Ataque ao ônibus que transportava os estudantes aconteceu na noite de 3 de junho, no município de Miranda
Acadêmicos indígenas de Mato Grosso do Sul, reunidos entre 11 e 12 de junho, emitiram nota de repúdio ao atentado contra estudantes Terena da Terra Indígena Cachoeirinha, no município de Miranda, na noite do último dia 3. O ônibus que transporta os estudantes entre a escola e a aldeia foi atacado com pedras, que estouraram os vidros do veículo, e diversos objetos pegando fogo, numa clara tentativa de incendiá-lo.
No documento os estudantes prestam solidariedade aos parentes vítimas do atentado, além de cobrar que os culpados sejam prontamente responsabilizados pelo ataque. Eles lamentam ainda a posição de muitas figuras públicas e políticos, que em época de campanha eleitoral se dizem amigos dos indígenas, mas que sequer se pronunciam a favor destes quando destes acontecimentos. Leia abaixo manifesto:
Manifesto dos acadêmicos indígenas de MS em repúdio ao atentado contra estudantes da T.I. Cachoeirinha.
Nós acadêmicos indígenas, reunidos em Campo Grande, Mato Grosso do Sul, nos dias 11 e 12 de junho de 2011, viemos por meio deste manifesto prestar solidariedade aos nossos patrícios da aldeia Cachoeirinha, do município de Miranda, que foram vitimas de um atentado violento contra o ônibus que fazia o transporte dos estudantes entre a escola e a aldeia.
Esperamos que, prontamente, os culpados sejam responsabilizados e que este caso não seja mais um dos inúmeros episódios de violência contra indígenas que ficam impunes. Lamentamos, ainda, o silêncio e omissão de figuras públicas que em ano eleitoral se dizem amigos dos povos indígenas, porém sequer pronunciaram-se solidárias às vítimas e seus familiares.
Tais autoridades bastaram-se em acatar e propagar versões absurdas e mentirosas sobre a autoria do atentado. Em recente declaração do Governador em seminário do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), ficou explícito o total desrespeito com população indígena, ignorando que os índios deste estado têm sido usurpados de seus fundamentais direitos conquistados na Constituição Federal de 1988.
Sonhos e projetos de vida de cada um dos estudantes e de seus familiares tentaram ser destruídos de forma súbita e banal.
Tal atentado configura-se como terrorismo e resulta de uma intensa campanha contrária às reivindicações dos povos indígenas deste Estado.
Setores racistas da sociedade vêem os estudantes indígenas como uma ameaça à sua hegemonia econômica e cultural. Mas o que pretendemos com nossos estudos é construir espaços para alcançarmos – todas e todos, índios e não índios – a justiça social e a igualdade de direitos. Nós, estudantes indígenas, persistiremos sim! Com mais veemência, com mais garra, queremos ser ouvidos e vistos por toda a sociedade.
Campo Grande, 12 de junho de 2011
http://www.cimi.org.br/?system=news&action=read&id=5623&eid=352