Suspeita é que mortes tenham sido causadas por rotavírus. Quatro equipes foram enviadas a campo para monitorar casos em aldeias.
Veriana Ribeiro, do G1 AC
Após a morte de seis crianças indígenas, das etnias Kulina e Kaxinawá, com suspeita de rotavírus, em Manoel Urbano e Santa Rosa do Purus, entre o final de agosto e o começo de setembro, o Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) iniciou, nesta sexta-feira (19), uma operação para monitorar os casos de diarreia e vômito em 44 aldeias nos arredores das cidades. Apesar da suspeitas de rotavírus, o órgão disse que não é possível confirmar ainda que essa seja a causa dos óbitos.
Ao todo quatro equipes vão se instalar em pontos estratégicos para atender as comunidades. Segundo a coordenadora do Dsei, Jiza Lopes, a previsão é que os agentes de saúde passem mais de 20 dias nas comunidades indígenas para monitorar casos, realizar atendimentos e fazer uma análise da situação de saúde das crianças nas comunidades.
“Cada equipe vai montar um acampamento e ficar com embarcações para dar suporte nas aldeias ao lado. Se for preciso fazer internação, estamos mandando barracas cedidas pelo Exército, caso precise internar alguém. Estamos indo com médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem”, explica.
Além dos óbitos, no hospital de Santa Rosa do Purus foram realizados teste rápidos de rotavírus em dez crianças com sintomas de vômito e diarreia, metade apresentou resultado positivo. Lopes ressalta que não é possível dizer ainda que existem casos confirmados, porque é necessário antes realizar análises laboratoriais. As cinco crianças tiveram os sintomas tratados e já receberam alta.
“Estamos querendo conter essas diarreias, porque se for rotavírus não existe medicamentos específico para isso, temos que hidratar essas crianças. Por isso estamos em campo, para fazer uma análise geral, em cinco dias teremos um levantamento de todas as equipes para saber qual é a real situação das aldeias”, disse Lopes.
Além da Sesai e representantes do governo, os agentes contarão com o apoio de Exército Brasileiro para adentrar na aldeias. A equipe leva material médico-hospitalar e insumos.
Entenda o Caso
Seis crianças indígenas, com idades entre 11 meses e cinco anos, morreram em dois municípios do Acre em menos de um mês, sendo duas de Manoel Urbano e quatro de Santa Rosa do Purus. As crianças apresentavam sintomas como diarreia e vômito. Das seis crianças que morreram, três não foram atendidas no hospital, porque os pais se recusaram a levar as crianças até a cidade para serem medicadas.
Os óbitos ainda não são confirmados como sendo rotavírus e os testes feitos no município estão sendo encaminhados para a capital. Segundo a coordenadora do Dsei, todo ano há casos de epidemia de diarreia e vômito entre os indígenas, por conta da cheia das águas do Rio Acre.