Estudantes italianos visitam quilombos do Vale do Ribeira (SP) para conhecer patrimônio gastronômico

Eles vieram da região italiana do Piemonte para aprofundar seus conhecimentos sobre a cultura alimentar dos quilombos de São Pedro (Eldorado) e Mandira (Cananéia). A visita também serviu como treinamento para as comunidades que integram o Circuito Quilombola de Turismo.

De 1º a 6 de junho, um grupo de oito estudantes do terceiro ano do curso de Ciências Gastronômicas da Universidade de Ciências Gastronômicas de Pollenzo (UniSG), acompanhado por três professores de antropologia (Piercarlo Grimaldi, Artoni e Davide Porporato) teve a oportunidade de vivenciar o cotidiano e as tradições das comunidades quilombolas São Pedro e Mandira, no Vale do Ribeira (região sul do Estado de São Paulo). Foi também um treinamento para os quilombos que integram o Circuito Quilombola de Turismo, projeto que o ISA desenvolve na região em parceria com as comunidades quilombolas e com apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário e Ministério do Turismo.

Acompanharam o grupo o tradutor Rocco Belletti e a pesquisadora da Universidade de São Paulo, Lucia Chamlian Munari. Ambos colaboraram na organização e realização das atividades nas comunidades e auxiliaram nas traduções do italiano para o português, do inglês para o português e vice-versa, fazendo com que todos se entendessem. (mais…)

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Terras estão mais concentradas e improdutivas no Brasil

Dados do cadastro de imóveis do Incra, levantados a partir da auto-declaração dos proprietários de terras, apontam que aumentou a concentração da terra e a improdutividade entre 2003 e 2010 (veja tabela no final do texto).

Atualmente, 130 mil proprietários de terras concentram 318 milhões de hectares. Em 2003, eram 112 mil proprietários com 215 milhões de hectares. Mais de 100 milhões de hectares passaram para o controle de latifundiários, que controlam em média mais de 2.400 hectares.

Os dados demonstram também que o registro de áreas improdutivas cresceu mais do que das áreas produtivas, o que aponta para a ampliação das áreas que descumprem a função social. O aumento do número de imóveis e de hectares são sinais de que mais proprietários entraram no cadastro no Incra. (mais…)

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TRF da 1ª Região liberta indígenas Tupinambá agredidos em ação da Polícia Federal na Bahia

O Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF) concedeu, ontem (20), liberdade aos indígenas do povo Tupinambá Estanislau Luiz Cunha e Nerivaldo Nascimento Silva, presos durante ação da Polícia Federal no Areal Aliança, em abril deste ano. O empreendimento, que explora areia no perímetro da área já identificada pela Fundação Nacional do Índio (Funai) como sendo de ocupação tradicional do povo Tupinambá, está localizado em Olivença, distrito de Ilhéus (BA).

Durante a ação, Nerivaldo foi baleado na perna direita, um pouco abaixo do joelho. Dias depois, Nerivaldo teve a perna amputada. A Equipe do Cimi na região havia alertado da necessidade de atendimento específico a Nerivaldo, sob o risco de a amputação ser necessária, alguns dias antes do procedimento ter se tornado obrigatório. Já Estanislau, portador de epilepsia e, que consequentemente estar medicado em permanência, teve acompanhamento no presídio. (mais…)

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Código Florestal: Vitória de Pirro em 24 de maio, artigo de José Eli da Veiga

Para expandir atividades agro-silvo-pastoris, não há país com folga sequer comparável à do Brasil. Enquanto as melhores projeções indicam que em 2030 o conjunto dessas atividades demandará uma área total de 276 milhões hectares (ha), as análises de aptidão indicam a disponibilidade de 420 milhões ha. Melhor ainda é constatar que a parte com vocação para lavouras é o quíntuplo da que está sendo usada para tal fim: 300 x 60 milhões ha.

Bastam essas duas comparações para concluir que simplesmente inexiste gargalo macroeconômico que possa justificar o fuzuê que vem sendo armado para mudar regras e critérios requeridos pelo Código Florestal para que haja sensata conservação ecossistêmica.

É claro que vários aspectos dessa obsoleta lei precisam ser sintonizados aos avanços científico-tecnológicos que tornaram factíveis rápidos zoneamentos ecológico-econômicos. Mas a tais dispositivos não foi dada nem ínfima atenção no substitutivo ao PL 1879/99, atabalhoadamente aprovado por 410 deputados federais em 24 de maio 2011. Se a questão fosse adaptar o Código a uma visão voltada para o futuro macroeconômico do Brasil, ela certamente não teria posto o Ministério da Agricultura em rota de colisão com os ministérios do Meio Ambiente e do Desenvolvimento Agrário. (mais…)

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Conflitos no campo: violência do agronegócio, conivência do Estado

Thiago Valentim*

Temos acompanhado perplexos, tristes e indignados, nas últimas semanas, a barbárie causada por fazendeiros e madeireiros, fieis escudeiros do agronegócio: o assassinato de lideranças extrativistas e trabalhadores rurais. Este triste fato traz à tona novamente o que já sabemos há muito tempo: a impossível conciliação entre o modelo de desenvolvimento capitalista, representado no campo pelo agronegócio, e as práticas milenares dos pequenos camponeses e dos povos tradicionais de viver na terra e produzir, ou seja, a agricultura familiar camponesa. O grande problema é que o agronegócio usa todas as estratégias possíveis para se sobrepor ao modo de vida e produção do campesinato, ou seja, cooptação de lideranças, aprovação de leis que favorecem o desmatamento e protegem os desmatadores, a exemplo das mudanças no código florestal, perseguição a lideranças comunitárias camponesas, tomada das terras de trabalhadores rurais, entre outras.

O que nos entristece e revolta mais ainda é que o agronegócio é um ramo estratégico do governo, mesmo com todos os conflitos que gera no campo. As possibilidades de expansão e os incentivos e isenções fiscais dados pelo governo a empresas nacionais e multinacionais do agronegócio demonstra que nós, os pobres, continuaremos reféns do capital nacional e internacional e dos interesses de quem pensa apenas em produzir em larga escala, para obter lucros exorbitantes, enquanto permaneceremos na miséria e sem garantia dos direitos básicos. Isso questiona a democracia que temos e a soberania que queremos, tornando-as um horizonte cada vez mais distante. Da mesma maneira como o governo federal assume o agronegócio como estratégico, deveria assumir também a investigação de todos estes crimes e a punição dos culpados e não o faz. Porém, esta é uma ação que deve ir para além da federalização dos casos, é preciso verdadeiras políticas públicas que promovam a vida dos povos do campo e das florestas e que coíbam a violência no campo e violação dos direitos humanos.

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