Além de alarmante, o número de 2011 teve um acréscimo de 40% em relação ao ano anterior, quando 60 outras crianças foram a óbito
Joanice de Deus, da Reportagem
Em 2011, 89 crianças indígenas de até quatro anos morreram, vítimas de desnutrição e falta de condições sanitárias em Mato Grosso. Mortes que poderiam ter sido evitadas se houvesse um melhor acompanhamento do poder público. O entendimento é do deputado Percival Muniz (PPS), que em sessão realizada na última terça-feira (14) sugeriu que a Assembléia Legislativa realize uma audiência pública para apurar responsabilidades e cobrar ações de prevenção e combate à mortalidade infantil nas comunidades indígenas.
“O Estado não pode aceitar, passivamente, que isso continue, pois mancha a imagem do Estado e envergonha a todos”, disse. O número de vítimas faz parte de um relatório da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Ministério da Saúde (MS).
Conforme o deputado, o documento mostra que os óbitos teriam ocorrido na comunidade Xavantes, próximo ao município de Campinápolis (658 quilômetros ao Oeste de Cuiabá). Em 2010, a falta de assistência teria causado a morte de 60 crianças indígenas. “De um ano para o outro o aumento foi de mais de 40%”.
O deputado lembrou que o Estado tem uma população indígena relativamente pequena, que deve ser tratada com mais respeito e que precisa de apoio para que as mortes por desnutrição, falta de condições sanitárias e de assistência na área de saúde sejam evitadas.
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Saúde (MS) garantiu que houve redução de 68% nos óbitos de janeiro a dezembro de 2011 entre crianças na faixa etária de zero a quatro anos. O número caiu de 19 (janeiro) para seis (dezembro), totalizando os 89 óbitos desta faixa etária.
O órgão federal, porém, não tem dados comparativos de 2010, visto que a Sesai assumiu a gestão da Saúde indígena em 19 de outubro de 2010. “Mas há redução gradativa no número de óbitos”, reforçou. A causa das mortes, segundo o ministério, em mais da metade teve como causa doenças do aparelho respiratório (25) e endócrinas (23).
Conforme o MS, a queda é resultado do aumento da vigilância epidemiológica constante que começou no Distrito Sanitário Indígena (Dsei) Xavante desde que assumiu a gestão da saúde indígena, inclusive com a contratação de 143 profissionais de saúde, entre médicos, enfermeiros, nutricionistas, dentistas, agentes indígenas de saúde e saneamento.
Com relação ao atendimento, os casos que não podem ser resolvidos nos pólos-base espalhados nas aldeias são encaminhados pelas equipes aos municípios de referência ou para as Casas de Saúde Indígena (Casai) de Aragarças ou Campinápolis. Em 2011, foram realizados 3.321 atendimentos nas duas Casais, além de 4.638 na rede SUS (Sistema Único de Saúde).
No Estado, há cerca de 20 mil xavantes, distribuídos em nove terras indígenas. Muniz sugeriu ainda que a Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Amparo à Criança, ao Adolescente e ao Idoso, juntamente com outros deputados, faça uma visita às comunidades indígenas para verificar in loco a situação em que se encontram. (Com assessorias)
http://www.diariodecuiaba.com.br/detalhe.php?cod=407125