A Crítica – Representantes da Comissão Nacional da Verdade foram ao distrito de Taunay, localizado em Aquidauana, para ouvir depoimentos de índios que sofreram violência no período do Regime Militar.
Após 36 anos, o índio terena Onésimo Sobrinho quebrou o silêncio. Ele disse que sobreviveu a um atentado, porém, outros dois indígenas foram mortos a tiros. O suspeito era gerente de uma fazenda.
Mais de 50 índios de diferentes etnias já prestaram depoimento à Comissão Nacional da Verdade. Aproximadamente 30 casos são analisados no momento. No geral, violações de direitos humanos relacionadas à disputa pela terra entre os anos de 1946 e 1988. Os relatos das vítimas impressionaram os integrantes da comissão.
“Os militantes políticos sofreram mais violência durante a ditadura. Os indígenas não. Eles sofreram violência durante todo nosso período. Se a gente começasse em 1500, como o último depoente começou, e se a gente fosse até hoje, continuaria igual”, afirmou a psicanalista Maria Rita Kehl, que é integrante da comissão.
Essa é a quarta vez que a Comissão Nacional da Verdade ouve índios no estado. Quando os membros estiveram no estado no fim de 2013 e no começo de 2014, os indígenas relataram vários casos de violência na época da ditadura militar.
Segundo os índios, eles foram vítimas de perseguições, trabalhos forçados e estupros. Eles contaram ainda que foram retirados a força de suas terras, presos ilegalmente e até assassinados.
Após os depoimentos, será feito um relatório conclusivo dos trabalhos. O documento será entregue à Presidência da República, Ministério Público Federal e Biblioteca Nacional.
“Os documentos e depoimentos que vem à luz com a Comissão da Verdade fundamentam ações judiciais de reparação”, explicou Neimar Machado de Souza, doutor em educação da Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD).
O relatório da comissão deve ficar pronto em dezembro.