Por Tereza Amaral, em Amazônia Legal em Foco
A suspensão do despejo da Terra Indígena Kurusu Ambá, cuja liminar de reintegração de posse contra o povo Guarani-Kaiowá foi derrubada pelo próprio presidente do STF, ministro Ricardo Lewandowsk – suspendeu provisoriamente, em caráter de urgência – ao que tudo indica enfureceu os fazendeiros do MS e sua entidade representativa (Famasul). Segundo informações enviadas a este Blog, o agronegócio deve descarregar sua fúria nas próximas horas sob forma de “disparos” de liminares com pedidos de despejos coletivo.
De acordo com a fonte que será mantida sob sigilo, estão previstas, num primeiro momento, ações contra as comunidades Arroyo Korá, Gwyra Kora, Limão Verde, Sombrerito e Kurusu Ambá, envolvendo em bloco três das nove etnias daquele estado: Guarani-Kaiowá, Guarani Nandeva e Terena. O tratoraço marcha em cima de centenas de famílias que vivem na Faixa de Gaza Indígena sob a mão (in)visível da mídia que parece desconhecer que o agrocrime mata pela fome, tiros de armas de fogo, atropelamentos propositais, voos rasantes de aviões jogando agrotóxicos nas aldeias, espancamentos e tortura sob um tecido esgarçado e manchado com o sangue indígena. E o que é pior: acobertando a impunidade dos poderosos donos das fazendas que incidem sobre as terras indígenas.
Mas a Resistência dignamente também marcha sustentada pela necessidade do maior de todos os direitos: o da vida que só lhes é possível em seus lugares sagrados (tekohas). Líderes dos Conselhos da Aty Guasu e do Povo Terena são incansáveis e lutam pacificamente – mesmo em condições desproporcionais – bravamente contra o novo genocídio: judiciário.
Eles contam com apoiadores de entidades como o Cimi, ISA, MPF, dentre outras, e da mídia alternativa. além de ativistas dos quatro cantos do mundo que ecoam o eco da sobrevivência.
Dessa forma, e incansáveis, estão conseguindo frear as perversas e sistemáticas ações de despejo. Isso sem falar que, cada vez mais, aumenta o número de simpatizantes da causa que atendem aos apelos feitos pela internet e quase que diariamente enviam e-mails para as autoridades do Brasil, solicitando a suspensão das medidas judiciais. Na rota inversa, o governo federal ainda insiste em não demarcar os tekohas.
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Leia sobre as comunidades que estão no alvo do agronegócio em Tekoha, página do MPF/MS.
Enviada para Combate Racismo Ambiental por Tereza Amaral.
Foto capturada do site do Ministério Público Federal no MS.