A violência é um fenômeno histórico marcante do processo de ocupação e exploração da Amazônia desde o período colonial. As populações tradicionais, inicialmente os indígenas e depois os ribeirinhos, seringueiros, quilombolas, entre outros, sempre se sentiram ameaçadas por grupos econômicos nacionais e estrangeiros, interessados nas riquezas naturais da região.
O objeto da cobiça, que alimenta os recorrentes conflitos socioambientais, é a apropriação ilegal do território, especialmente dos ativos ambientais, e não apenas a propriedade da terra, como apontado por inúmeros trabalhos científicos sobre o tema. Foi assim no período colonial, com as chamadas “drogas dos sertões”, na corrida do ouro, nos dois ciclos da borracha, nos grandes projetos de cunho desenvolvimentista, e é o que ocorre no atual ciclo de exploração agropecuário.
Estudo divulgado recentemente pelo IBGE mostra que 32,1% da área desmatada na Amazônia até 2002 está abandonada, sem qualquer uso agropecuário ou florestal, mostrando que em mais de um terço dos desmatamentos, o motivo principal pode ser apenas a extração ilegal de madeiras nobres, deixando para trás imensas áreas completamente destruídas. (mais…)