
Reacesa esta semana, com divulgação geral dos salários, crise da universidade está ligada a esforço para manter elitismo, quando sociedade exige democratização
Por Ana Castro, do Retrato do Brasil, parceiro editorial de Outras Palavras
Neste ano, a Universidade de São Paulo (USP) completa 80 anos. A merecida comemoração da maior universidade brasileira, entretanto, tem ficado em segundo plano frente à crise que enfrenta ao menos desde maio, quando uma greve de professores, funcionários e alunos parou parte de seus cursos e a colocou diariamente nas páginas dos jornais, questionando a sua própria razão de ser. Se o encerramento da greve, em fins de setembro, resolveu questões mais imediatas, há temas e decisões ainda no ar que refletem o embate de divergentes pontos de vista a respeito do presente e do futuro da USP.
A história dessa crise mais recente começa em janeiro passado, quando Marco Antonio Zago tornou-se reitor da USP contando com forte adesão da comunidade acadêmica. Mais votado pelo Conselho Universitário, com 49% das indicações, e preferido pela comunidade uspiana, segundo consulta interna, Zago, oriundo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto, foi o primeiro colocado da lista tríplice enviada a Geraldo Alckmin, governador de São Paulo, encarregado de nomear os reitores das universidades estaduais. Em sua campanha, Zago preconizou o diálogo interno, convidando “professores, servidores e estudantes” a reconstruir, junto com a reitoria, “relações civilizadas, que implicam diálogo, confronto de ideias, discordância, pressões legítimas, mas jamais discórdia e recurso à força física; respeito àqueles que discordam de nós, capacidade de reformular nossas propostas, de ceder, de convencer”. Sua candidatura parecia se contrapor à gestão anterior, de João Grandino Rodas (da qual Zago fez parte), acusada de autoritarismo, centralização e privatismo. (mais…)
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