman, publicada pelo jornal The New York Times e reproduzida pelo Portal Uol, 18-07-2011.

Abdio Ali Elmoi agarra seu filho, Mustapha, cujos olhos estão fechando. Seu rosto está marcado pelo pesar. Ela já perdeu três filhos para a “gaajo”, ou fome, uma palavra comum por aqui. “Eu caminhei o dia todo e a noite toda”, ela sussurrou, mal conseguindo falar. “De onde venho, não há comida.”

A Somália está novamente vertendo miséria por suas fronteiras e novamente as ações humanas estão agravando ainda mais este desastre natural. (mais…)

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