Luana Lourenço
Enviada Especial
Terra Indígena Raposa Serra do Sol (RR) – Na primeira visita à Terra Indígena Raposa Serra do Sol, em Roraima, o presidente Luiz Inácio Lula Silva recebeu hoje (19) presentes e homenagens por ter homologado a demarcação em área contínua da reserva em 2005, mas também foi cobrado a investir na melhoria das condições de vida dos 19 mil indígenas que vivem na área.
Durante cerimônia de comemoração de um ano da decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que confirmou a homologação de 2005, Lula se reuniu por cerca de uma hora com as lideranças indígenas das etnias Macuxi, Wapixana, Taurepang, Ingaricó e Patamona e ouviu reivindicações das comunidades.
“Me entregaram com uma mão um documento agradecendo e me entregaram com outra 20 documentos reivindicando. A gente começa a descobrir que os índios estão muito mais sabidos do que a gente pensa”, brincou o presidente, em discurso na comunidade do Maturuca, no coração da terra indígena, a mais de 300 quilômetros de Boa Vista.
Depois de conquistar a terra, os indígenas querem a garantia de recursos para que a produção das aldeias seja autossustentável. O coordenador-geral do Conselho Indígena de Roraima, Dionito José de Souza, lembrou o histórico da luta indígena pela área, que era ocupada por produtores rurais não índios e disse que a luta agora é pela dignidade dos povos da região.
“Trabalhamos muito tempo no silêncio e na paciência. É hora de dizer não à invasão, à escravidão da cachaça, do garimpeiro e da fome”. O tuxaua (cacique) da comunidade do Maturuca, Jacir José de Spuza, disse que os índios estão preparados para “participar ativamente do desenvolvimento do país”.
Lula afirmou que as demandas serão discutidas em uma reunião extraordinária da Comissão Nacional de Política Indigenista, marcada para maio, e prometeu voltar à Raposa Serra do Sol em setembro para fazer um balanço do que foi atendido. O presidente citou uma medida provisória enviada ao Congresso para criar a Secretaria Nacional de Saúde Indígena, que será diretamente subordinada ao Ministério da Saúde.
Lula também prometeu luz elétrica à comunidade do Maturuca, encravada em uma região de serras e de difícil acesso. Por causa da visita do presidente, foram instalados geradores na área temporariamente. “Já pedi para o Jucá [senador Romero Jucá (PMDB-RR, líder do governo no Senado] ligar para o governador e pedir para deixar essa luz aqui. E chegando em Brasília vou pedir para o ministro de Minas e Energia [Márcio Zimmermann] vir aqui para resolver esse problema. Já levamos energia elétrica a mais de 12 milhões de pessoas, com o Luz para Todos, e queremos levar para cada brasileiro”.
O presidente disse também que ainda há muito o que fazer pelos povos indígenas brasileiros a fim de compensar os 500 anos de exploração. “Por mais que a gente faça, sempre teremos muito mais a fazer, para recuperar o atraso a que vocês foram submetidos, de esquecimento. Nós haveremos de recuperar isso”.
Durante a cerimônia, Lula ganhou um cocar, que usou durante parte do tempo que esteve no local, recebeu uma defumação de pajés da comunidade, plantou uma árvore e tentou manusear um arco e flecha, sem muito sucesso.
O presidente almoçou com os indígenas e deixou a reserva em seguida, acompanhado dos ministros da Saúde, José Gomes Temporão, da Justiça, Luiz Paulo Barreto, da Cultura, Juca Ferreira, da Igualdade Racial, Eloi Araújo, da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, do presidente da Fundação Nacional do Índio, Márcio Meira, e do ministro do STF José Antonio Dias Toffoli.
Cerca de cinco mil pessoas participaram da festa, que termina amanhã (20) com o retorno dos indígenas a suas aldeias.
Edição: Aécio Amado
As informações são da Agência Brasil.