Mayron Régis,
O bacuri que se desprende sozinho do galho do bacurizeiro não se desprende por acaso e nem fica ao léu. Ele se convenceu de que o melhor momento de sua existência vem com a queda. A queda do alto onde ele é quase inalcançável e é inexplicável O chão o amortece para que ele renasça sobre a Chapada.
A Chapada do Roncador, município de Buriti, amorteceu a queda de muitos bacuris que ficaram de pé graças aos homens e mulheres que por lá andavam para colher os ou comer a carne dos bacuris na Chapada. Os agricultores identificavam as Chapadas de Buriti com os bacurizeiros e com os pequizeiros. Numa mata cerrada fica difícil identifica-los de muito longe. A tia de Vanusa, moradora de Matinha, identificava-se com a Chapada do Roncador cacheada de bacurizeiros.
A Chapada do seu povoado não continha bacurizeiros, portanto os moradores se viam na obrigação de saírem do território deles para colherem bacuris na Chapada do Roncador que compunha o território das Carrancas, povoado vizinho a Matinha. A divisão de territórios nunca fez muito sentido nas Chapadas de Buriti, pois durante a safra de bacuri, as pessoas entravam e saiam dos territórios vizinhos sem se explicarem. Contudo, outro dia a tia de Vanusa se explicou. O Vicente de Paula, sogro da Vanusa, encontrou-a entre o mês de março e o mês de abril, o meio e o fim da safra do bacuri, na Chapada em frente a sua propriedade, procurando bacuri. Ela não segurou a tristeza.
A Chapada do Roncador fora desmatada para plantar soja e isso provocara nela uma angustia terrível que a impedia de passar perto do local do desmatamento.
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Imagem: Bacuri (Reprodução do site frutasdaterra.blogspot.com)