Teria sido uma solenidade asséptica — como todos os espaços que o governo tem criado para falar sobre Belo Monte -, não fossem mais uma vez os indígenas, agricultores, ribeirinhos e movimentos sociais de Altamira e região. As populações contrárias à construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte acordaram cedo para protestar durante a instalação do Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional do Xingu (PDRS Xingu).
O Plano, que anteriormente fora recusado pelas organizações sociais da região, segue polêmico. “Nem a composição do Comitê e muito menos a criação do PDRS Xingu foram debatidos com a população e as organizações da região. Indígenas denunciam nomeações ilegais para o Comitê, todo o processo é irregular”, explica a coordenadora do MXVPS , Antonia Melo.
O representante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Moises Costa, entregou uma amostra de como a água do rio Xingu ficará após a construção da barragem. “Esse é o resultado da exploração que o capital realiza nos territórios. O Comitê é um teatro “, disse. “Nós já denunciamos antes, e havíamos decidido não participar.
Mas agora eles foram ainda mais longe: simplesmente falsificaram as nomeações indígenas”, denuncia a liderança indígena da Aldeia Boa Vista, Sheyla Juruna. Enquanto o representante da Casa Civil na mesa elogiava o espetáculo democrático do Comitê Gestor, latifundiários e madeireiros na plateia gritavam palavras de ordem racistas e ameaçadoras.
Fonte: MídiaLivre