Oportunidade civilizatória à vista: estão surgindo condições para substituir selvas de cimento áridas, segregadas e competitivas, por espaços de afeto, compartilhamento e cuidado. Eleições espanholas sugerem caminho
Por María Eugenia R. Palop | Tradução Inês Castilho – Outras Palavras
A morfologia de nossas cidades mudou muito nos últimos anos. Devastadas tanto pela corrupção urbanística e pela bolha imobiliária quanto pela privatização do espaço público e fragmentação social, elas se debatem entre um mundo infame de espaços vazios e a bunkerização dos novos ricos em urbanizações fechadas e “seguras”. No emaranhado cinzento de estradas em movimento, rotatórias com esculturas horrendas, hipermercados, shopping centers e população encapsulada, as grandes construtoras criaram um lugar estranho que poderíamos chamar de não-cidade. Um buraco negro que impossibilita as relações urbanas, o diálogo e a gestão cidadã, e no qual os indivíduos são fundamentalmente eleitores e consumidores (se é que esses papeis podem ser diferenciados em nossa democracia de negócios), unidos por vínculos líquidos e instáveis. (mais…)
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