Sensibilizar e capacitar os profissionais que atuam na atenção à saúde indígena. Esse é o objetivo da “Oficina Nacional sobre Linhas de Cuidado Integral e Medicinas Tradicionais”, que acontece nesta segunda-feira (07), em Brasília, e prossegue até próxima sexta-feira (11). O evento reunirá mais de 200 pessoas entre lideranças indígenas de todo o país – como Davi Kopenawa Yanomami -, rezadeiras, parteiras, chefes da divisão de atenção à saúde e saneamento básico indígena, chefes das Casas de Saúde do Índio (Casais) e representantes do controle social.
Para o secretário Especial de Saúde Indígena, Antônio Alves, o evento será uma oportunidade de reunir as práticas do cuidado tradicional, como tratamentos por meio de plantas medicinais e pajés em integração com os profissionais que compõe as equipes de saúde. “Nós precisamos garantir, quando necessário e solicitado, que o pajé possa acompanhar o paciente indígena no hospital, integrando as práticas de saúde às ervas e orações tradicionais desses povos”, destacou.
De acordo com a diretora do Departamento de Atenção à Saúde Indígena, Irânia Marques, o encontro visa à reorganização do modelo de atenção oferecido na rede de serviços que compõe o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, a partir da intersetorialidade entre o físico, emocional e mental. “Esse encontro será um marco na atenção à saúde dos índios brasileiros. Nós vamos organizar o cuidado para que atenda as especificidades éticas e sociais, em relação ao corpo e a mente”, afirmou.
Durante o encontro, os participantes serão estimulados a reelaborar conhecimentos existentes a partir das experiências relacionadas ao contexto intercultural, através do trabalho coletivo, dinâmicas de grupo, produção e compartilhamento de conhecimento e práticas, levando em consideração a realidade de vida e de trabalho desses povos. “Nós temos diversos relatos em que quando o líder espiritual entra em ação, paralelo ao tratamento médico, consegue-se minimizar o sofrimento do paciente indígena”, afirmou.
Fazem parte da programação pedagógica do evento os seguintes temas: A política de saúde indígena; o SUS e os DSEI; As linhas de cuidado integral em saúde; O trabalhador coletivo no contexto da saúde indígena; Atenção diferenciada e a saúde indígena; Organização do processo de trabalho; A doença como processo sócio-cultural; Itinerários terapêuticos e a coexistência de sistemas de cura; Saberes e práticas tradicionais de saúde; Ética, etnocentrismo e preconceito e Planejamento participativo.
Ainda de acordo com a diretora, a ideia é que após esta oficina nacional sejam realizadas outras oficinas regionais sobre o mesmo tema, “para que haja uma participação ainda mais ampliada dos profissionais de cada DSEI e do indígena lá da ponta”, afirmou.
Medicina Tradicional: Para os primeiros habitantes do Brasil, os índios, o tratamento e a cura de doenças são feitos por meio da “pajelança”, que é um termo genérico aplicado às diversas manifestações religiosas dos mais de 220 povos indígenas brasileiros. O termo refere-se aos rituais nos quais um pajé ou xamã entra em contato com entidades (espíritos, animais, forças da natureza, entre outros), para resolver problemas que acometem pessoas ou coletividades. Segundo a crença dos indígenas, esses poderes podem ser usados para curar doenças como também para provocá-las, razão pela qual é comum atribuir a origem de doenças aos feitiços.
Oficina Nacional sobre Linhas de Cuidado Integral e Medicinas Tradicionais Local: SGAS 902 – Bloco C, Brasília-DF – Centro de Eventos e Treinamentos (CET/CNTC)Horário: 9h-18 horas
http://www.blog.saude.gov.br/ministerio-discute-tradicao-e-saude-com-liderancas-indigenas/