A história do povo baiano se relaciona diretamente com a vida e organização civilizatória dos povos africanos, e isso tem a ver com o processo pelo qual as diversas etnias foram submetidas, no que se refere à expansão marítima europeia, com o tráfico escravo de homens e mulheres para o continente americano.
Segundo Reis (2000), sabemos hoje que, apesar de sua longa vida no Brasil, a escravidão não existiu sem uma intensa resistência por parte dos negros escravizados, sendo muitas as formas de enfrentamento, desde a denominada resistência do dia-a-dia – sacarmos, roubos, sabotagens, assassinatos, suicídios, abortos – até aspectos menos visíveis, porém profundos, de uma ampla resistência cultural.
Essa construção se tornou responsável pela formação de uma sociedade fora da África, onde os costumes, valores, religião e identidade não se perderam 480 anos depois das longas travessias sobre o Atlântico. Com isso, a Bahia virou expoente e referencial na sustentabilidade da cultura africana no Brasil, tendo na cidade do Salvador a maior concentração de população negra no mundo fora do continente africano.