* Padre Dário
A Caravana Internacional dos Atingidos pela Vale continua sua caminhada através do Pará e Maranhão, chegando a Açailândia.
Em cada etapa centenas de pessoas encontradas, mas sempre a mesma atenção para as pessoas, suas historias e seus nomes. Os nomes concentram em si a identidade, o passado e os sonhos de pessoas e territórios.
É engraçada, nesse sentido, a decepção do membro canadense da caravana: esperou uma semana para chegar a Açailândia e tomar sorvete de açaí… mas descobriu que o assalto às terras da região pelas empresas e o latifúndio despejou há tempo os açaís centenas de quilômetros adentro!
Ou a surpresa dos moçambicanos ao saber que Pequiá não é mais o nome da árvore bonita que tinham encontrado no Pará: agora, aqui, é simplesmente o acrônimo de “PEtrol-QUímico Açailândia”!
Assim, as terras e as pessoas mudam seus nomes pela violenta influência desse modelo de desenvolvimento.
Aliás: precisaria esclarecer também o sentido de expressões como “desenvolvimento sustentável”, “progresso”, “crescimento”. Para alguns poucos essas palavras têm extremo valor, para muitos têm somente conseqüências e efeitos colaterais.
Em Açailândia o efeito colateral do progresso é poluição, exclusão de centenas de famílias cercadas pelas firmas e cobertas de poeira (“o negócio é pó, meu irmão!”), monocultura de eucalipto que expulsa as famílias do campo… (mais…)