O ministro das Relações Exteriores da Bélgica, Didier Reynders, causou polêmica ao ser fotografado com o rosto pintado de preto durante um festival tradicional na capital do país, Bruxelas.
A ONG Human Rights Watch afirmou que Reynders deveria “se envergonhar” do episódio enquanto usuários criticaram fortemente a atitude do chanceler belga nas redes sociais.
A polêmica começou quando uma TV francesa divulgou as imagens de Reynders na parada.
O festival Noirauds (negros), também conhecido como “Zwarte” em holandês, acontece sempre no segundo sábado de março.
Em sua defesa, Reynders alegou que a tradição data de 1876 e que não entendia a razão da controvérsia.
O governo de Bruxelas informou em seu site que a tradição de se vestir de “nobres africanos” foi criada para salvar uma creche da falência.
Reynders, que publicou em seu blog fotos de si mesmo durante a parada no início desta semana, escreveu em sua página que o dinheiro arrecadado foi encaminhado diretamente para as crianças necessitadas, por meio de hospitais, escolas e farmácias.
“Nós nos vestimos desse modo para sermos notados e ao mesmo tempo permanecer anônimos”, explicou outro homem na rede de TV France 2.
Mas o correspondente da emissora em Bruxelas, François Beaudonnet, que cobria o evento, escreveu em sua conta do Twitter que o festival combinava “velho clichês coloniais junto com folclore e generosidade”.
Autoridades de Bruxelas ressaltaram que o rei Philippe da Bélgica também se fantasiou desse jeito para o festival quando era príncipe herdeiro.
No entanto, Andrew Stroehlein, da ONG Human Rights Watch, descreveu o traje do chanceler como “chocante e embaraçoso”, argumentando que a tradição e a caridade não poderiam justificar o racismo.
Stroehlein se questionou no Twitter se Reynders se vestiria da mesma maneira em um próximo encontro com líderes africanos.