“Se as sementes morrem, a gente morre junto”

Agricultora Elisângela fez relato durante a oficina de planejamento do Programa Sementes do Semiárido que teve início em Pernambuco e reúne diversas organizações da ASA

ASA Brasil

Sementes da Vida, no Ceará; Sementes da Fartura, no Piauí; Sementes da Liberdade, em Sergipe; Sementes do Meu Avô, na Bahia; Sementes da Paixão, na Paraíba; Sementes da Gente, em Minas Gerais e Sementes Crioulas, em Pernambuco e no Rio Grande do Norte. Assim são conhecidas as sementes dos agricultores e agricultoras em todo Semiárido e que foram partilhadas na manhã de hoje, 09, em Gravatá (PE), durante a Oficina de Planejamento de Execução do Programa Sementes do Semiárido, da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA).

O encontro marca o início do projeto que implementará 640 casas de sementes em todo o Semiárido Brasileiro, que deve chegar a cerca de 12 mil famílias agricultoras da região. A ação conta com apoio do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), do Ministério de Desenvolvimento Agrário (MDA) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Participam do encontro integrantes das organizações que compõem a ASA e agricultoras e agricultores.

A atividade tem os objetivos de troca de experiências sobre a ação com sementes que as diversas agricultoras e os diversos agricultores e organizações da ASA já realizam nos estados. “Estamos aqui para aprofundar esse debate, conhecer o que já existe e entender a conjuntura e a legislação atual”, explicou o coordenador do programa Antonio Barbosa. O encontro teve início com uma mística de apresentação dos/as participantes e uma apresentação de como são chamadas as sementes crioulas por cada estado do Semiárido.

Em seguida, a agricultora Elisângela, de Minas Gerais, e os agricultores Zé Pequeno, da Paraíba, e João Batista, do Ceará, apresentaram suas experiências como “guardiões das sementes” e como seus estados têm se articulado para ações coletivas. Se Zé Pequeno trouxe sua experiência com casas de sementes, que já tem mais de 40 anos, na região do Polo da Borborema. Ele também integra a Rede de Bancos de Sementes Comunitários da Paraíba. “A Semente da Paixão é a nossa vida, ela é como o sangue em nossas veias. Sem ela o nosso corpo esmorece”, disse.

A agricultora Elisângela trouxe também a experiência da Rede de Agrobiodiversidade do Semiárido Mineiro. Ela pontuou como as agricultoras e agricultores sofrem constantes ameaças pela resistência do trabalho com as sementes crioulas. “As casas comunitárias têm contribuído para que a gente resista a grandes ameaças no Semiárido como os transgênicos e as mudanças climáticas. E ameaças vêm e nos levam a pensar de forma diferenciada os enfrentamentos necessários. Se as sementes morrem, a gente morre junto”, pontuou Elisângela.

João Batista trouxe um contexto histórico sobre as sementes crioulas no Ceará, lá as casas de sementes começaram a ser implementadas na década de 70. E que no ano de 1991, teve início a Rede de Intercâmbios de Sementes do estado. O agricultor também reforçou a importância das sementes na preservação da biodiversidade. “Com elas temos a preservação do patrimônio genético e a autonomia das pessoas, dos agricultores e agricultoras”.

O evento de planejamento do Programa de Sementes segue até a próxima quarta-feira, dia 11. E será encerrado com o evento de lançamento do programa com a presença de agricultores e agricultoras e da ministra Tereza Campelo, do MDS.

Imagem: Agricultoras e agricultores apresentaram suas experiências durante oficina. | Foto: Catarina de Angola/Acervo Asacom

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