Duas mulheres teriam sido forçadas a praticar sexo oral em policiais no dia da reintegração de posse. Denúncia foi feita pelo senador Eduardo Suplicy
Por: Letícia Cruz, Rede Brasil Atual
São Paulo – Duas moradoras do Campo dos Alemães, em São José dos Campos, relataram à perícia técnica, na última segunda-feira (6), a situação de abuso sexual que teriam sofrido durante a ação policial na reintegração de posse do terreno do Pinheirinho, próximo ao bairro. As denúncias foram feitas na semana passada pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP) e dão conta de violência sexual por parte de policiais da Rota desde as 23h40 de 22 de janeiro até as 4 do dia 23. Roupas íntimas e objetos foram recolhidos pela perícia.
Em entrevista à Rede Brasil Atual, Suplicy afirmou ter solicitado à família que preservasse a casa da forma em que estava no dia da ação policial, até que o local fosse periciado. “Eles relataram ontem, perante as autoridades, tudo o que aconteceu naquele dia em detalhes. Foram quase seis horas de apuração”, contou o senador. A denúncia foi recebida pelo senador por meio de representantes do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos à Pessoa Humana (Condepe), e foi enviada ao Ministério Público Estadual, que apura o caso. Pelo menos 12 policiais militares são acusados de participar das agressões.
A invasão do local pelos policiais teria acontecido quando a família estava se preparando para jantar. Havia sete pessoas na casa naquele dia, de acordo com os relatos. De pronto, os moradores contam ter sido obrigados pelos PMs a entregar supostos lotes de drogas. Um dos moradores, um idoso de 87 anos, teve de levantar da cama sem vestimentas adequadas, sendo supostamente agredido. Duas mulheres afirmam ter sido forçadas a tirar suas roupas e a fazer sexo oral nos PMs. Eles teriam consumido os alimentos e saqueado objetos de valor.
Outro relato revela que um adolescente de 17 anos teria sofrido abuso sexual com um cabo de vassoura untado de creme e talco, repetidamente. O menor de idade estaria preso no momento. “As meninas nos contaram muito abaladas que foram obrigadas a se dirigir ao quarto, sendo puxadas pelo pescoço por dois policiais. Eles também ameaçaram abusar das moças com o cabo de vassoura. Isso foi por um longo tempo”, contou o senador. Ele pediu, em discurso no plenário na última sexta-feira (3), providências a autoridades e ao governador Geraldo Alckmin (PSDB).
Estavam presentes na perícia o delegado José Henrique de Paula Ramos, do 3º DP de São José dos Campos, e o promotor de Justiça Laerte Levai. O comandante-geral da Polícia Militar de São Paulo, coronel Álvaro Camilo, teria sido convidado, segundo o senador, mas não compareceu à coleta de relatos.
A Corregedoria da Polícia Militar de São Paulo afirmou que a corporação abriu investigação dos PMs envolvidos nas denúncias. O coronel Camilo disse em entrevista coletiva na última sexta que não acredita nas denúncias por causa de supostas inconsistências entre as denúncias apresentadas por Suplicy e a versão dada pelos policiais. Ao jornal Folha de S. Paulo, Camilo afirmou que as acusações seriam tentativa de “difamar” a imagem da corporação.
Audiência no Senado
A reintegração de posse do Pinheirinho será discutida em audiência no Senado. Os senadores Eduardo Suplicy e Paulo Paim (PT-RS) apresentaram requerimento para a audiência à Comissão de Direitos Humanos, que aprovou a discussão. Eles querem que medidas sejam adotadas pelas autoridades competentes. Inicialmente prevista para esta quarta-feira (8), a audiência foi adiada para a próxima semana, ainda sem data confirmada.
Entre os convidados estão o prefeito de São José, Eduardo Cury (PSDB), o coronel da PM Álvaro Camilo e a juíza da 6ª Vara Cível de São José dos Campos, Márcia Faria Mathey Loureiro.
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