Fotógrafo percorrerá 10 mil km entre MG e MA para retratar modo de vida de quilombolas, geraizeiros, ribeirinhos e colhedores de flores. Entre suas obras de destaque está ‘Retrato Escravo’, elaborado ao lado da OIT.
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O carioca João Roberto Ripper, renomado fotógrafo documental, está na estrada fazendo o que mais gosta, fotografando pequenos povoados no interior do país. Durante três meses ele percorrerá quase dez mil quilômetros de carro entre os estados de Minas Gerais e Maranhão documentando o cotidiano de populações que habitam florestas e beira de rios. Onze comunidades, onde vivem quilombolas, ribeirinhos, geraizeiros e colhedores de flores foram selecionadas.
Todas elas, compartilham um sentimento comum: a ambição pelo reconhecimento territorial e identitário. “Eu vou dar continuidade a um trabalho que venho fazendo há muitos anos. A proposta é focar no norte de Minas e em Alcântara, no Maranhão, mas indiretamente outras populações pobres do Brasil, com uma rica diversidade cultural, beneficiam-se, pois este é um projeto que atinge a solidariedade humana” afirma Ripper.
O projeto, intitulado Fotografando Povos Tradicionais está entre os contemplados pelo Prêmio Marc Ferrez de Fotografia, da Funarte. As primeiras imagens já podem ser vistas pelo público no blog e fan-page criados exclusivamente para acompanhar o deslocamento de Ripper.
Breve biografia
Aos 61 anos, João Roberto Ripper ocupa lugar de destaque entre os ícones da fotografia documental humanitária no Brasil e no mundo. Nos anos 90 trabalhou ao lado do Ministério Público e da Organização Internacional do Trabalho (OIT) denunciando focos de trabalho escravo em minas de carvão no interior do país e fotografou durante duas décadas a triste saga dos índios Guarani Kaiowá em busca de direitos básicos, como terra, saúde e alimentação.
Hoje, Ripper é visto como orquestrador de um novo olhar sob as favelas cariocas. Isto porque ele é um dos fundadores da Escola de Fotógrafos Populares que forma profissionais, prioritariamente moradores das comunidades que compõem o Complexo da Maré, na área da fotografia e jornalismo.
Nos últimos anos ele tem percorrido o Brasil e o mundo ministrando uma oficina intitulada Bem querer onde ensina os princípios da comunicação popular e fala sobre o método de trabalho que criou, a fotografia compartilhada, onde as pessoas fotografadas ajudam a editar o material final – podendo inclusive excluir fotografias dos arquivos brutos. J.R. Ripper tem dois livros lançados. O primeiro chama-se Imagens Humanas e o segundo Retrato Escravo, ambos podem ser folheados no site oficial do fotógrafo.
Blog Fotografando Povos Tradicionais
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Enviada para Combate Racismo Ambiental por Helen Santa Rosa.