Patrícia Scofield – Hoje em Dia
A obra traz documentos obtidos junto ao Serviço Nacional de Informações (SNI) e será lançada no dia 23 de maio, na Academia Mineira de Letras. No livro, Aníbal destaca como atuou para “convencer” o comandante da 4ª Infantaria Divisionária (ID-4), em Belo Horizonte, general Carlos Luís Guedes, a ocupar Brasília antes da saída de Jango do poder. Também narra os “serviços de informação e contrainformação” para os militares e para o ex-presidente Juscelino Kubitschek, de quem foi assessor. Durante o governo JK, ele dirigiu o Instituto Nacional de Imigração e Colonização. Hoje, preside o Instituto JK, na capital.
No primeiro mandato na Câmara dos Deputados, Aníbal iniciou o contato com militares a partir de contestação que fez em conferência do então deputado Leonel Brizola em BH. “Era o assunto que eu dominava, fui diretor de imigração e colonização e fiz um princípio de reforma agrária no país a pedido dos bispos. Fiz um aparte, levei cadeiradas e no hospital conheci o capitão Paulo Clementino, chefe do serviço de informação da ID-4”, conta. A partir daí, ganhou “cobertura” dos militares.
Pré-golpe
Segundo Aníbal, dias antes do golpe militar, em 1º de abril de 1964, JK ponderou que qualquer movimento que ocorresse – renúncia de Jango ou não – deveria ter “o mínimo de legalidade”. O então chefe do Itamaraty, Afonso Arinos, ex-ministro de Relações Exteriores, teria dito que “seria fundamental” ocupar Brasília para que o movimento militar tivesse reconhecimento internacional.
“Eu tinha que falar com o general Guedes sobre a ocupação de Brasília. Foi um estardalhaço. Ele disse: ‘Não, nem pensar, imagina a gente ir para Brasília e ficar com o ônus de arranjar mais combustível’. Depois ele acabou convencido pelo governador de Minas, Magalhães Pinto, pelo Afonso Arinos. É uma história que nunca foi contada”, diz.
Aníbal relata sua “missão clandestina”: ir a Brasília apurar quantos militares seriam deslocados para Minas, para depois se encontrar com as tropas que saíram de BH, sob o comando do coronel Dióscoro do Valle, a pedido do general Guedes.
Ele lembra que, depois de ter sido cassado, em 1968, ajudou a lançar Israel Pinheiro e que se aliou a Tancredo Neves, de quem foi vizinho em BH por 12 anos, para “fazer uma união em Minas contra a ditadura”.
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Enviada por José Carlos para Combate Racismo Ambiental.