CIMI/MS
Lideranças do povo Terena da Terra Indígena “Cachoeirinha”, município de Miranda (MS), denunciaram que anteontem, dia 3 de junho, por volta das 23h30, o ônibus escolar utilizado no transporte dos alunos que estudam na rede escolar no município de Miranda sofreu um ataque com pedras e tentativa de incêndio, no retorno à aldeia. Segundo os indígenas, o ataque ocorreu logo depois que o ônibus entrou na área indígena – 300 metros depois da rodovia.
Com cerca de 30 alunos, o veículo, num primeiro momento, foi cercado e pedras foram atiradas, estourando os seus vidros. Em seguida, objetos pegando fogo foram atirados contra o ônibus numa tentativa de incendiá-lo. O motorista, na tentativa de se salvar, conforme relatos de lideranças indígenas, abandonou o veículo ainda em movimento, enquanto os alunos tentavam sair pelas janelas quebradas.
Quatro alunos sofreram queimaduras, sendo que um deles foi levado para Campo Grande e está internado na Santa Casa. A Polícia de Miranda esteve no local e autorizou a remoção do veículo sem realizar nenhum tipo de perícia, de acordo com o testemunho dos indígenas.
Nesta manhã, lideranças da aldeia estiveram no distrito policial, em Miranda, para exigir investigações. Denunciam que a negligência policial é uma tentativa de criminalizar integrantes do povo ao sugerir como causas do atentado conflito interno da área. Objetos foram recolhidos pelas lideranças, deixados pelos agressores, como prova do material usado pelso agressores.
Há alguns dias, os alunos perceberam que uma moto, com dois ocupantes, rondava o ônibus no trajeto até a aldeia.
Ameaças
O povo Terena de Cachoeirinha possui várias de suas lideranças ameaçadas de morte devido a luta travada pela desintrusão de fazendeiros de suas terras tradicionais – já identificadas e declaradas pelo Governo Federal. É o caso de parte da fazenda Petrópolis, onde incide o ex-governador de Mato Grosso, Pedro Pedrossian, e da fazenda “Charqueada”, que recentemente teve parte de sua área retomada pelo povo Terena. Outras fazendas também incidem sobre a terra indígena.
Em abril passado, por conta das ameaças, a comunidade recebeu a visita da equipe técnica federal do Programa de Proteção de Defensores dos Direitos Humanos (PPDDH), da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República. Na ocasião, diversas denúncias foram feitas, sendo inclusive recomendada a inclusão de lideranças Terena no programa de proteção.
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